Economia

Veja 5 apostas e 5 riscos para a América Latina em 2020, segundo o Goldman Sachs

24 nov 2019, 9:00 - atualizado em 24 nov 2019, 0:41
Goldman Sachs projeta uma pequena deterioração fiscal e da balança de pagamentos dos países da América Latina (Imagem: Pixabay)

Por Paula Salati/Investing.com

O Goldman Sachs espera um cenário de crescimento econômico moderado para a América Latina em 2020 e continuidade de taxas de inflação e de juros em níveis mais baixos. Apesar disso, o banco projeta uma pequena deterioração fiscal e da balança de pagamentos.

Confira abaixo as 5 principais projeções para AL no próximo ano:

1. Crescimento econômico melhora, mas avanço ainda é gradual. O Goldman está esperando uma aceleração do crescimento da América Latina. O banco projeta que o PIB da região deve passar de uma alta de 0,9% em 2019, para uma expansão de 1,7% em 2020. Boa parte dessa melhora é puxada pelo Brasil.

Depois de passar por três anos com um crescimento decepcionante, é esperado que o PIB do país saia de 1%, para 2,2% em 2020.

O Goldman também está mais positivo com a economia do México, que deve acelerar de 0,1% este ano, para 1,1% em 2020. Já os indicadores da Argentina, vizinho que ainda por uma forte crise econômica, são ainda preocupantes.

A expectativa é que a economia do país caia 2,9% este ano e tenha mais uma retração de 1,3% em 2020. Por outro lado, Colômbia (+3,4%) e Peru (+3,3%) irão performar bem. Para o Chile, que passa por fortes tensões sociais, a expectativa é de crescimento de 1,7%.

Para o Brasil, o cenário continua muito favorável e a tendência é de que os preços fiquem em torno de 3,8% até 2021 (Imagem: Pixabay)

2. Inflação baixa e sob controle. No geral, não há riscos inflacionários para a região. O Goldman destaca que os preços dos serviços e o núcleo dos índices de preços estão bem controlados.

Para o conjunto dos países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru), a expectativa é que a inflação recue de 8,6% em 2019, para 7,9% em 2020. Excluindo desta conta a elevada inflação da Argentina, a expectativa fica mais benigna.

Neste caso, a projeção do Goldman é que os índices de preços da região fiquem entre 3,0% e 3,5% até 2021.

Para o Brasil, o cenário continua muito favorável e a tendência é de que os preços fiquem em torno de 3,8% até 2021. O destaque negativo está mesmo com a Argentina.

Este ano, os preços do nosso vizinho devem ter alta de 53,9% e se deslocar para 37% ao final de 2020, diante de um enfraquecimento da demanda interna e política de congelamento de preços. Para os demais países, as projeções são: Colômbia (+3,3%); Chile (+2,7%); Peru (+2,0).

Argentina Bandeira
O banco também acredita em uma flexibilização monetária na Argentina (Imagem: Reuters/Marcos Brindicci)

3. Queda das taxas de juros. Com exceção da Colômbia, onde os juros irão se manter em 4,25% ao ano, a expectativa é de mais flexibilização monetária em 2020.

No caso do Brasil, como o IPCA tem rodado em níveis historicamente baixos, o Banco Central (BC) tem visto mais espaço para reduzir a taxa Selic, que também vem batendo mínimos históricos.

Hoje a taxa está em 5,00% ao ano e o Goldman Sachs vê esse juros cair para 4,25% até o final de 2020. O banco também acredita em uma flexibilização monetária na Argentina, por conta até mesmo do novo perfil do governo, mas não especificou uma projeção. Para os demais países são: Chile (1,00%), México (6,00%) e Peru (2,00%).

4. Déficit em balança de pagamentos pode aumentar. Isso deve ocorrer de forma moderada, tendo em vista a expectativa de crescimento do PIB e de entrada de investimento estrangeiro direto (IED) nos países latino-americanos.

Para o Chile e Colômbia é esperado “leves melhoras” nos déficits. No relatório, o banco lembra que a conta corrente da Argentina foi ajustada rapidamente por conta da depreciação da moeda e forte contração do mercado interno. “Esperamos que esse ajuste continue em 2020, apoiado pelos mesmo drivers”, diz o Goldman.

México
Espera-se ainda que o México tenha um superávit primário modesto em 2020 (Imagem: REUTERS/Henry Romero)

5. Contas públicas em leve deterioração. No geral, a expectativa para as contas dos governos latino-americanos não é muito positiva.

A Argentina deverá interromper três anos seguidos de melhoria em sua situação fiscal, enquanto as pressões sociais e políticas em cima do governo chileno deverão elevar os gastos públicos.

Espera-se ainda que o México tenha um superávit primário modesto em 2020.

“No Brasil e na Argentina, não prevemos saldos fiscais primários mais fortes, mas, pelo menos no caso do Brasil, o déficit fiscal deverá ficar mais baixo, impulsionado pelo impacto nos pagamentos de juros”, afirma o banco americano.

Guerra Comercial
Com a intensificação da guerra comercial entre EUA e China, há uma desaceleração do comércio global e, consequentemente, uma diminuição dos fluxos de investimento (Imagem: Reuters/Aly Song)

O Goldman Sachs também listou os cinco principais riscos externos para América Latina em 2020. Veja a seguir:

1. Eleições presidenciais nos EUA – as turbulências do período de campanha e o resultado das eleições podem impactar os humores do mercado financeiro global e as diretrizes políticas para alguns países da região, especialmente com relação ao México.

2. Escalada da guerra comercial – com a intensificação dos conflitos, há uma desaceleração do comércio global e, consequentemente, uma diminuição dos fluxos de investimentos, além de um crescimento econômico menor dos principais parceiros comerciais dos países latino-americanos (China e EUA).

3. Desacelaração brusca das entradas de capital – caso ocorra algum choque global que aumente a percepção de risco dos investidores, estes passarão a migrar para investimentos de menos risco, reduzindo a liquidez no mundo e o apetite para os mercados emergentes. Neste cenário, o custo de captação externa para o governo e as empresas também se eleva.

4. Queda dos preços das commodities – caso as tensões comerciais se intensifiquem, isso tem um impacto de baixa direto nos preços das commodities, afetando as exportações dos países da região.

5. Economia da China – Desaceleração maior do que a esperada do crescimento econômico da China ou mudança da política monetária do país asiático.

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