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Veja as melhores métricas para analisar o mercado cripto, segundo especialistas

30 abr 2022, 18:00 - atualizado em 30 abr 2022, 12:02
Métricas cripto
O Crypto Times conversou com especialistas para saber as melhores métricas para analisar o mercado de criptomoedas (Imagem: Freepik/rawpixel.com)

Entender o chamado “sentimento” do mercado, muitas vezes vai além do cenário macroeconômico global (político ou econômico). Existem diversas métricas utilizadas por especialistas que buscam analisar a precificação de uma criptomoeda ou do mercado cripto como um todo.

Essas métricas podem ser desde o saldo nas corretoras – para verificar o interesse e a liquidez do investidor naquele criptoativo – até a quantidade da moeda negociada em determinado período de tempo.

Algo que difere esse mercado do tradicional é a transparência do blockchain. Essa característica permite que dados como carteiras e movimentações de tokens sejam públicos, o que pode abrir um horizonte para novas métricas de temperatura do mercado.

O Crypto Times conversou com alguns especialistas para saber quais (e por que elas) são as melhores métricas para analisar o mercado cripto. Confira:

Como analisar uma criptomoeda ou o sentimento do mercado cripto no todo?

Eduardo Cruz, Head of Business Services da Bitso, diz que, no mundo das criptomoedas, não há uma única forma de medir ou mesmo comparar projetos diferentes, como é o caso do mercado tradicional.

“Porém, praticamente tudo é mensurável e existe muita informação disponível. Vou citar algumas que acredito ser importantes para o investidor ficar atento no mercado de criptomoedas, que podem ajudar a avaliar o projeto.”

O volume negociado é uma das citadas pelo especialista. Para ele, é uma métrica muito importante para se ter uma ideia da liquidez ou do apetite do mercado pela moeda.

“Acredito que seja importante ver o volume negociado ao longo de um período. Algumas moedas podem ter picos esporádicos, mas somente as mais sólidas conseguem manter um volume negociado alto e consistente ao longo do tempo.”

Ele também diz que é importante levar em conta a escassez de uma moeda no mundo das criptomoedas. O total de moedas e a quantidade em circulação ajudam neste aspecto.

“Enquanto o bitcoin somente terá 21 milhões de BTC totais e já conta com pouco mais de 19 milhões em circulação, o XRP terá praticamente 100 bilhões e hoje já conta com mais de 48 bilhões em circulação. Algumas outras criptomoedas contam com centenas de trilhões de moedas em circulação.”

Ele finaliza dizendo que, caso o investidor queira entrar em mais detalhes, pode buscar informações, como o número de endereços ativos ou com saldo, a concentração ou distribuição de moedas por endereços, o número de transações em determinado período, entre outros.

Em cripto, métricas não são apenas números

Guilherme Bento, assessor de renda variável especialista em criptoativos da Acqua Vero, diz que, para analisar uma criptomoeda, é necessário “voltar lá atrás” e pesquisar desde o começo.

“Desde a comunidade, como que ela está engajada no projeto, uma vez que é um dos fatores mais fundamentais desse mundo de criptoativos e NFTs. É importante também olhar o roadmap [planejamento] que demonstra a saúde do projeto, ou seja, para onde ele vai”, explica.

Para ele, um ponto importantíssimo é saber quem está por trás do projeto. Bento alerta que é um ponto crucial pois existem muitos golpes nesse mercado como “pump and pump” – inflar e largar, na tradução.

“O ‘tokenomics’ também é algo para ficar atento: se vai ocorrer queima dos ativos (processo usado para diminuir a oferta no mercado e elevar a demanda), quantos tokens vão ficar na mão dos desenvolvedores e quanto seria o fornecimento circulante (criptomoedas disponíveis para negociação).”

Bento diz que além dessas medidas, o “market cap” (capitalização de mercado, ou fornecimento circulante multiplicado pelo valor unitário do ativo) de um criptoativo é muito importante ao analisar um projeto.

“Às vezes, um ativo foi lançado com um fornecimento circulante de 100 bilhões na moeda. Nesse caso, se a moeda for cotada a R$ 10, ela vai bater o bitcoin (BTC) em capitalização de mercado. Esse não seria um bom projeto para investir”, explica.

O assessor finaliza dizendo que as corretoras em que a criptomoeda está sendo negociada também podem ser usadas como um indicador de qualidade: “É interessante estar atento se ela está nas grandes corretoras como Binance, FTX, Mercado Bitcoin, entre outras consolidadas.”

Bom olhar dinheiro na mão… dos outros

André Franco, head de research do Mercado Bitcoin, diz que a equipe de análise interna da corretora cripto costuma olhar bastante o saldo de bitcoin saindo das corretoras.

Para ele, é importante ficar atento ao dinheiro na mão do “long term holder”, ou investidor de longo prazo, uma métrica do site de análises onchain (dados tirados do blockchain) chamado Glassnode.

“Outra métrica que olhamos bastante é dos bitcoins que não se movem há mais de um ano. Ultimamente, são dados que vêm se mostrando positivos, algo que difere muito do preço atual do bitcoin”, diz.

No caso de Ethereum (ETH), Franco comenta que uma métrica boa é a quantidade de tokens ethers em staking (processo de validação da rede em troca de recompensas).

“Já que a rede vai ser atualizada e aqueles tokens vão ficar travados por um bom tempo, essa métrica mostra o interesse e a confiança do investidor de longo prazo.”

Um olho no macro e outro na cripto

Conforme aponta Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset Management, existe uma abundância de dados no mercado de ativos digitais, e “a possibilidade de se extrair informações real time dos próprios protocolos aumenta cada vez mais com a adoção de cripto como classe de ativo.”

Para Ludolf, alguns dos principais indicadores que acredita que qualquer investidor precisa ficar de olho fazem parte do mercado tradicional: 

VIX – índice de volatilidade do S&P, medida de aversão a risco, vide volatilidade implícita da estrutura de opções do S&P.

Nível e variação das Treasuries e Bunds – ele explica que o apetite por risco é impactado pelos juros. Juros mais baixos incentivam a tomada de risco e vice-versa, “por isso é importante entender a dinâmica de juros no mundo e como ela impacta os fluxos de capital para investimentos de risco”.

“Ficar de olho no nível e na inclinação das curvas de juros dos países desenvolvidos é extremamente importante”, diz o especialista.

S&P/Nasdaq – “A dinâmica dos principais índices de ações mundiais também não pode passar despercebida, em especial o Nasdaq, para medir o apetite e a dinâmica das empresas mais estabelecidas de tecnologia para o apetite de risco por tecnologia.”

No caso da análise onchain, ele diz que existem algumas métricas que agregam muito valor, como número de endereços ativos e número de transações de cada blockchain.

“Acompanhamos bem de perto o saldo médio das carteiras de bitcoin e outros protocolos, como sinal de adoção e penetração. Também é importante acompanhar os endereços que acumulam os maiores montantes de tokens e quando investidores grandes começam a vender ou acumular ainda mais, o que é conhecido como acompanhar o fluxo das baleias.”

Também é dito pelo diretor que a equipe acompanha o volume de bitcoin e outros tokens disponíveis nas carteiras de corretoras (disponíveis para venda) em relação aos tokens que estão em custódias a frio (guardados de forma segura, sem intenção de venda imediata). 

“Esses indicadores afetam o preço de equilíbrio dos protocolos, pois sinalizam mudanças marginais do lado da oferta de tokens disponíveis para venda imediata”, finaliza.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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