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“Ultra sound money é puro marketing”, diz Jimmy Song sobre Ethereum

09 nov 2022, 8:21 - atualizado em 09 nov 2022, 8:21
Jimmy Song Bitcoin BTC
(Imagem: Twitter/Reprodução)

Aconteceu nesta terça-feira (8) o “Satsconf”, evento focado apenas em Bitcoin (BTC). Durante o dia foram discutidos diversos impasses e previsões feitas acerca da maior criptomoeda do mercado.

O evento foi focado para os chamados “maximalistas” ou ainda “evangelistas de Bitcoin”, que acreditam que a força do bitcoin como única criptomoeda prevalece em meio ao mercado cripto como um todo.

Um dos grandes nomes presentes foi Jimmy Song, desenvolvedor, programador e autor de quatro livros sobre Bitcoin. Song é considerado um dos “OG” (Original Gangsters, como são apelidados os mais antigos no mercado).

Song concedeu uma entrevista ao Crypto Times e comentou sobre adoção da criptomoeda ao redor do mundo, teceu críticas à Ethereum (ETH) e disse que “pessoas que não entendem o que é o bitcoin vão sempre existir”. Confira a entrevista:

Bitcoin (BTC) como meio de pagamentos no mundo

Song comenta que a tecnologia do Bitcoin já é o suficiente para que haja uma adoção em massa como meio de pagamentos. O “bitcoiner” cita como exemplo a facilidade de transacionar por meio da rede Lightning, segunda camada da rede.

“A tecnologia já está aí. As pessoas querem gastar o dinheiro ruim antes”, diz. Para ele, a virada de jogo será majoritariamente quando as pessoas começarem a forçar o uso do bitcoin, então só assim o “bom dinheiro será usado”.

“Se você tem algum bem ou serviço que me interessa muito, e não aceita nenhuma outra forma de pagamento que não o bitcoin, é esse o ponto que vai começar a pegar tração”.

O programador cita um investidor norte-americano famoso, que aceita apenas a criptomoeda como pagamento para prestação de consultoria financeira.

Além dele, o próprio Jimmy Song precifica seus serviços em seu Linkedin na cotação da criptomoeda. “É uma das poucas pessoas no mundo que faz isso [aceita pagamentos apenas em BTC]. Mas à medida que mais pessoas vêm para o centro de Bitcoin vão perceber a facilidade.”

O entusiasta crava que é assim que vai acontecer a adoção em massa como meio de pagamento, além de pessoas que investem na criptomoeda “não querendo lidar com taxas de câmbio entre bitcoin e a moeda fiat.”

“É assim que vamos chegar lá. Mas, quando chegaremos lá? Quando a quantidade suficiente de pessoas pensarem desse modo. E isso depende muito do cenário político-econômico de cada país”, complementa.

Jimmy Song cita como exemplo a situação econômica na Venezuela.

 “Muitas poucas pessoas aceitam Bolívar Venezuelano. Eles demandam dólar americano. Para eles, o dólar americano é o que esperamos que o Bitcoin seja neste cenário”, diz.

Na sua visão, isso é o que acontecerá com o Bitcoin também. A adoção da criptomoeda como forma de fugir das moedas fiduciárias locais. Neste cenário, ele lembra, que é esperado que o dólar americano não seja mais uma reserva global tão forte.

“Essa é uma questão geopolítica muito complicada, é difícil prever quando algo assim aconteceria. Se entrarmos em uma guerra mundial amanhã, talvez tudo isso aconteça amanhã, eu não sei”, brinca.

“Exatamente quando eu não sei. Mas penso que é inevitável. Pode ser que demore mais, realmente depende do individual de cada um.”

“Existem pessoas que nunca vão entrar em Bitcoin (BTC)”

Em relação à crença de que o Bitcoin é legítimo, e não uma bolha financeira, Jimmy Song diz acreditar que sempre haverá grupos de pessoas que nunca estarão convencidos disso.

O entusiasta cita Peter Schiff como exemplo, e lembra que o empresário – que é um grande crítico da criptomoeda – soube o que era o bitcoin em 2011, mas mesmo assim ainda não o comprou.

“Ele simplesmente não quer acreditar nisso. Seu filho, por outro lado, está muito por dentro do bitcoin. Ele cresceu nisso, viu desde o começo e não tem a mesma mentalidade do pai”, explica.

Song refere-se a Spencer Schiff, filho de Peter, que disse no ano passado ter alocado 100% de seu portfólio em bitcoin.

“Eu suspeito que exista uma grande quantidade de pessoas que nunca vão entrar em bitcoin, não importa o que você faça. Grande parte deste grupo, tem uma idade muito mais avançada. Em termos, vamos ter de esperar que morram: ‘eles nunca vão ‘se converter’”.

Para ele, o que vemos em contrapartida, são pessoas mais novas, em termos de idade, entrando neste mercado.

“Quando meu filho estava no ensino fundamental, perguntei para ele quantos colegas de sala sabem sobre bitcoin, e ele disse 100%. Perguntei, ‘no ensino fundamental, sério?’. Sério. Isso me chocou”, conta.

Em sua visão, existe uma divisão geracional muito forte. Não é preciso ensinar para os mais jovens sobre bitcoin, “eles já estão sabendo”.

O “bitcoiner” diz não achar ser preciso convencer, ou educar, as pessoas sobre bitcoin (BTC) uma vez que o assunto é difícil de evitar. Basta fazer sua própria pesquisa.

“Se você é uma pessoa curiosa, já sabe o que é Bitcoin. Se você é uma pessoa de economia e curiosa, já sabe o que é Bitcoin  Se você é um libertário, já sabe o que é bitcoin. O difícil é evitar o Bitcoin na verdade”, diz.

Nos últimos cinco anos, o assunto ficou tão em voga que, para Song, é muito difícil que alguém com acesso à informação não tenha ao menos ouvido falar sobre o assunto.

“Se você não demonstrou nenhuma curiosidade sobre o assunto após 14 anos de existência da criptomoeda, eu sinto muito. Existe alguma esperança para essa pessoa?”

Ethereum (ETH) “flutua junto com os ventos”

Para os que dizem que Ether (ETH) é o “ultra sound money”, uma referência a ser melhor que o Bitcoin, chamado de “sound money”, Song diz que diz que essas pessoas não fazem a mínima ideia de como a Ethereum funciona.

“Primeiramente, eles fizeram uma enorme pré-mineração, então existe uma grande quantidade de tokens que ainda não estão no mercado. Acho que a Ripple (XRP) fez a mesma coisa antes deles. O fato é que, por ter feito a pré-mineração, eles podem ser como um banco central, onde despejam a liquidez que o mercado permite. De forma a mudar o fornecimento devagar.”, explica

Song crítica a atualização, The Merge, e diz ser pior ainda. Para ele, a mudança no algoritmo foi feita para que gere receita para a equipe “assim como todos outros hard forks que fizeram”.

“Se você ver o fornecimento em circulação da Ethereum vai ver a constante mudança. Eles são basicamente um banco central, fazem o que quiserem, quando quiserem e pelo motivo que quiserem”, diz.

Conforme diz, isso não é ser “ultra sound money” já que não tem nenhuma previsibilidade. “Flutua junto com os ventos de quem quer que esteja no comando”, diz.

Song coloca que, no momento, quem manda é Vitalik Buterin, mas que o programador não vai viver para sempre, e por isso causa incertezas.

“Para as pessoas que estão dizendo que o Ether é ‘ultra sound money’, isso é apenas uma das narrativas que eles [equipe da Ethereum] tentam emplacar. Eu consigo ver eles literalmente sentados em uma sala pensando qual será a próxima narrativa que faremos para que o Ethereum suba de preço”, brinca.

Para ele, Web3, metaverso e DeFi não passam de narrativas de marketing. O programador ainda tira sarro do fato da Ethereum Classic ter a mesma base de programação, e não ser mais utilizada. “É tudo marketing”.

“Ultra sound money é puro marketing. Não significa nada, são apenas mentiras. Não acreditem neles e nem em suas promessas”, afirma.

NFTS, Web3 e empresas no meio

No que tange às empresas entrando no mercado de criptoativos através de NFTs e Web3, a opinião de Jimmy Song continua intacta. “Bitcoin é a única criptomoeda realmente descentralizada”, diz.

“Tudo isso é centralizado. Os NFTs são assegurados por alguém, um token é assegurado por uma pessoa, eles são os agentes centralizados. Por quê está confiando neles?”, questiona.

Song comenta acerca de uma pesquisa recente que mostra que cerca de 97,7% dos tokens negociados na Uniswap – maior corretora descentralizada da Ethereum – são “rugpulls” (golpes).

“Mesmo que você olhe para os 3% restantes, ainda teria de confiar em alguém. O grande ponto na descentralização é que você não precisa confiar em ninguém”, diz.

É tudo parte de um jogo especulativo, e manipulativo, e para Song, quem não entendeu isso vai ter as perdas que merece.

Stablecoins na rede Bitcoin (BTC)

Ao ser perguntado sobre iniciativas como a RSK Network, plataforma que busca implementar stablecoins na própria rede do Bitcoin, Song diz não enxergar necessidade.

“Eu sei que a RSK vem tentando fazer isso faz um tempo, onde tentam trazer Ethereum pack’ para o Bitcoin. Não acho que seja útil. É tudo um ’scam’ de qualquer maneira, para que colocar um ‘scam’ em algo legítimo [bitcoin]”, diz.

Song diz que, “por natureza”, stablecoins possuem um caráter centralizador muito forte. “Você pode tentar criar uma algorítmica, mas estas são muito piores”, diz.

O entusiasta reforça sua opinião com o caso de Terra (LUNA) que ruiu após sua stablecoin nativa, UST, perder a paridade com o dólar.

Confira a entrevista que o Crypto Times fez com Diego Gutierrez, criador da rede RSK:

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Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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