Coluna da Roberta Scrivano

Segurança de dados requer tecnologia, processos e conscientização de funcionários; confira a entrevista

02 jun 2023, 10:00 - atualizado em 01 jun 2023, 11:38
Cofundadora da startup Compliasset fala sobre compliance regulatório (Foto: Divulgação)

Nicole Dyskant é cofundadora da startup Compliasset, provedora de software de gestão de compliance regulatório para consultores de investimentos e gestores de recursos. O objetivo da empresa é auxiliar profissionais a organizar e otimizar a atuação com toda a segurança e diligência que a área exige.

“Segurança de dados é um esforço contínuo e multifacetado, que requer tecnologia, processos e conscientização de funcionários”, diz ela. A plataforma recebeu prêmio em 2018 da Associação Comercial do Rio de Janeiro e é líder no mercado de gestão de recursos de terceiros, com mais de 500 clientes ativos.

Empreendedora no setor de compliance há 10 anos, Nicole também fundou a Dyskant Advogados. A empresa presta serviços regulatórios e de compliance para o mercado financeiro e de capitais e ativos digitais. Além disso, foi sócia da ACA Compliance Brasil Ltda., filial da empresa americana líder em consultoria de compliance regulatório.

Na entrevista a seguir, ela detalha como a tecnologia alterou a forma de se fazer compliance. Fala também dos desafios de segurança de dados em um mundo conectado e os próximos passos da Compliasset, comprada pela Sinqia em março de 2023.

De que forma a tecnologia pode ser aliada na gestão de compliance regulatório das empresas do mercado financeiro brasileiro? Quais dados corroboram isso?

A tecnologia desempenha um papel fundamental na gestão de compliance regulatório das empresas do mercado financeiro brasileiro, oferecendo várias soluções e benefícios. Entre elas, temos a inteligência artificial, que serve para analisar grandes volumes de dados em tempo real, identificando anomalias e padrões suspeitos indicativos de atividades ilegais.

Aliás, é uma destas soluções cuja precisão e eficácia são continuamente otimizadas com aprendizado de máquina. Já a análise de redes contribui para mapear e analisar relacionamentos entre transações, identificando conexões ocultas entre atividades ilegais, como a lavagem de dinheiro.

Um exemplo é o mercado de capitais, com sistemas de surveillance de SROS como B3, AcA, túnel de preço, insider trading. No caso da blockchain, a tecnologia cria um registro transparente e imutável de todas as transações. Isso dificulta que criminosos encubram as ações, enquanto que as soluções de monitoramento de comportamento conseguem detectar atividades de lavagem de dinheiro que possam passar despercebidas por outros meios.

Por fim, a automação pode servir para acelerar o processo de análise e investigação. Isso permite que as equipes de conformidade se concentrem em atividades de alto risco e tomem decisões mais informadas em menos tempo.

Com todos os processos sistematizados, quais os instrumentos usados para evitar o vazamento de dados?

Para evitar o vazamento de dados, as empresas devem adotar políticas e procedimentos robustos. Entre os exemplos, estão criptografia de dados, controles de acesso, monitoramento e detecção de ameaças. Além disso, tem também treinamento e conscientização dos funcionários, monitoramento de terceiros e auditorias de segurança.

Esses são apenas alguns exemplos de instrumentos que podem ser usados para evitar o vazamento de dados. No entanto, é importante ressaltar que a segurança de dados é um esforço contínuo e multifacetado, que requer a combinação de tecnologia, processos e conscientização dos funcionários.

A Sinqia, líder brasileira em software para o setor financeiro, comprou 60% da Compliasset em março deste ano. Como a gigante soma em termos de contribuição tecnológica à solução de compliance de vocês?

De imediato, fazer parte de um grupo controlado por uma companhia aberta traz maturidade e novos níveis de governança para a Compliasset. Agora, de forma prática, o acordo com a Sinqia acelera o plano de atender a instituições de Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), Instituições de Pagamento (IP) e outras verticais de mercados regulados ainda não explorados pelas soluções atuais de tecnologia regulatória.

Também agrega as normas de outras agências reguladoras além da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Com isso, ajuda as áreas de compliance dos participantes do mercado financeiro com ganho de agilidade e redução de custos na gestão.

Por fim, também há a possibilidade de integrar produtos e softwares de outras empresas controladas pela Sinqia. Tudo isso, sem dúvida, trará ganhos aos clientes e toda comunidade do mercado de capitais nacional.

Jornalista com mais de 12 anos de experiência na cobertura de economia e negócios, com passagens por veículos como Gazeta Mercantil, O Estado de S. Paulo e O Globo, onde recebeu o Prêmio Esso na categoria reportagem em 2015. É sócia da agência Ovo Comunicação desde 2018.
Jornalista com mais de 12 anos de experiência na cobertura de economia e negócios, com passagens por veículos como Gazeta Mercantil, O Estado de S. Paulo e O Globo, onde recebeu o Prêmio Esso na categoria reportagem em 2015. É sócia da agência Ovo Comunicação desde 2018.
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