Mercados

Elon Musk trava guerra de preços com chinesa BYD e vê nova concorrente no retrovisor

10 jan 2023, 13:43 - atualizado em 10 jan 2023, 13:50
Tesla
Modelo 3 é um dos ‘personagens’ da guerra de preços travada por Musk e a chinesa BYD (Imagem: Shutterstock/CanadianPhotographer56)

Os dias de domínio incontestado de Elon Musk sobre o mercado de carros elétricos ficaram realmente para trás. Ao longo de 2022 a montadora chinesa BYD conseguiu vender 1,86 milhão de unidades de veículos totalmente eletrificados, contra 1,31 milhão da Tesla (TSLA), um número 42% inferior.

A Tesla (TSLA) ainda domina o mercado global de EVs, mas investidores da companhia americana temem que o avanço da BYD não se conterá somente às fronteiras da China. A empresa, inclusive, disse que tem planos de expandir “em breve” a fabricação de veículos elétricos para outros mercados da região, como a Austrália e a Coréia do Sul. 

A sombra da BYD no principal mercado asiático fez com que Elon Musk tomasse uma medida indigesta para investidores, já descontentes com a condução do bilionário a frente da montadora: reduzir o preço dos veículos mais populares da montadora não só na China — seu principal mercado asiático — como também na Austrália, Japão e Coréia do Sul.

Os afetados em questão são os veículos Model 3 e Model Y que, a partir do último anúncio feito por Musk, terão preços descontados em até 13%.

O ‘saldão’ da Tesla busca reverter a entrega decepcionante da montadora na China, no mês de dezembro. Segundo a associação local, foram 55.786 unidades vendidas, número 21% inferior ao registrado no mesmo período em 2021.

‘Saldão’ da Tesla deixa proprietários furiosos

A estratégia de corte de preços está gerando efeitos colaterais para a montadora de Musk. Durante o final de semana, protestos de donos descontentes com a súbita depreciação dos  EVs se formaram nas concessionárias da Tesla na China.

Como parte dos atos, os donos dos veículos de Musk tem ido às lojas para comer quitutes de boas-vindas e utilizar os postos de recarga dos modelos elétricos gratuitamente.

Os compradores acusam a Tesla de tê-los enganado e esperam da companhia algum tipo de compensação pelo prejuízo  — o que não deverá acontecer, de acordo com um representante da companhia no país.

De setembro para cá, os preços dos veículos mais populares caíram de 13% a 24%, de acordo com cálculos da agência internacional de notícias Reuters.

Mas não são somente os proprietários chineses que podem ficar furiosos com os recentes cortes de preço da Tesla na China. O Model 3 chinês agora chega a custar 30% a menos do que o seu homólogo estadunidense, gerando descontentamento também entre os consumidores americanos.

A piora das condições macroeconômicas e o aumento de competitividade causaram um tombo de 67% das ações da Tesla na Bolsa de Nova York desde as máximas registradas em 2021. Ao fim do ano passado, a empresa de Musk não figurava sequer no top 10 das empresas mais valiosas do S&P 500.

Sangue na água: Sony e Honda chegam na competição

Não bastasse o confronto épico que trava com a BYD, a Tesla também passa a se preocupar com outros competidores que surgem.

É o caso das fabricantes japonesas Honda e Sony que celebraram um casamento para criar a Afeela, uma nova marca de carros elétricos.

O primeiro protótipo da joint venture já foi, inclusive, revelado ao mercado automotivo. Trata-se de um sedã de quatro portas, equipado com direção autônoma de nível 3, o que significa que poderá dirigir sozinho em algumas situações.

O protótipo possui ainda 45 sensores e câmeras a bordo para garantir a segurança dos ocupantes.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.