Relações Internacionais

Venezuela x Guiana: Maduro faz exercício militar no litoral; veja vídeo

28 dez 2023, 17:35 - atualizado em 28 dez 2023, 18:02
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Brancaleone latino: Venezuela de Nicolás Maduro mobiliza tropas contra chegada do HMS Trent à costa da Guiana (Imagem: Facebook/ Nicolás Maduro)

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou a realização de exercícios militares no litoral de Sucre, no Mar do Caribe, nesta quinta-feira (28), envolvendo tropas do Exército, Marinha e Aeronáutica. Maduro anunciou as manobras em um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, elevando as tensões com a Guiana.

Segundo o jornal argentino La Nación, Maduro classificou os exercícios militares como “uma ação conjunta de caráter defensivo e como resposta à provocação e à ameaça do Reino Unido contra a paz e a soberania” da Venezuela.

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Na véspera do Natal, os britânicos anunciaram o envio do navio de guerra HMS Trent ao litoral guianês. Foi o primeiro passo concreto de envolvimento do Reino Unido na disputa territorial envolvendo Essequibo, após a visita de um representante da chancelaria britânica à Guiana no início de dezembro.

Os laços entre o dois países são fortes, já que a Guiana é uma ex-colônia britânica e, portanto, integra a Commonwealth. De acordo com o La Nación, o governo guianês ainda não confirmou a chegada do navio-patrulha à sua costa.

Por enquanto, não há previsão de que atraque no porto de Georgetown, a capital do país, e os planos são de que realize exercícios em mar aberto.

Assista ao vídeo em que Maduro acompanha aos exercícios militares da Venezuela na costa da Guiana:

 

Venezuela X Guiana: Maduro não descarta nenhuma medida para rechaçar navio britânico

Autoridade venezuelanas passaram o dia justificando as manobras militares ordenadas por Maduro. Rocío San Miguel, ministra da Defesa da Venezuela, afirmou em seu perfil no X (ex-Twitter), que os exercícios são uma “resposta à ameaça que representa a presença de um navio de guerra do Reino Unido na zona marítima por delimitar com a Guiana”.

San Miguel se refere à reivindicação venezuelana de que, uma vez que considera o território de Essequibo como parte de seu país, o mar territorial a ele vinculado também lhe pertenceria. A demanda é estratégica, na medida em que o Mar do Caribe guianês conta com grandes reservas de petróleo, atualmente exploradas pela petroleira americana ExxonMobil e cobiçadas por Maduro.

Ainda pelo X, San Miguel afirmou que as manobras iniciadas hoje são apenas a “primeira fase’ de uma operação maior, batizada de “Domingo Antonio Sifontes 2023”.

O anúncio dos exercícios militares ocorreu horas depois de Yvan Gil, ministro das Relações Exteriores de Maduro, divulgar um comunicado oficial em que a Venezuela “rejeita categoricamente” a chegada do HMS Trents às aguas guianesas.

Segundo a chancelaria venezuelana, o envio do navio de guerra britânico é “um ato de provocação hostil e uma violação à recente Declaração de Argyle, tomada como um guia para endereçar a controvérsia territorial sobre a Guiana Essequiba entre a Venezuela e a Guiana.”

A Declaração de Argyle foi assinada, em 14 de dezembro, por Maduro e pelo presidente guianês, Arfaan Ali, e estabelece que Venezuela e Guiana “não ameaçarão ou usarão a força uma contra a outra em quaisquer circunstâncias”, seja direta ou indiretamente.

O comunicado de Caracas prossegue com duras críticas ao que considera uma “intromissão” de “potências militares” numa “controvérsia territorial”, citando explicitamente o Reino Unido e os Estados Unidos.

A nota da chancelaria termina num claro tom de ameaça, ao afirmar que a Venezuela “se reserva todas as ações, dentro da estrutura de sua constituição e do Direito Internacional, para defender a integridade territorial e marítima de seu terra-natal.”

Venezuela x Guiana: Maduro tem poucas opções para invadir Essequibo

O envio do navio-patrulha HMS Trent à costa da Guiana é mais um revés nos planos de Maduro de anexar Essequibo. Embora a Venezuela reivindique a região desde o século XIX, a temperatura subiu nos últimos meses, alimentada, de um lado, pela descoberta de grandes reservas de petróleo no mar da Guiana, e, de outro, pela aproximação de uma nova eleição presidencial venezuelana no ano que vem.

Com mais de 700 quilômetros de extensão, a fronteira entre Venezuela e Guiana é considerada uma região de difícil acesso para movimentação de tropas e veículos de combate, já que é formada por uma densa floresta tropical. A opção mais viável para uma invasão terrestre seria atravessar o Estado brasileiro de Roraima, que faz divisa com os dois países e conta com boas estradas.

Mas os reiterados sinais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já disse não querer “confusão” dos vizinhos, e do ministro da Defesa, José Múcio, que rechaçou qualquer chance de deslocamento de tropas venezuelanas pelo território brasileiro, bem como o reforço da presença do Exército na região, tornam esta opção bastante arriscada para Maduro.

Sobraria, então, uma invasão por mar, também considerada de difícil implementação por militares brasileiros. A costa guianesa possui uma topografia desfavorável, bem como densas florestas. Além disso, a Marinha de Maduro é considerada sua força mais sucateada.

O HMS Trent é um navio-patrulha da classe River, desenvolvido inicialmente para patrulhar o Mar Mediterrâneo, como parte da contribuição britânica à OTAN (Organização dos Países do Atlântico Norte). Com o tempo, contudo, suas missões foram ampliadas para combate ao terrorismo, pirataria e tráfico de drogas, proteção de navios pesqueiros e guarda costeira.

Cada navio da classe River opera com uma tripulação de 28 a 30 pessoas e é equipado com metralhadoras de 30 milímetros, e canhões capazes de realizar 1 mil disparos por minuto, com alcance de mais de 2 quilômetros.

 

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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