Política

Senadores reagem a pedido de Bolsonaro por fim do isolamento

25 mar 2020, 12:54 - atualizado em 25 mar 2020, 12:57
Senado
Desde a noite desta última terça-feira (24) até a manhã desta quarta-feira (25), vários senadores usaram suas redes sociais para criticar a fala de Bolsonaro (Imagem: Agência Senado/Moreira Mariz)

Parlamentares reagiram ao pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, em rede nacional de televisão, nesta terça-feira (24), em que ele pediu o fim do “confinamento em massa” e a “volta à normalidade”.

De ontem até a manhã desta quarta-feira (25), vários senadores usaram suas redes sociais para criticar a fala de Bolsonaro, que, como muitos ressaltam, contraria cientistas, especialistas do setor de saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A maioria dos senadores elogiou a nota divulgada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e pelo primeiro-vice-presidente da Casa, Antonio Anastasia, na qual classificaram a fala de Bolsonaro como “grave”. Davi e Anastasia disseram que o país precisa de uma “liderança séria” e apontaram que o chefe do Executivo está na contramão das ações adotadas em outros países ao defender a reabertura de escolas e comércio neste momento.

— Assino embaixo da manifestação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, em respeito às declarações do presidente Jair Bolsonaro. Parabenizo pela firmeza e necessária serenidade, é disso que o Brasil precisa — apontou o líder o MDB, Eduardo Braga (AM).

Líder do Cidadania, Eliziane Gama (MA) também endossou a nota de Davi e Anastasia e afirmou que as palavras do presidente da República foram irresponsáveis.

— Muito boa a nota do presidente Alcolumbre e do vice, Anastasia. Bolsonaro, em seu discurso, agride a naçāo, transforma a vida em algo banal, divide o Brasil em um momento tāo difícil. Abre māo da prerrogativa de líder de um país para vender ideologia enferrujada e desumana — criticou.

Em defesa do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) afirmou que proteger “os mais vulneráveis e sugerir a normalidade a todos os outros é o melhor a ser feito”. O senador estima que o isolamento possa levar o país à marca de 40 milhões de desempregados.

— O remédio não pode ser mais letal do que a doença. Governar é se antecipar aos problemas e escolher as prioridades. Quando sairmos da crise antes de todo o mundo, quero ver os que hoje criticam dizerem: “Saímos apesar de Bolsonaro”. Parabéns pela coragem, seriedade e liderança, presidente — disse.

Vice-líder do governo, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) disse que Bolsonaro tem atuado contra o coronavírus e pediu moderação.

— O presidente tem seu estilo, que não agrada a muitos, mas de qualquer forma está tomando decisões. Já são mais de R$ 86 bilhões anunciados para atender especificamente essa questão. Aí ficam instigando a sociedade contra o presidente, que é a autoridade maior do país e tem que ser respeitado.

Para Roberto Rocha (PSDB-MA), líder de sua legenda no Senado, Jair Bolsonaro tem razão, mas o discurso precisa ser revisto.

— Bolsonaro pode até acertar no conteúdo, mas erra na forma. Como líder da nação, entendo que ele deve passar gestos de otimismo e coragem, como um comandante num campo de batalha. Mas não pode subestimar a força da palavra presidencial, senão vai sempre gerar mais calor que luz — avaliou.

Médico sanitarista, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), que é líder de seu partido, alertou:

— Não ouçam Bolsonaro, não é só uma gripezinha. Bolsonaro responderá por crime contra a humanidade — disse.

Ex-ministro da Saúde, o senador José Serra (PSDB-SP) também usou as redes para criticar o posicionamento do governo. Segundo Serra, a pandemia não deve ser minimizada.

— Já são mais de 2,2 mil casos confirmados de coronavírus no Brasil e 46 mortes, sendo 40 no estado de São Paulo. Estamos em meio a uma pandemia que não deve ser minimizada É preciso reconhecer que a economia não vai se recuperar de forma imediata e que é preciso fortalecer o SUS, mediante a operacionalização de um fundo que disponha dos recursos e da agilidade necessários ao combate às consequências do coronavírus— defendeu.

O líder da Rede, Randolfe Rodrigues (AP), afirma que a economia não pode ser prioridade quando vidas estão em jogo:

— A economia é passível de recuperação, vidas não. Foram irresponsáveis as palavras do presidente, na verdade foram criminosas. Chamar a população às ruas é contrariar as orientações da OMS, de especialistas, médicos, governantes do mundo inteiro.

Otto Alencar (PSD-BA), líder de seu partido na Casa, disse ter assistido ao pronunciamento com perplexidade e lamentou que o presidente exponha pessoas que confiam nele:

— Não chama a atenção o pronunciamento porque desde que ele assumiu essas frases radicais se repetem. São pronunciamentos contra governadores, contra a imprensa, contras pessoas que discordam do que ele faz e do que defende. Mas ele passou de todos os limites ao expor as pessoas que confiam nele ao dizer que o coronavírus não vai ceifar vidas — apontou.

Leila Barros (PSB-DF) e outros senadores também lamentaram a fala do presidente.

— O lamentável discurso do presidente da República vai na contramão das orientações da Organização Mundial da Saúde, de líderes mundiais, especialistas e até do Ministério da Saúde, que tem feito um bom trabalho. O papel de um líder é orientar, e não gerar dúvidas. A incerteza coloca a vida dos brasileiros em risco — disse Leila.

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