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Vale: 3 pontos que explicam a derrocada das ações para o menor patamar em 2021

20 set 2021, 19:03 - atualizado em 20 set 2021, 20:13
Vale
Nesta sessão, os papéis fecharam em queda de 3,3%, a R$ 83,31. Mais cedo, as ações chegaram a cair 5% (Imagem: Vale/Instagram)

A Vale (VALE3) foi do céu ao inferno em pouco menos de três meses. 

Em julho, o papel da maior mineradora do Brasil bateu em R$ 117, com a euforia dos mercados em meio à recuperação econômica e uma China com apetite cada vez maior. 

Porém, com o preço do minério derretendo, o valor de mercado da Vale acompanhou a queda.

Nesta sessão, os papéis recuaram 3,3%, a R$ 83,31. Mais cedo, as ações chegaram a cair 5%. Com isso, a empresa atingiu o menor patamar do ano. Em 2021, a gigante acumula queda de 8,9%.

Veja a seguir três pontos que explicam o porquê do papel ter caído tanto. 

1 – Preço do minério de ferro

Se acompanharmos a cotação do minério de ferro nos últimos meses, veremos uma correlação com os papéis da Vale.

Em maio, por exemplo, a commodity bateu em quase US$ 250 a tonelada, um recorde histórico. E, com isso, os papéis da Vale refletiram a alta. Porém, como já dizia o ditado, quanto maior a alta, maior a queda. E foi exatamente o que ocorreu.

O preço do minério de ferro derreteu mais de 50% desde que atingiu o recorde em maio, e alguns participantes do mercado não descartam que a commodity possa cair para US$ 70.

Nessa segunda-feira, os futuros em Singapura despencaram para US$ 95 sob a pressão da China para controlar a produção de aço.

A Bloomberg lembra que se o minério de ferro for negociado a US$ 90 em média no próximo ano, o Ebitda da Vale pode ficar abaixo da estimativa de consenso para 2022 em 38%.

Na semana passada, o UBS anunciou um duplo rebaixamento de recomendação para os ADRs da Vale, de compra para venda, enquanto o Bradesco BBI vê riscos em um ambiente volátil para os preços das commodities com tendência baixista.

Com as perdas, o minério de ferro se destaca como uma das commodities com pior desempenho e uma exceção em meio ao boom das matérias-primas, que elevou o alumínio para a maior cotação em 13 anos enquanto os preços do gás sobem e os futuros do carvão atingem níveis recordes.

Cotação dos futuros do minério de ferro ao longo dos anos (Fonte: Bloomberg)

2 – China ambientalmente correta

A China, uma das maiores poluidoras da Terra, quer se livrar dessa pecha e tomar atitudes mais sustentáveis: a potência asiática corre para cumprir a meta de volumes mais baixos este ano.

O país tem insistido que as siderúrgicas reduzam a produção para limitar as emissões de carbono. Agora, mais restrições podem estar a caminho para garantir céus azuis durante a Olimpíada de Inverno.

As medidas começam a surtir efeito, com a produção de aço no nível mais baixo em 17 meses em agosto e sinalizando queda no início de setembro.

Os volumes precisam cair 8,7% na comparação anual nos últimos quatro meses para atingir uma produção anual estável, de acordo com a China International Capital Corp.

Complexo imobiliário inacabado da chinesa Evergrande
Com uma possível derrocada da gigante, com certeza a economia chinesa iria ser afetada (Imagem: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

3 – Gigante de papel? A Evergrande 

Cresce a preocupação sobre a incorporadora mais endividada do mundo devido ao silêncio de autoridades chinesas sobre uma possível intervenção do governo para evitar um colapso.

As incertezas provocaram a maior onda vendedora de ações do setor imobiliário em Hong Kong em mais de um ano e atingiu vários segmentos, como papéis de bancos, de seguradoras como a Ping An Insurance e dívidas de alto rendimento em dólares.

Com uma possível derrocada da gigante, com certeza a economia chinesa iria ser afetada. 

As incertezas provocaram a maior onda vendedora de ações do setor imobiliário em Hong Kong em mais de um ano e atingiu vários segmentos, como papéis de bancos, de seguradoras como a Ping An Insurance e dívidas de alto rendimento em dólares.

A Evergrande tem cerca de US$ 300 bilhões em passivos, mais do que qualquer outra incorporadora imobiliária no mundo

É uma gigante no mercado de títulos de alto rendimento em dólares da China, respondendo por cerca de 16% das notas em circulação.

As ações da Evergrande chegaram a cair 19% na segunda-feira, o que derrubou seu valor de mercado para uma mínima histórica por um breve período. A ação fechou em baixa de 10%.

Com Bloomberg

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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