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Vencedor do Nobel pede que bilionários ajudem no combate à fome

20 out 2020, 16:08 - atualizado em 20 out 2020, 16:08
Mais pessoas passam fome com as mudanças provocadas pela pandemia nas cadeias de suprimento de alimentos, com economias afetadas e menor poder de compra dos consumidores (Imagem: Pixabay)

O vencedor do Prêmio Nobel da Paz deste ano faz um apelo para que os super-ricos ajudem a combater a crescente crise de fome global, quando governos desviam esforços para ajudar economias em dificuldades.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) quer que bilionários e grandes empresas aumentem as contribuições para combater a fome, que geralmente leva à instabilidade política e ao deslocamento em massa de pessoas.

Os governos normalmente fornecem a maior parte do financiamento para a agência das Nações Unidas, mas há preocupações crescentes de que a ajuda será insuficiente devido ao maior foco nos problemas causados pelo coronavírus.

O próximo ano “nos assusta além do imaginável”, disse o diretor executivo do PMA, David Beasley, em entrevista de Roma. “No curto prazo imediato, precisamos que o setor privado dê um passo à frente e preencha essa lacuna. Caso isso não aconteça, será catastrófico.”

Mais pessoas passam fome com as mudanças provocadas pela pandemia nas cadeias de suprimento de alimentos, com economias afetadas e menor poder de compra dos consumidores.

O PMA pretende ajudar até 138 milhões de pessoas neste ano, o maior número em sua história de seis décadas. Ainda assim, a insegurança alimentar pode afetar quase o dobro dessa quantidade, um problema agravado pela alta dos preços.

No ano passado – antes de a crise de Covid -, a agência conseguiu arrecadar um recorde de US$ 8 bilhões para serem usados em 2020, com EUA, Alemanha e Reino Unido entre os maiores doadores.

O PMA já precisa de US$ 5 bilhões extras para cobrir os seis meses até março e busca US$ 15 bilhões para ajudar pessoas famintas no próximo ano. O dinheiro está chegando, mas o PMA disse que é significativamente curto.

Empresas como a gigante do agronegócio Cargill, Mars e Bank of America aumentaram as ajudas após a pandemia. A Cargill prometeu um adicional de US$ 1 milhão para igualar o prêmio Nobel da Paz ao PMA, disse Beasley. Separadamente, bilionários como Jeff Bezos, David Tepper e Oprah Winfrey prometeram recursos neste ano para combater a fome como parte dos programas de ajuda da Covid-19.

Beasley disse estar esperançoso de que os bilionários “darão um passo à frente”.

“Deterioração econômica, disrupção da cadeia de abastecimento, juntamente com o aumento das necessidades: 2021 não tem boas perspectivas”, disse. “Temos a solução. Temos uma vacina contra a fome e a desestabilização. Isso se chama comida, e só precisamos de dinheiro.”