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Shanghai Fork fica mais próximo; staking, expectativas, mudanças e regulação

28 fev 2023, 13:08 - atualizado em 28 fev 2023, 13:08
Shanghai Fork
O Shangai Fork que, entre outras medidas, busca implementar um sistema de retiradas de Ether em staking da Beacon Chain (Imagem: Pexels/Jievani)

A rede Ethereum (ETH) fica mais próxima da sua próxima atualização, Shanghai Fork, nesta terça-feira (28). Durante a madrugada, conforme programado, os desenvolvedores atualizaram com sucesso a rede de testes Sepolia.

O teste, chamado de Shanghai-Capella, ou Shapella, implementou a tão aguardada retirada de staking na rede de testes. O próximo passo é a implementação na rede de testes Goerli, e depois, na rede principal.

O Shangai Fork que, entre outras medidas, busca implementar um sistema de retiradas de Ether em staking da Beacon Chain.

Staking é o ato de emprestar seus tokens ao blockchain, a fim de ajudar na validação e verificação de transações da rede. O usuário que pratica o staking recebe um rendimento como forma de pagamento pelos seus serviços.

Entretanto, até então, aqueles que desejam fazer staking de seus tokens na Beacon Chain – camada de consenso em que ocorrem as validações na Ethereum – precisam deixar seus tokens travados.

Quem se lembra do The Merge? Vai ser diferente como?

A atualização do The Merge foi justamente a responsável por mudar a forma dessa validação na rede, de proof-of-work (a mesma usada pelo Bitcoin) para proof-of-stake.

A atualização é parte de uma continuidade em um planejamento maior da Ethereum, e o Shanghai Fork é um dos pontos desse plano.

Para Vinicius Bazan, analista chefe de criptoativos na Empiricus, a nova atualização será muito mais simples do que o The Merge. Além disso, será de extrema importância para a rede.

Despejo de Ether em massa é perigo iminente

Para Bazan, não. “O que muitos se confundem é que não virá todo esse Ether [travado] de uma vez para o mercado”.

O analista explica que existirá uma fila, onde cerca de um milhão de Ether estão contabilizados como recompensas aos validadores e podem ser sacados de imediato.

“Mas os 16 milhões restantes em staking levaria quase um ano para serem retirados, caso todos quisessem sacar de uma vez”, explica.

Além disso, os investidores que travam seus tokens no protocolo fazem isso esperando rendimentos futuros, e a grande maioria faz isso para o longo prazo. Não faz sentido, na visão de Bazan, que haja uma retirada em massa apenas por ser possível.

Regulação dos EUA vai ser mortal para o staking

Também não. Mesmo com pressão regulatória da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), é improvável que haja retirada massiva de Ethers da rede, segundo Bazan.

Recentemente, a SEC abriu fogo contra a corretora cripto Kraken, multando-a em US$ 30 milhões por fornecer o serviço de staking. Aos olhos do órgão regulador, a atividade se trata de um valor mobiliário.

Mas o analista da Empiricus comenta que o público que realiza a atividade não se assusta tão facilmente com regulação.

“Acho que [não haverá retiradas por medo] de forma generalizada porque boa parte das pessoas que entraram em staking são ‘criptonativos’. É o cara que menos tem medo de regulação”, diz.

A mudança seria focada em torno das instituições que oferecem o serviço. Nesse caso, as corretoras irão precisar ser mais transparentes e adeptas às normas, bem como os seus usuários.

“No caso da Kraken por exemplo, inevitavelmente, aquelas pessoas que são cidadãs americanas terão que ter seus Ethers sacados e devolvidos. Mas não acho que seja motivo suficiente para que os investidores acreditem que acabou de fato [a rede e a atividade de staking]”, diz.

Bazan ressalta que o staking, na visão dos usuários de cripto, é apenas um serviço para geração de renda, e que ainda irão investir em cripto.

Além disso, o analista lembra que não é só o serviço de staking que pode considerado um valor mobiliário, mas também o próprio Ether.

“Não é proibido investir em valor mobiliário, é necessário apenas entrar em um arcabouço regulatório diferente”, diz o analista sobre o medo dos investidores do entendimento da SEC.

Liquid Staking como a Lido Finance vai acabar

 Liquid staking são protocolos que permitem que o usuário que trave seus tokens na Ethereum, receba certificados de depósitos, que podem ser negociados em mercado secundário.

Para muitos, após o Shanghai Fork, a possibilidade de retirar os Ethers tornará a atividade muito mais líquida de forma a excluir a necessidade desses protocolos.

Mas a afirmação está errada. Para Bazan, esses protocolos serão chamados de “super liquid staking”.

“A diferença é que mesmo que você consiga sacar os Ethers em staking, não será possível usar o mesmo token em colateral com outros protocolos como a Aave por exemplo”, explica.

O diferencial está justamente no recibo de depósito oferecido pelos protocolos, que permitem a negociação do mesmo Ether em staking, em colateral no mercado secundário.

“Fora o fato de que é possível [através destes protocolos] fazer staking com menos de 32 Ether”, diz.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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