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Sucession: 8 lições valiosas de Logan Roy e seus filhos sobre negócios e investimentos

08 abr 2023, 15:00 - atualizado em 06 abr 2023, 15:52
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As lições que Sucession, da HBO Max, podem deixar para os negócios [Fonte: Reprodução]

Aclamada pelos fãs e pela crítica, Sucession, série original da HBO Max, voltou às telas para honrar o título recebido pelo Globo de Ouro de melhor série televisiva em 2021.

A quarta e última temporada, que começou no último dia 26 de março, deliciará o telespectador com mais 8 episódios até o grand finale, que será televisionado no dia 28 de maio (sempre às 22h).

Para quem ainda não está familiarizado, a série conta a história da família Roy, composta por Logan e seus quatro filhos, que controla um dos maiores conglomerados de meios de comunicação e entretenimento do mundo, a Waystar Co. 

Como o próprio título sugere, o ponto inicial do enredo é o desejo de Logan em passar o seu império multibilionário para os seus herdeiros — ao menos, até ele perceber que seus filhos não estão exatamente no lugar que ele gostaria.

Desse impasse surgem as brechas para se vislumbrar os dramas de uma família (extremamente) disfuncional. Mas pra além disso, o telespectador pode aprender uma coisa ou duas sobre o mundo dos negócios.

A trama é recheada de termos e procedimentos corporativos que fazem o dia-a-dia das grandes empresas em Wall Street, ou na Faria Lima. É dessa forma que Sucession tem o poder de transformar o telespectador, ao menos por aquela hora semanal, em um acionista majoritário, um investidor de private equity ou o dono de um fundo.

Veja o que a série pode ensinar sobre gestão e investimentos.

Quatro temas corporativos de Sucession vindos da vida real

Fusões e Aquisições (M&As)

Waystar Co. é uma empresa de comunicação tradicional, incapaz de captar as mudanças trazidas pelas redes sociais. É pensando em contornar essa defasagem que Kendall Roy tenta fechar a aquisição de uma empresa que já construiu essa capacidade, chamada Vaulter.

Na vida real, sobram exemplos de fusões e aquisições com o objetivo de melhorar a competitividade da empresa compradora. É o caso da aquisição do WhatsApp e do Instagram pelo Facebook, formando o que hoje conhecemos como a Meta Platforms.

Aquisição hostil e pílulas de veneno

Em uma empreitada contra seu pai, Kendall monta uma ‘oferta irrecusável’ pelo controle da Waystar Co, capaz de seduzir imediatamente os principais acionistas da empresa e deixar Logan em uma posição ‘vendida’.

O evento retratado na terceira temporada da série, veiculada em 2021, representa exatamente a briga de Elon Musk para comprar o Twitter, em outubro do ano passado, quando o bilionário ofereceu US$ 54,20 para cada ação da plataforma, entregando aos acionistas 38% de prêmio sobre o papel.

Na série, no entanto, ao receber a proposta, Logan fica enfurecido e consulta os seus diretores sobre alternativas para obstruir a tentativa de compra de Kendall. A principal opção mencionada é a criação de uma pílula de veneno, mecanismo pelo qual o valor de uma aquisição hostil pode se tornar extremamente alto.

No Brasil, este seria o caso, se o governo brasileiro quisesse retomar o controle majoritário (50% +1 das ações) da Eletrobras , após a companhia ter sido privatizada no ano passado.

Dívida com credores

É descoberto que Logan pegou emprestado uma grande quantia com um credor. Para segurar o empréstimo, o magnata concordou em entregar ao banco as ações de seus filhos, caso as ações da Waystar caíssem abaixo dos US$ 130.

Esse dispositivo acordado entre Logan e o credor é chamado de termo de empréstimo (ou loan covenants, em inglês) e, no caso da trama, seria responsável por reduzir a participação dos filhos de Logan na Wasytar de mais de 50% para 36%.

Atualmente, a alta de juros nos EUA fez com que diversas empresas tenham elevado seu endividamento com credores, o que gera implicações complexas para a economia, entre as quais o aumento do risco de calote e a possibilidade de falência dos próprios bancos (como ocorreu com o SVB, por exemplo).

Reunião de conselho de acionistas e sessões executivas

Após um determinado incidente envolvendo Logan, incertezas sobre o comando da Waystar fazem as ações da empresa despencarem na Bolsa. Pensando em retomar o controle da situação, Kendall tenta buscar o apoio dos diretores da Waystar para demover o seu pai da posição de CEO.

Para isso, ele convoca uma sessão executiva, um bloco dentro de uma reunião do conselho que permite a discussão de temas confidenciais sem a presença de pessoas externas e sem a necessidade do registro de uma ata.

O único problema para Kendall é que Logan está presente na sessão que seria discutida a sua ‘demissão’. A partir daí, o caos se instaura.

Quatro lições na hora de negociar, de acordo com Sucession

Emoções podem botar tudo a perder

No constante desejo de superar o pai, os quatro filhos de Logan costumam basear suas propostas e tentativas de sobrepor o pai através de análises incompletas e impulsivas.

Um estudo divulgado pela Harvard Business School revela que o assédio competitivo fomenta a escalada de conflito e torna mais difícil alcançar acordos funcionais para as partes envolvidas. Desta forma, o desejo de vencer uma ‘guerra de lances’ faz com que o comprador recorra a ofertas descabidas e acabe pagando muito mais do que o preço justo.

Estabeleça um piso 

Sucession mostra que oferecer o primeiro lance (sobre o preço de venda ou compra de determinado ativo) pode ser determinante para o rumo da negociação.

O primeiro preço, que pode ser chamado de ‘âncora’,  tem a capacidade de nortear futuros lances em sua direção, promovendo influência até mesmo no momento final da negociação.

No entanto, Francesca Gino, professora de Harvard Business School e psicóloga comportamental, nota que a eficiência de uma âncora depende da clareza  de informações que se tem sobre o item a ser negociado: “se soubermos pouco sobre o valor do item em negociação, então corre-se o risco de estabelecer uma âncora inadequada”, diz ela em artigo publicado no site da renomada instituição de ensino.

O processo de negociação pode ser mais importante que a substância

Antes de negociar o preço de venda/compra de um determinado item, considere estabelecer os parâmetros e o roteiro de uma negociação.

Francesca Gino diz que os filhos de Logan Roy poderiam salvar bilhões de dólares na guerra de lances ‘improvisada’ contra o seu próprio pai na quarta temporada, se eles tivessem estabelecido uma negociação ancorada a uma linha do tempo, com número de rodadas específicas e critérios críveis para lances.

Segundo a especialista em negócios, criar estruturas com clareza fazem a comunicação fluir mais eficientemente e facilitam o entendimento de boa-fé entre as partes envolvidas.

Não seja odiado pelo mercado

Sucession ensina que clareza de objetivos e ambição não são sinônimos de arrogância, ou tampouco oferecem liberdade para se fazer o que deseja, sem medir possíveis consequências. Durante a série, é precisamente a reputação questionável da família Roy que atrai para si tantos inimigos.

Isso é visto, por exemplo, quando Kendall, o então favorito aspirante a herdeiro da Waystar, tenta adquirir a Vaulter, uma empresa tech que daria o aspecto ‘moderno’ que o conglomerado precisa para navegar pelo mercado contemporâneo. Problema é que o CEO da Vaulter simplesmente despreza o nome Roy e faz de tudo para dificultar a negociação.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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