Comprar ou vender?

Vale (VALE3): 3 pontos que mostram ação menos arriscada, segundo BTG; hora de comprar?

24 maio 2024, 13:51 - atualizado em 24 maio 2024, 13:51
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BTG vê sinais de melhora, mas recomendação permanece neutra

A ação da Vale (VALE3) vivenciou um inferno astral nos primeiros meses do ano. Fraqueza do minério de ferro, multa do desastre de Mariana e impasse na troca do CEO, com direito a influência do governo na escolha. Tudo isso fez com que o papel acumulasse queda de 15%.

Porém, aos poucos, esses riscos estão se dissipando, destaca o BTG em relatório enviado a clientes nesta sexta.

Segundo os analistas Leonardo Correa, Caio Greiner e Bruno Lima, embora ainda exista dúvida sobre as provisões, mudança de CEO e, em última análise, a eficácia do estímulo chinês, há que se admitir que as perspectivas têm mostrado sinais de melhoria recentemente.

“Os preços do minério de ferro retornaram para US$ 120 a tonelada, as perspectivas para o segundo trimestre parecem boas (Ebitda de 30% t/t), os preços dos metais básicos estão melhorando significativamente e as autoridades chinesas estão liberando suporte com mais força”, discorrem.

Apesar disso, os analistas preferem esperar mais sinais antes de alterar a recomendação para compra. Mesmo assim, o trio não deixa de destacar que a dinâmica dos resultados melhorou e que a tese para investidores com foco no curto prazo está mais clara.

“Esta parece ser uma boa história de aceleração no 2T, e esperamos que a administração continue reduzindo o risco operacional da empresa (estimativa de volumes de minério de ferro para 2024 de 310-320Mt será entregue)”, coloca.

Analisando o valuation, o BTG luta para ver grandes upsides (potencial de alta), “mas acreditamos que as ações permanecem descontadas negociadas 4 vezes o Ebitda de 2024 e rendimentos de dividendos mais próximos de 9%”.

O preço-alvo é de R$ 77, o que abre potencial de alta de 18% ante o fechamento da última quinta-feira (23).

Melhora na China

Maior parceiro comercial do Brasil e grande comprador do minério de ferro da Vale, a China dá sinais de melhora. Os analistas, no entanto, recordam que há poucas dúvidas de que a bolha do mercado imobiliário do país estourou há alguns anos e o setor deverá ser menos relevante no longo prazo.

“No entanto, a nossa sensação é que os investidores ficaram muito preocupados com o nível de deterioração recente no indicador de novas construções e no m2 vendido, ainda caindo mais de 20% em termos anuais”, discorrem.

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Para reverter esse cenário, o governo chinês resolveu entrar em campo introduzindo uma série de medidas, incluindo:

  • 41 bilhões de dólares para comprar estoque de imóveis não vendido, procurando acelerar a conclusão de empreendimentos inacabados;
  • pagamentos iniciais (financiamento) substancialmente menores (em alguns casos para apenas 10%),
  • maior disponibilidade de crédito para o setor e taxas hipotecárias menores

“Embora o tamanho do pacote seja pequeno (alguns economistas estimam que seja necessário acima de 10 vezes o tamanho atual), a percepção de urgência parece ter mudado”, explica.

Além disso, para o BTG os riscos de cauda da China parecem ter desaparecido ultimamente, com uma taxa de crescimento de 5% bem encaminhada para 2024, suportada por uma balança comercial incrivelmente forte de 60 a 70 bilhões de dólares/mês e pela indústria (crescimento de produção industrial de 6,7% em abril).

Minério de ferro

Após o início de 2024 em um nível elevado de cerca de US$ 140/t, os preços caíram abaixo de US$ 100/t em abril, mas desde então se estabilizaram na faixa de US$ 115-120/t, o que os analistas consideram mais sustentável.

A queda nos preços do minério de ferro há alguns meses foi impulsionada por preocupações com a demanda (estresse imobiliário + cadeia siderúrgica pressionada), juntamente com volumes inesperadamente fortes do Brasil e da Austrália no início do ano.

“Essa maior oferta levou os estoques portuários na China a ultrapassarem 140 Mt, o nível mais alto desde 2022”, completa.

Recentemente, porém, os analistas viram alguns desses pontos de pressão diminuírem, principalmente devido à melhoria do sentimento em torno da economia chinesa e dos estímulos ao mercado imobiliário.

Menos ruídos para Vale?

Os analistas destacam que desde o início do ano, a Vale tem enfrentado uma pressão significativa do governo brasileiro em três questões principais.

Negociação com a Samarco

O BTG acredita que o impacto financeiro mais substancial teve boas notícias.

A Vale propôs um acordo que não exigiria o aumento de suas provisões de US$ 4,2 bilhões. Embora esta proposta tenha sido supostamente rejeitada pelo governo, os analistas acreditam que empresa apresente uma nova proposta em breve.

“Apesar de ser difícil prever o resultado, acreditamos que o mercado já incorporou cerca de 2 a 3 bilhões de dólares adicionais em provisões. Parece improvável que a Vale se contente com um negócio que exceda esse valor”, destaca.

A sucessão do CEO

Também tem sido um tema quente entre os investidores, embora pareça ter diminuído um pouco nas últimas semanas (ou apenas sido temporariamente deixado de lado, na verdade).

“A governança da Vale parece ter prevalecido, e o conselho está abrindo caminho para uma transição tranquila, com um cronograma claro já divulgado”, coloca.

Na última quinta, a Vale contratou a consultoria Russell Reynolds para a seleção do novo CEO.

Ministério dos Transportes

Por fim, a empresa também parece estar tratando das renovações das concessões ferroviárias sem impacto relevante no valor presente líquido (VPL) para a Vale, “o que consideramos um resultado positivo”.

Em janeiro,Governo Federal, por meio do Ministério dos Transportes, cobrou R$ 25,7 bilhões da Vale por conta de uma outorga de concessão da Estada de Ferro Carajás e Vitória Minas.

A cobrança diz respeito a outorgas não pagas na renovação antecipada de contratos, que ocorreu ainda na gestão Bolsonaro, em 2020. O contrato de Carajás, por exemplo, venceria em 2027, mas foi antecipado por mais 30 anos.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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