Mercados

Vale (VALE3) e siderúrgicas derretem e a culpa é da China; entenda

06 mar 2023, 16:20 - atualizado em 06 mar 2023, 16:43
Vale
Ações da Vale e de siderúrgicas são destaques de baixa no Ibovespa, após meta modesta da China de crescer ao redor de 5% neste ano (Imagem: Bloombeg)

As ações da Vale (VALE3) e das siderúrgicas figuram entre os destaques de baixa no Ibovespa (IBOV), em reação à meta “modesta” da China de cerca de 5% para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. O número ficou abaixo da expectativa de um alvo mais ousado, entre 5,5% e 6%.

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Por volta das 16h na B3, CSN ON (CSNA3) liderava o ranking de maiores baixas, caindo 4,17%, seguida de perto pela Vale ON, com -3,35%. Na sequência, estavam Gerdau PN (GGBR4), com -3,16%, e Gerdau Metalúrgica ON (GOAU4), com -2,71%. 

Esse comportamento negativo está alinhado ao desempenho das commodities metálicas e ações de mineradoras lá fora. O minério de ferro fechou em queda de 2% no mercado futuro chinês em Dalian. Na Bolsa de Londres, Rio Tinto fechou em queda de 2,8% e a BHP cedeu 2,41%. 

A meta mais fraca do que a expectativa dos mercados para o crescimento econômico da China em 2023 atingiu em cheio as commodities e ações de empresas exportadoras. No entanto, a economista-chefe do ING para a região, Iris Pang, explica que esse objetivo chinês mais comedido reflete uma demanda externa mais fraca. 

Por isso, a China deve dar mais atenção à retomada do consumo doméstico. “O governo chinês percebe que um mercado externo enfraquecido vai impor desafios às indústrias chinesas relacionadas à exportação”, explica a economista do banco holandês, em relatório.

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PIB não é o mais importante

No entanto, mais importante do que o número em si, é a mensagem do governo chinês durante a abertura do Congresso Nacional do Povo (NPC, na sigla em inglês) neste fim de semana. Para o sócio-fundador na Plenum, Long Chen, o início da chamada Duas Sessões representou “nada” em termos de políticas econômicas – tanto que o relatório de trabalho do governo deste ano, lido pelo atual primeiro-ministro, Li Keqiang, dedica mais páginas sobre o passado do que sobre o futuro.

Segundo Chen, a versão chinesa do relatório tem 32 páginas. Desse total, 26 páginas falam sobre o passado e apenas seis páginas referem-se a este ano.

Para efeitos de comparação, o relatório de 2022 tinha 30 páginas, sendo apenas oito páginas sobre o passado e 22 páginas sobre as perspectivas. Ou seja, foi praticamente o inverso do que se viu ano passado.

“O evento será principalmente sobre remodelação organizacional e de lideranças, não sobre economia”, diz o sócio-fundador na consultoria independente, pelo LinkedIn. Ele se refere à nova equipe sênior da China, que inclui a troca de comando no cargo de primeiro-ministro, com Li Qiang cotado para assumir.

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Em sua coluna mensal, o renomado especialista Robert Lawrence Kuhn lembra que Qiang trabalhou em estreita colaboração com o presidente chinês Xi Jinping por cerca de 20 anos. Em outubro do ano passado, Qiang foi nomeado o número 2 do Partido Comunista Chinês (PCCh) no 20º Congresso Nacional do Partido, atrás apenas do líder máximo

Foco em ESG e tecnologia

Ainda que a meta do PIB em 2023 não seja a mais importante, é válido observar onde estará o foco principal da China neste ano. Segundo a economista-chefe do ING, são dois pilares: governança socioambiental (ESG) e autossuficiência tecnológica.

Tecnologia e ESG serão os fortes impulsionadores do crescimento”, resume Pang. No entanto, ela chama a atenção para o fato de esses dois fatores estarem relacionados à expansão econômica no longo prazo – e não apenas em 2023. 

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“Essas duas áreas devem atrair mais capital para investimentos e medidas de apoio do governo, bem como do setor privado”, prevê a economista. As taxas de crescimento em ambas as indústrias devem ser altas, tal qual se viu no caso de painéis solares anos antes.

Ainda assim, ela não vê o governo chinês disposto a gastar muito para impulsionar a atividade. “As lideranças estão concentradas mais nos desafios de crescimento de longo prazo, mas atingir essas metas não parece muito desafiador”, conclui.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
olivia.bulla@moneytimes.com.br
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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