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“Seguuura, peão”: Desça do touro e aposte na queda das principais Bolsas do mundo

06 abr 2023, 14:09 - atualizado em 06 abr 2023, 14:09
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Grandes empresas de tecnologia, como a Meta, concentram boa parte da atual alta de importantes índices, como Nasdaq 100 e S&P 500, explica Enzo Pacheco (Imagem: Reuters)

Eu entendo que você possa se questionar se a sua alocação hoje é a mais adequada para o momento — eu mesmo me coloco nessa posição todos os dias, às vezes até nos momentos de descanso aos finais de semana. E quando vemos que o Nasdaq 100 “entrou” em um bull market, valorizando mais de 20% desde as mínimas ao final de 2022, entendo que esses questionamentos sejam ainda mais válidos.

Pontuação do Nasdaq 100 nos últimos doze meses até março 2023
Gráfico 1. Pontuação do Nasdaq 100 nos últimos doze meses | Fontes: Bloomberg e Empiricus

Mas importante notar que o índice segue bem abaixo das suas máximas (em novembro de 2021), quando a expectativa de que as empresas da “nova economia” dominariam a cena ainda permanecia bem viva na mente dos investidores — e o Federal Reserve nem pensava em aumento dos juros…

Pontuação do Nasdaq 100 (gráfico superior) e taxa básica de juros (Fed Funds Rate) dos Estados Unidos (inferior) nos últimos cinco anos
Gráficos 2 e 3. Pontuação do Nasdaq 100 (gráfico superior) e taxa básica de juros (Fed Funds Rate) dos Estados Unidos (inferior) nos últimos cinco anos | Fontes: Bloomberg e Empiricus

Outro ponto relevante para tentar entender se esse movimento no índice é sustentável ou não é olhando se a alta é compartilhada pelas diversas ações que o compõem ou se está concentrada em apenas alguns papéis. E a situação do Nasdaq nos parece mais vulnerável do que o apresentado no número de tela.

Isso porque os mais de 2 mil pontos do índice foram, em sua grande maioria (77%) provenientes de apenas nove companhias (considerando as duas classes de ações da Alphabet). Alguns casos em específico chamam ainda mais atenção, como é o caso das fortes altas de Nvidia (14% do total, 90% de valorização no trimestre), Tesla (9%, +76%) e Meta (9%, +68%).


Gráficos 4 e 5. Participação na variação do Nasdaq 100 e variação no ano | Fontes: Bloomberg e Empiricus

E quando analisamos os fundamentos do índice, a luz amarela acende-se novamente. É verdade que, diferentemente das estimativas para o S&P 500 — que ainda considera um leve crescimento nos lucros por ação —, os analistas acreditam em um recuo nos lucros para o Nasdaq 100. Mas, por outro lado, a expectativa para 2024 também já mostra uma forte recuperação, crescendo quase 20% em relação ao esperado para 2023.

Participação na variação do Nasdaq 100 e variação no ano
Gráficos 6 e 7. Lucro por ação do Nasdaq 100 (gráfico superior) e variação anual (inferior) desde 2010 | Fontes: Bloomberg e Empiricus

Sem contar que, olhando os múltiplos Preço/Lucro e Preço/Lucro projetado, a valorização neste primeiro trimestre do ano os levou para patamares similares ao observado antes da pandemia (o que já parecia esticado em comparação aos meses anteriores). Nem precisamos lembrar também que níveis acima das 30 vezes observado durante a crise da Covid-19 seja algo difícil de vermos no futuro próximo dado o aumento nos juros…

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Gráfico 8. Múltiplo Preço/Lucro (azul escuro) e Preço/Lucro projetado (azul claro) do Nasdaq 100 nos últimos cinco anos | Fontes: Bloomberg e Empiricus

Concentração em grandes empresas é sinal de cautela dos investidores

Além disso, o fato da alta recente estar calcada nas maiores empresas do mundo parece indicar que os investidores estão preocupados com as perspectivas para a economia global nos próximos meses.

Afinal de contas, caso tudo estivesse bem, o natural seria esperar que as companhias menores apresentassem maiores ganhos, uma vez que possuem um maior potencial de retorno — até por questões de aritmética básica, uma vez que é muito mais “fácil” uma empresa que vale US$ 1 bilhão dobrar de valor do que uma Apple, por exemplo.

E quando fazemos a mesma análise para o S&P 500, a situação é ainda mais complicada: as altas de Apple, Microsoft, Nvidia, Tesla, Meta, Amazon e Alphabet correspondem por 88% dos ganhos do índice no ano, e o Top 10 representa quase 94% do movimento total.

Caso o Nasdaq 100 volte para a casa das 20 vezes seus lucros projetados, e considerando que as estimativas dos analistas para o ano estejam corretas, estamos falando de um índice que deveria estar mais perto dos 10 mil pontos do que os quase 12 mil atuais. Mesmo não sendo tão pessimista, caso volte para as 22 vezes, ainda seria uma recuo potencial de quase 10% do preço de tela.

Dessa maneira, ainda entendo que uma posição short (vendida) no índice ainda seja válida – para quem quer fazer uma aposta na queda, uma maneira prática é por meio do ETF invertido ProShares Short QQQ (NYSE: PSQ). Aqueles com uma maior predisposição ao risco podem usar o instrumento alavancado ProShares UltraPro Short QQQ (NYSE: SQQQ), cujo resultado diário equivale a três vezes o resultado inverso do Nasdaq.

Importante ter em mente, contudo, que caso um movimento contrário ao que acredito gera desvalorizações ao investidor. E, no caso do ETF alavancado, o resultado é ainda maior (no ano, por exemplo, o SQQQ desvaloriza quase 30%).

Aqueles que estavam já separando o chapéu e as botas para subir no touro, acho que não é a hora (ele ainda me parece um pouco arisco no momento).

Enzo Pacheco é formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Um entusiasta do assunto “investimentos” — tendo se interessado desde os tempos de universitário —, desde 2017 foca exclusivamente na análise dos mercados internacionais nas séries da Empiricus voltadas a esse propósito (Investidor Internacional e MoneyBets).

 

Enzo Pacheco é formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Um entusiasta do assunto “investimentos” — tendo se interessado desde os tempos de universitário —, desde 2017 foca exclusivamente na análise dos mercados internacionais nas séries da Empiricus voltadas a esse propósito (Investidor Internacional e MoneyBets).
Enzo Pacheco é formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Um entusiasta do assunto “investimentos” — tendo se interessado desde os tempos de universitário —, desde 2017 foca exclusivamente na análise dos mercados internacionais nas séries da Empiricus voltadas a esse propósito (Investidor Internacional e MoneyBets).
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