Mercados

Veja o que esperar para os mercados nesta semana

21 abr 2019, 18:52 - atualizado em 21 abr 2019, 22:08
Mercado está de olho no avanço da votação da reforma da Previdência

Por Arena do Pavini

A próxima semana terá como destaques nos mercados financeiros a expectativa com a votação da proposta de reforma da Previdênciana Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A votação do parecer deveria ter ocorrido na semana passada, mas foi barrada pelo Centrão, que além de passar na frente o projeto que torna automática a liberação dos valores das emendas dos parlamentares no chamado orçamento impositivo, ainda exigiu mudanças no texto da Previdência agora, antes de o projeto ir para a comissão especial que vai analisar cada ponto.

Sob pressão dos partidos do Centrão, o governo convocou o secretário da Previdência, Rogerio Marinho, para intervir na articulação política. Com isso, a votação na CCJ foi adiada para o dia 23 e diversos pontos estariam em negociação para ficar de fora da reforma já na primeira comissão, embora nenhum tenha impacto fiscal, segundo a XP Investimentos.

O que o Centrão quer mudar

Entre os pontos que podem mudar agora está a eliminação da exigência futura de que apenas o presidente possa propor alterações em 11 pontos da Previdência, como idade mínima e tempo de contribuição. Também não seria mais facilitada a mudança na idade de aposentadoria compulsória dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Seria mantida a multa de 40% do FGTS na demissão sem justa causa de aposentados, bem como a regra atual que transfere o julgamento de questões previdenciárias para a Justiça estadual nos locais onde não houver Justiça Federal. Os deputados querem ainda eliminar o parágrafo que veda decisões judiciais e novas leis que ampliem benefícios da seguridade sem fonte de custeio.

Líder resume: base do governo não existe

O governo conseguiu manter a proposta de restringir o abono salarial pelo menos até que o mérito do projeto seja analisado pela comissão especial. Mas o mercado estará atento e novas derrotas e adiamentos terão impacto negativo na bolsa e farão o dólar subir. No fim de semana, o líder do governo na Câmara, deputador Major Vitor Hugo, resumiu bem a atual situação afirmando que falta ao governo uma base. “Ela simplesmente não existe”, disse, tentando justificar os “contratempos” que a articulação política do governo tem enfrentado.

Onyx e a trava de Bolsonaro na Petrobras

O mercado estará atento ainda à discussão em torno da greve dos caminhoneiros. Pegou mal a declaração do ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, feita em reunião com lideranças dos caminhoneiros, afirmando que o presidente Jair Bolsonaro “já deu uma trava na Petrobras”, referindo-se à suspensão temporária do reajuste do diesel depois da intervenção do presidente e que provocou forte desgaste da empresa e da equipe econômica. Após todo o esforço do ministro da Economia, Paulo Guedes, em garantir que não haverá intervenção na empresa, a fala do ministro volta a complicar o ambiente. Há também o receio de que o governo não consiga evitar uma nova paralisação dos caminhoneiros. Espera-se alguma medida para tentar evitar o impacto do aumento do diesel, sem prejudicar a Petrobras.

Ibovespa subiu 1,83% na semana; estrangeiro sai

O Índice Bovespa fechou aos 94.578 pontos na sexta-feira, em alta de 1,39%, acumulando +1,83% na semana, recuperando as perdas provocadas pela intervenção de Bolsonaro na Petrobras e pelo adiamento da reforma a Previdência. Mesmo assim, o índice ainda cai -0,88% no mês, subindo 7,61% no ano e +10,26% em 12 meses. Neste mês, os investidores estrangeiros já tiraram R$ 3,043 bilhões do mercado de ações brasileiro, tornando o saldo no ano negativo em R$ 1,791 bilhão.

O dólar comercial encerrou a semana cotado a R$ 3,9300 para venda, com queda de 0,13% no dia e acumulando alta de 1,08% na semana, +0,36% no mês, +1,42% no ano e +16,27% em 12 meses.

Prévia da inflação oficial deve acelerar

Na área econômica, o destaque da semana que vem será o IPCA-15 de abril, que fecha 15 dias antes e serve de prévia para o IPCA do mês, usado pelo Banco Central (BC) em seu regime de metas. O número sai na quinta-feira. O Banco Fator espera uma aceleração da inflação este mês em relação a abril, para 0,63%, acumulando 4,62% em 12 meses, mas prevê que o avanço dos preços dos alimentos perca força. O Banco Safra estima alta mensal de 0,66% e, em 12 meses, de 4,65%.

Setor externo e crédito

O Fator destaca também na semana as notas do Banco Central à impressa referentes ao setor externo na quinta-feira, com o resultado do balanço de pagamentos, e as operações de crédito de março. O Safra estima um superávit de contas correntes de US$ 100 milhões e um saldo de investimento estrangeiro direto de US$ 7,8 bilhões.

Na sexta-feira, o BC divulga os dados de crédito do mês de março, que trarão novos dados sobre a atividade econômica no primeiro trimestre do lado dos tomadores de empréstimos para consumo nas pessoas físicas e investimento e capital de giro nas empresas.

Arrecadação e emprego

A Arrecadação Federal também será divulgada na próxima semana pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), mas ainda sem dada definida. O Fator espera um saldo de R$ 117,23 bilhões em março, que, se concretizado, significaria alta de 11% em relação a março de 2018. Com isso, a arrecadação acumulada em 12 meses, em termos reais, voltaria ao nível de fevereiro de 2015. Já o Banco Safra estima arrecadação de R$ 110,6 bilhões.

Também sem data definida, sai na semana que vem o saldo de empregos formais divulgado pelo Ministério da Economia no Caged de março. Com a economia patinando neste início de ano por conta das confusões criadas pelo governo e da ampliação da incerteza com a capacidade de Bolsonaro aprovar uma boa reforma da Previdência, o resultado do Caged não deve vir muito positivo.

PIB dos EUA, atividade na Europa e juros no Japão

No calendário internacional, o destaque da próxima semana será a divulgação da primeira prévia do PIB do primeiro trimestre dos Estados Unidos, na sexta-feira. Antes, na quarta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) divulga seu Boletim Econômico da zona do euro, e o Banco do Japão (BoJ) faz sua reunião para discutir os juros básicos, hoje negativos, em -0,10% ao ano.

Argentina retoma o tango com o populismo

Mais perto, é preciso ficar de olho na Argentina, onde o presidente Mauricio Macri entrou em campo para a campanha das eleições de outubro, para a qual pesquisas apontam vantagem de Cristina Kirschner, congelando preços de produtos da cesta básica, tarifas administradas, preços de remédios, “enfim, um pacotão populista”, resume o Banco Fator. A inflação em 54% e o desemprego elevado são os maiores cabos eleitorais da oposição, destaca o banco. A economia argentina dá sinais de estar indo ainda pior do que se reavaliou há dois meses.

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