Economia

Selic a 13,75%: O que o Banco Central está esperando para cortar os juros?

05 maio 2023, 9:15 - atualizado em 04 maio 2023, 16:21
Selic, Banco Central
Banco Central manteve a Selic em 13,75% ao ano, mas já começa a dar indícios de uma redução dos juros. (Imagem: Mehaniq)

As expectativas em relação ao futuro da taxa Selic são altas. Enquanto o Banco Central insiste em manter a taxa básica de juros em seu maior patamar deste desde janeiro de 2017, o governo tenta convencer de que está na hora de cortar os juros.

Depois do comunicado publicado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que apontava que “apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste”, o mercado começou a fazer suas apostas de quando a Selic deixará os 13,75% ao ano no passado.

O detalhe está no “menos provável”. Até então, o Banco Central era mais enfático ao dizer que poderia voltar a subir a taxa se fosse necessário. Com isso, já são esperados cortes entre agosto e setembro deste ano.

No entanto, a autoridade monetária sinaliza no seu comunicado o que é preciso para o Brasil ter uma taxa de juros mais baixa.

Veja o que o Banco Central está esperando para cortar a Selic

Arcabouço fiscal

A entrega da proposta de uma nova regra fiscal para análise do Congresso foi vista com bons olhos pelo Banco Central, que sinalizou a redução de parte da incerteza advinda da política fiscal como efeito desse movimento do Ministério da Fazenda.

No entanto, o arcabouço fiscal ainda não foi aprovado e também deve passar por alterações na Câmara dos Deputados antes de seguir para o Senado. Ou seja, por enquanto, é só uma promessa de controle das contas públicas e não uma medida de fato.

Além disso, Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, destaca que também foi um aceno ao mundo político a adição do trecho que “Copom enfatiza que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal”. Traduzindo: a aprovação do substituto do teto de gastos não garante corte nos juros, uma vez que o Banco Central olha para o movimento da inflação.

Inflação

Falando em preços, é aqui que o Banco Central está preocupado. Em seu comunicado, ele destaca que “as expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se marginalmente e encontram-se em torno de 6,1% e 4,2%, respectivamente”.

Os economistas do Itaú afirmam que o BC destacou novamente o risco de uma desancoragem maior, ou mais longa, das expectativas de inflação, em especial para prazos mais distantes.

“O Copom seguiu interpretando que o balanço de riscos possui fatores que atuam em ambas as direções. O comitê apontou novamente uma maior persistência das pressões inflacionárias globais como risco de alta, e atualizou a descrição do risco relativo ao front fiscal, mencionando a incerteza ainda presente sobre o desenho final do arcabouço e, de forma mais relevante para a política monetária, seus efeitos sobre as expectativas para as trajetórias de dívida pública e inflação, bem como sobre ativos de risco”, disseram em relatório.

Além disso, em seu cenário, ele aponta com os principais fatores de risco de alta para o cenário inflacionário são:

  • uma maior persistência das pressões inflacionárias globais;
  • a incerteza sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional e os seus impactos sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco;
  • e uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos.

Cenário externo

Menos importante, tem o cenário econômico internacional e o movimento dos demais bancos centrais. Segundo o Copom, o ambiente externo se mantém adverso e isso pode afetar a Selic de alguma forma.

“Os episódios envolvendo bancos no exterior têm elevado a incerteza, mas com contágio limitado sobre as condições financeiras até o momento, requerendo contínuo monitoramento. Em paralelo, os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente”, diz o comunicado.

O Federal Reserve, por exemplo, ainda não encerrou o seu ciclo de aperto nos juros, tanto que ele aumentou a sua taxa em 0,25 pontos percentuais amanhã.

“O papel do Banco Central na condução da política monetária não tem nada de simples. Como se não bastasse o entrave técnico versus político que vivenciamos no Brasil, ainda existe a necessidade de se planejar um corte de juros aqui com um olho nas decisões do Fed. É fato que uma redução de juros no Brasil com manutenção ou alta de juros lá fora teria consequências graves no preço do dólar”, destaca Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank.

O problema é que as decisões da economia da potência mundial podem trazer complicações para o Brasil. Entre elas está o fato de que, quando os juros dos EUA aumentam, a tendência é de que investidores estrangeiros passem a olhar para os títulos ligados ao governo como uma forma mais segura de investimento. Isso pode reduzir a circulação do dólar no país.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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