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Rolls-Royce pode retornar ao mercado de jatos de corpo estreito

05 dez 2020, 14:03 - atualizado em 03 dez 2020, 13:37
O foco da Rolls-Royce em aviões maiores ameaça afetar os lucros nos próximos anos, pois a demanda por viagens intercontinentais deve permanecer fraca (Imagem: Site/Rolls Royce)

A Rolls-Royce acredita que a crise de coronavírus pode abrir espaço para o desenvolvimento tecnologias essenciais de motores e uma possível reentrada no mercado de jatos de corpo estreito.

O segmento de aviões de grande porte no qual a Rolls-Royce se especializou foi atingido pela pandemia, mas a crise também deve criar uma janela antes que companhias aéreas sem dinheiro estejam prontas para investir em mudanças radicais, como na propulsão a hidrogênio, disse em entrevista o diretor de engenharia e tecnologia da Rolls-Royce, Simon Burr.

“A indústria passa por um pequeno hiato”, disse. “Queremos estar em uma posição que, quando alguém lançar um produto, tenhamos credibilidade, seja qual for o mercado. Não nos excluímos de nenhuma parte do mercado hoje, porque a evolução na década de 2020 pode ser realmente muito emocionante.”

O foco da Rolls-Royce em aviões maiores ameaça afetar os lucros nos próximos anos, pois a demanda por viagens intercontinentais deve permanecer fraca, mesmo depois da distribuição de uma vacina contra a Covid-19, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo.

Embora a empresa britânica esteja cortando milhares de empregos para sobreviver à crise, Burr disse que a Rolls-Royce tenta preservar talentos da engenharia para o futuro, transferindo profissionais para as divisões nuclear e de defesa.

A Rolls-Royce está em contato com a Airbus sobre novas possibilidades, e não descarta apresentar uma proposta para fornecer motores para um modelo movido a hidrogênio que a empresa de Toulouse pretende fabricar até 2035, disse Burr. Seria um modelo de corpo estreito com capacidade para até 200 pessoas.

Projetos

O principal projeto de desenvolvimento da Rolls-Royce atualmente é o motor a jato UltraFan, planejado como sucessor da série Trent que ajudou a transformar a empresa em uma força global.

Enquanto a família Trent serve apenas aviões de corpo largo, o UltraFan foi projetado para todo o espectro de aviões a jato.

Isso poderia incluir um modelo de corpo estreito com motor convencional em estudo pela Boeing para suceder o 737 Max. A Rolls-Royce, com sede em Londres, já teve conversas sobre o futuro avião, informou a Bloomberg em outubro.

Os testes em solo com o UltraFan começarão no fim do ano que vem, e o motor deve entrar em operação até o final da década, em vez de 2025 como previsto, pois a pandemia atrasou o desenvolvimento. Ainda assim, o lançamento pode ser acelerado se um cliente quiser a turbina antes, disse Burr.