Mercados

Sinais trocados: Por que o Ibovespa despenca e Wall Street dispara (e o que Lula tem a ver com isso)

22 jan 2024, 19:58 - atualizado em 22 jan 2024, 20:43
Ibovespa
Segundo o último levantamento, gringos retiraram R$ 1,67 bi em 16 de janeiro e mais R$ 600 milhões no dia 17 (Imagem: Pixabay)

Ibovespa e Wall Street costumam andar de mãos dadas: quando o mercado lá fora sobe, o índice aqui acompanha a alta.

Porém, as últimas notícias mostram um certo descasamento entre o S&P 500, que reúne as principais empresas dos Estados Unidos, e o Ibovespa. Enquanto o índice americano bate recordes, a bolsa brasileira despencou 4,58%.

Nesta segunda-feira, o cenário voltou a se repetir. O Ibovespa tombou 0,8% e o S&P 500 subiu 0,22%, renovando a marca positiva.

O que mudou a percepção dos investidores?

De acordo com analistas que conversaram com o Money Times, parte do tombo se deve a uma realização de lucro pura e simples. O índice disparou 20% entre novembro e dezembro, puxado, principalmente, pelo gringo. Agora, esse mesmo investidor ajuda a derrubar o Ibovespa, destacam.

Segundo o último levantamento, gringos retiraram R$ 1,67 bi em 16 de janeiro e mais R$ 600 milhões no dia 17. No acumulado do mês, o saldo é negativo em R$ 59,3 milhões.

“Investidores estrangeiros aportaram muito no Brasil em novembro e dezembro de 2023 e começaram janeiro com uma onda de retirada. Isso se dá por conta de um movimento de realização de lucros após a alta de novembro e dezembro”, destaca Leandro Petrokas, sócio da Quantzed.

Para o Itaú BBA, o mercado brasileiro vive um dilema: há uma mudança significativa no clima nos países emergentes, com as ações passando de uma recuperação de quase 20% desde o final de outubro para uma queda de 5% nas primeiras três semanas.

Na visão da corretora, houve uma quebra de expectativas nos Estados Unidos. Em dezembro, o mercado dava de barato que os juros no país iriam cair em março, algo hoje considerado mais improvável.

Mas por que o S&P 500 bate recordes atrás de recordes? A resposta está na tecnologia. Uma nova onda de otimismo tomou o setor, em meio a uma recuperação das fabricantes de chips e por outras ações de tecnologia de forte peso, com o otimismo em torno da inteligência artificial.

Ibovespa: Problemas dentro de casa

Como se não bastasse esse cenário, movimentos do Governo Federal pioraram a situação, destacam analistas. Já na semana passada, circulou na mídia a notícia de que o presidente Lula quer Guido Mantega, ex-ministro da economia dos governos petistas, no conselho da Vale (VALE3).

Isso ajudou a pressionar ainda mais os papéis da mineradora brasileira, que possui a maior participação no índice. A ação despenca 12% no ano.

Já nesta segunda-feira, o governo apresentou o plano de desenvolvimento para a indústria nacional nos próximos anos, com previsão de R$ 300 bilhões em linhas de crédito, subsídios a empresas e exigência de conteúdo local.

A ideia, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), é “reverter a desindustrialização precoce do país”.

A proposta defende a priorização de instrumentos financeiros sustentáveis e crédito para inovação, infraestrutura e exportações, além de subsídios, como os incentivos fiscais.

“O que está pegando muito aqui é o político local, essa questão fiscal, a questão da desoneração da folha de pagamento, ou seja, todos aqueles equívocos que foram cometidos na era Dilma, Abreu e Lima, essa questão de incentivo à exportação, subsídios às empresas, ou seja, tudo isso que já foi provado que não deu certo, o governo está vindo com tudo”, destaca Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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