Banco Central

Selic deve ficar em 13,75% mesmo com dados de inflação pisando no freio; saiba por quê

26 abr 2023, 13:47 - atualizado em 26 abr 2023, 14:49
Selic, inflação
Em abril, o acumulado em 12 meses da prévia da inflação ficou dentro do teto da meta de 2023. (Imagem: Adobe Stock/Montagem Giovanna Figueiredo)

A prévia da inflação indica que abril será mais uma mês de bons resultados: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,57% em abril, desacelerando-se em relação à alta de 0,69% apurada em março.

Com isso, o indicador, que mede a prévia da inflação oficial do país, acumula alta de 4,16% em 12 meses e fica dentro do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%. O resultado intensificou as apostas de que a autoridade monetária pode cortar a taxa Selic mais cedo do que o esperado.

A expectativa ganhou força após a inflação cheia de março também ficar dentro do teto da meta. No mês passado, o  indicador desacelerou a alta acumulada em 12 meses até março para +4,65%, de +5,60% no mês anterior.

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Teste de paciência: Núcleo da inflação

No entanto, não vai ser na reunião da semana que vem que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai tirar os juros do patamar de 13,75% ao ano, onde está estacionado desde agosto do ano passado.

Os analistas do Itaú apontam que a leitura do IPCA-15 de abril corrobora com o cenário de desinflação em curso. No entanto, o núcleo do indicador, que exclui a volatilidade dos grupos de energia e alimentos, segue pressionando.

Os cálculos de Homero Azevedo Guizzo, economista da Terra Investimentos, mostram que a inflação acumulada em 12 meses pela média dos cinco núcleos acompanhados pelo Banco Central ficou em 7,51%, mesmo com a desaceleração.

Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, destaca que resultado ainda é influenciado pelas mudanças nos impostos da gasolina e energia elétrica.
“O grande desafio segue sendo os preços de serviços e demais núcleos. Serviços, por exemplo, subiu de 0,29% para 0,53%, valores incompatíveis com a meta do Banco Central. Nos demais núcleos, olhando para a média móvel de três meses já livre de efeitos sazonais, o que se vê é uma inflação anualizada estacionada em altos 6%”, afirma.

Banco Central com um pé atrás

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também já falou em mais de uma ocasião que as projeções de inflação para longo prazo seguem desancoradas. No Relatório Focus desta semana, as projeções para os próximos anos giram em torno de 4%, enquanto para 2023 está em 6,04%.
Ontem, durante a sabatina no Senado, Campos Neto disse que o processo de redução de juros é técnico, leva tempo e depende de diversas variáveis. “O Banco Central tem horizonte de atuação técnico que difere por muitas vezes do ciclo político, mas que maximiza o resultado para a sociedade no longo prazo”.

“Percebemos que o Banco Central deve manter o discurso de não cortar os juros tão cedo, por conta da aceleração dos núcleos. Mas isso pode trazer ainda mais impactos negativos nos balanços das empresas, que estão com queda em suas margens, aumento no endividamento, e dificuldades para conseguir manter suas atividades por conta do custo alto de crédito”, afirma Andre Fernandes, head de renda variável da A7 Capital.

Caruso, do Banco Original, destaca que a dinâmica da inflação se dará em dois turnos em 2023: arrefecendo até o 1º semestre, mas voltando a subir no segundo 2º semestre.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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