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Se vingar, “carros voadores” podem gerar bilhões em receitas para a Embraer

24 jun 2021, 15:13 - atualizado em 24 jun 2021, 15:21
Embraer
Primeiro a empresa fechou parceria com a Helisul Aviation, operadora brasileira de helicópteros, que envolve um pedido de até 50 eVTOLs (Imagem: Embraer/Divulgação)

Aquilo que parecia peça de ficção pode se tornar realidade e gerar bilhões de dólares por ano: os “carros voadores”, como ficaram conhecidos os eVTOLs que a Embraer (EMBR3) está projetando, ganham fôlego e acumulam cerca de 300 pedidos até o momento.

Nas últimas semanas, uma série de notícias em relação ao novo meio de transporte viraram manchete nos jornais.

Primeiro, a empresa fechou parceria com a Helisul Aviation, operadora brasileira de helicópteros, que envolve um pedido de até 50 eVTOLs com entregas previstas a partir de 2026.

Depois, a companhia iniciou as discussões para uma eventual combinação de negócios com uma empresa de propósito específico de capital aberto nos Estados Unidos, a Zanite, o que abriria espaço para um IPO (Oferta Pública de Ações, em português).

Mais cedo, a empresa anunciou que irá disponibilizar nos Estados Unidos até 60 veículos elétricos de decolagem e pouso vertical (eVTOL).

“A forma pelo qual a parceria se dará, com a Eve sendo remunerada por horas de voo mostra que, num primeiro momento, a estratégia da empresa passa pelo ganho de market share em estratégicos pontos globais, como os EUA”, pontua o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.

Concreto ou não, a Eve tem sido suficiente para analistas voltarem a recomendar a compra dos papéis da fabricante brasileira após a crise que se abateu no setor aéreo por conta da Covid.

Com as notícias, as ações da Embraer já dispararam 125% no ano.

Para o Itaú BBA, que iniciou a cobertura das ADRs da companhia com recomendação de compra, a nova unidade de negócios da Embraer já deixou de ser mera especulação.

“Independentemente do estágio ainda prematuro do atual ecossistema de mobilidade aérea urbana, tem havido uma aceleração significativa dos investimentos nos projetos de eVTOLs de todos os tipos de players do mercado”, apontam os analistas Thais Cascello, Gabriel Rezende, Luiz Capistrano e Mateus Raffaelli.

Empresas como Toyota, Uber, Intel, Fidelity, Blackrock, United Airlines, American Airlines, Microsoft, Rolls-Royce, Stellantis, Exor, Mubadala, Ken Moelis e Tencent já iniciaram as pesquisas para projetos de “carros voadores”.

Além disso, a equipe de analistas lembra que as empresas Joby Aviation, Archer, Lilium e Vertica, que também trabalham com o projeto, estão próximas de abrir o capital, avaliadas em US$ 6,6 bilhões, US$ 3,8 bilhões, US$ 3,3 bilhões e US$ 2,2 bilhões, respectivamente, em 2021.

“Apesar dos desafios associados ao desenvolvimento, certificação, regulamentação, produção, pós-venda, operações e aceitação (uma lista parcial de pontos a serem monitorados), as avaliações implícitas refletem perspectivas brilhantes, ou pelo menos promissoras, para o mercado eVTOL”, apontam.

Eve Urban Air Mobility (Eve)
A consultoria Roland Berger prevê que até 2050, os eVTOLs estarão operando em 100 cidades em todo o mundo, principalmente como táxis aéreos (Imagem: Reprodução/Embraer)

Mas afinal, quanto vale esse mercado?

Segundo o CEO da Eve, o mercado eVTOL deve atingir uma receita de US$ 200 bilhões até 2035, compreendendo 50 mil eVTOLs e um total de 3 bilhões de passageiros transportados.

A consultoria Roland Berger prevê que até 2050, os eVTOLs estarão operando em 100 cidades em todo o mundo, principalmente como táxis aéreos, mas com desempenho de voos intermunicipais e serviços de transporte para aeroportos.

“Se assumirmos que cada uma dessas aeronaves é capaz de gerar US$ 2,5 milhões em receitas por ano (algo semelhante às projeções feitas por Joby e Archer), o tamanho total do mercado poderia chegar a US$ 70 bilhões em 2035 e US$ 245 bilhões em 2050”, argumentam.

Longo caminho pela frente

Mesmo com as notícias animadoras, a equipe de analistas aponta que há um longo caminho a percorrer, incluindo vários desafios que enfrentará.

“No entanto, há alguns motivos que justificam nossa crença de que já podemos começar a precificá-lo: i) os recentes anúncios de parcerias e um total de 250 pedidos; ii) o know-how da Embraer em projeto, teste, produção em larga escala e certificação de aeronaves; iii) economia eVTOL atraente; iv) o considerável mercado potencial endereçável para eVTOLs, que é aparentemente é substancial o suficiente para acomodar os vários jogadores interessados”, pontuam.

Segundo estimativas no Itaú BBA, a Eve pode desbloquear até US$ 14 nas ações da companhia.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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