Santander vê bomba demográfica na América Latina e faz alerta para essas ações
A América Latina está ficando velha antes de ficar rica — e isso terá consequências profundas na economia e nos mercados.
Segundo um relatório do Santander, a região vive um dos processos de envelhecimento mais acelerados do mundo: enquanto a Europa levou 56 anos para que a população acima de 65 anos passasse de 10% para 20%, a América Latina fará o mesmo em apenas 29 anos.
O que muda no consumo
O estudo aponta que, conforme a população envelhece, os hábitos de consumo mudam radicalmente.
Pessoas acima de 65 anos tendem a gastar mais com alimentação em casa, saúde, moradia e utilidades, e menos com educação, roupas, restaurantes, viagens e bebidas alcoólicas.
Entre os setores que devem se beneficiar, o Santander destaca:
- Supermercados como Assaí (ASAI3), GPA (PCAR3), Grupo Mateus (GMAT3);
- Varejo de eletrodomésticos e online, com Magazine Luiza (MGLU3) e Mercado Livre (MELI);
- Energia e utilidades públicas, beneficiadas pelo aumento do consumo doméstico.
Na ponta oposta, o envelhecimento populacional deve pressionar setores como:
- Educação Cogna (COGN3), Yduqs (YDUQ3) e Ânima (ANIM3);
- Moda e vestuário Lojas Renner (LREN3), Guararapes (GUAR3), C&A (CEAB3);
- Bebidas alcoólicas Ambev (ABEV3)
- Turismo e lazer, afetando empresas como CVC (CVCB3)
Setor de saúde deve liderar o crescimento
O relatório vê forte potencial de expansão para o setor de saúde, impulsionado pelo aumento da demanda por medicamentos, diagnósticos e tratamentos de doenças crônicas.
Entre as companhias mais bem posicionadas, o Santander cita Rede D’Or (RDOR3), Hypera (HYPE3), Raia Drogasil (RADL3), Pague Menos (PGMN3), Fleury (FLRY3), Oncoclínicas (ONCO3) e Smartfit (SMFT3).
O banco destaca, contudo, que empresas verticalizadas como Hapvida (HAPV3) podem ter um impacto misto: maior ocupação hospitalar, mas também elevação no uso de planos de saúde e nas despesas médicas.
Pressão fiscal e risco de “envelhecer na pobreza”
Com menos nascimentos e mais idosos, o custo social vai subir.
O Santander estima que as despesas com pensões, saúde e educação devem saltar de 12,8% para até 18,3% do PIB regional até 2045, puxadas pelos gastos previdenciários e com saúde.
Com baixa produtividade, alta informalidade e sistemas de seguridade fragmentados, a América Latina corre o risco de ficar velha antes de ficar rica.
“A região precisa aproveitar seu bônus demográfico — quando a maioria da população está em idade ativa — para acumular capital e investir em produtividade”, alerta o relatório.