Coluna
Opinião

Rodolfo Amstalden: Sobre mitos e mitômanos

17 set 2018, 10:27 - atualizado em 17 set 2018, 10:27

Por Rodolfo Amstalden & Equipe

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Faltam ainda três semanas. É impressionante o espectro de coisas que podem acontecer em três semanas. Ativos baratos podem ficar caros. O real pode se vingar do dólar. Um pré de 12,25% pode virar 11,00%.

Em que se pesem vários cenários em aberto ainda, as últimas pesquisas vão gradativamente se afunilando para uma disputa mais específica entre Bolsonaro e Haddad.

Mesmo os outros candidatos começam a admitir isso implicitamente… e a reagir de acordo.

No Estadão de domingo, Persio Arida endureceu o discurso contra os dois primeiros. Quando perguntado se Bolsonaro é o maior risco, respondeu que “se Haddad de fato for o Lula, é um risco também”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas a manchete da entrevista ficou mesmo com Paulo Guedes, a quem Arida chamou de mitômano.

Ministros da Fazenda mitômanos acreditam ter algum poder, ou – muito pior – acreditam ter mais poder do que o presidente. Sua falácia é a da pretensa supremacia da economia sobre a política, e da técnica sobre a retórica.

Em todas as disputas relevantes entre economia e política, essa última saiu vitoriosa. Retórica também costuma dar um pau na técnica.

O ministro da Fazenda FHC pouco entendia de economia. Soube extrair o máximo capital político do Plano Real.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por outro lado, o também Chicago Boy Joaquim Levy sabe mais de economia do que Paulo Guedes, e tem longa experiência em vida pública. Ainda assim, nada pôde fazer para evitar o Fim do Brasil de Dilma Rousseff.

Não me baseio aqui em qualquer preferência eleitoral própria, não é minha função. Baseio-me apenas na preferência de infinitos outros que compõem a convenção do mercado.

Indo hoje pelo que o mercado acredita – o mercado se permite acreditar em mitos e mitômanos – imagino duas possíveis reversões à média.

Na primeira, investidores se empolgam inicialmente com Paulo Guedes eleito, mas, depois de uns meses, descobrem que elegeram Bolsonaro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na segunda, investidores fogem de pânico com a vitória do Haddad, que é de fato o Lula, mas depois de uns meses descobrem que Haddad é de fato o Haddad (assim como Dilma era de fato a Dilma).

Talvez, no fim das contas, reverteremos todos à mesmíssima média – seja pelo sobe e desce de Bolsonaro, seja pelo desce e sobe de Haddad.

O verdadeiro mito nacional é o de Macunaíma, o do herói sem nenhum caráter, o da valorização amoral que cabe aos ativos de risco tupiniquins.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Leia mais sobre:

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar