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Valor de venda de refinaria da Petrobras é questionado em debate; TCU ainda avalia preço

01 jun 2021, 13:36 - atualizado em 01 jun 2021, 13:36
Eduardo Costa Pinto
Segundo ele, a avaliação é de que novos investidores trazem mais recursos para a empresa e para o País. Ele estima em 15 meses o tempo de transição para o novo comprador (Imagem: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados)

O valor de venda da refinaria da Petrobras (PETR4;PETR3) de Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, foi questionado em audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (1°). A refinaria foi vendida para o Grupo Mubadala – fundo financeiro de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes – pelo valor de US$ 1,6 bilhões.

Essa é uma das oito refinarias da Petrobras em processo de “desinvestimento”, segundo Rafael Chaves Santos, gerente-executivo de Estratégia da estatal. Conforme ele, a venda segue diretriz do Estado brasileiro e foi aprovada em março pela diretoria-executiva e pelo conselho de administração da Petrobras.

Segundo ele, a avaliação é de que novos investidores trazem mais recursos para a empresa e para o País. Ele estima em 15 meses o tempo de transição para o novo comprador.

De acordo com o executivo, mais de R$ 9 bilhões serão investidos pelo novo grupo, com a garantia de preservação da refinaria no estado da Bahia e dos empregos, para os concursados que quiserem permanecer na Petrobras. O empregado que quiser sair pode aderir aos planos de desligamento ofertados.

Valor justo

O pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Eduardo Costa Pinto, frisou que a Petrobras inicialmente estimou o valor justo da refinaria em cerca de US$ 3 bilhões (em meados do ano passado), assim como o Ineep (em dezembro do ano passado).

Já a XP, em fevereiro deste ano, estimou o valor de venda em US$ 3,5 bilhões (o qual depois foi reduzido), e o BTG estimou o valor em US$ 2,5 bilhões.

Em março, o valor foi ajustado pela Petrobras para US$ 1,7 bilhão por conta dos impactos da pandemia de Covi-19. O Ineep considera equivocada a ideia de que a pandemia teria provocado profundas mudanças nos parâmetros.

“O preço de US$ 1,6 bilhão é, sim, muito abaixo do que a Rlam poderia ter sido vendida”, avaliou. Para ele, a redução beneficia o comprador, porque vai aumentar a taxa de retorno. “Valor justo” significa o quanto o ativo vai render no futuro de receitas, ou seja, o retorno esperado da Rlam para o proprietário.

O pesquisador acrescentou que, com a venda, o monopólio estatal pode se transformar em monopólio privado regional. Eduardo ressaltou que, além da refinaria, o Grupo Mubadala está adquirindo um pacote logístico de dutos até os terminais de Jequié e Itabuna, e acesso para o escoamento ferroviário para produtos para o mercado de Minas Gerais.

Além disso, conforme Costa Pinto, o País poderá ter apagão de combustíveis, já que, com as privatizações, a estatal deixa de responder pela coordenação do abastecimento.

Processo no TCU

Secretário de Fiscalização de Infraestrutura de Petróleo e Gás Natural do Tribunal de Contas da União, Alexandre Carlos Leite de Figueiredo explicou que questões relacionadas ao preço de venda da refinaria ainda não foram analisadas no mérito pelo TCU.

O tribunal já definiu que não há necessidade de medida cautelar para o processo de venda da Rlam, mas segue a análise do mérito da adequação do preço. O Sindicato dos Petroleiros da Bahia protocolou denúncia no TCU afirmando que a alienação foi feita por um preço vil, pedindo a cautelar.

“Até o momento a unidade técnica não encontrou evidências que desabonem a metodologia de precificação aplicada pela Petrobras, por isso a indicação de não necessidade de medida cautelar, com uma avaliação de mérito ao final”, explicou Figueiredo.

Ele destaca que o valor ofertado se encontra acima do estimado no cenário base da Petrobras na avaliação interna elaborada e acima ou dentro das avaliações externas.

Os trabalhos técnicos, segundo o secretário, encontram-se em fase final e serão levados ao Plenário do TCU para a decisão do mérito. Ele acrescentou que o fechamento do negócio está previsto apenas para novembro, e nesse intervalo qualquer manifestação do TCU ou Cade pode paralisar as negociações.

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