Justiça

Volkswagen vai indenizar funcionários vítimas da ditadura no Brasil

23 set 2020, 20:21 - atualizado em 23 set 2020, 20:21
Brasil
Os promotores disseram em comunicado que o negócio vai resolver três processos lançados desde 2015 (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

A Volkswagen informou nesta quarta-feira que vai pagar cerca de 36 milhões de reais em indenizações a mais de 60 ex-funcionários perseguidos durante a ditadura militar no Brasil entre 1964 e 1985.

Uma comissão que investiga abusos durante a ditadura no Brasil encontrou evidências de que empresas como a Volkswagen secretamente ajudaram os militares a identificar suspeitos “subversivos” e ativistas sindicais em suas folhas de pagamento.

Muitos dos trabalhadores foram demitidos, detidos ou assediados pela polícia e não conseguiram encontrar novos empregos durante anos, publicou a Reuters de 2014.

A Volkswagen disse que assinou um acordo nesta quarta-feira com o Ministério Público estadual e federal em São Paulo que inclui o pagamento de 16,8 milhões de reais a uma associação de ex-funcionários e seus dependentes.

O restante será doado a vários esforços relacionados aos direitos humanos.

Os promotores disseram em comunicado que o negócio vai resolver três processos lançados desde 2015.

“É importante lidar com responsabilidade com este capítulo negativo da história do Brasil e promover a transparência”, disse o conselheiro da VW, Hiltrud Werner, em comunicado.

O acordo da Volkswagen foi relatado pela primeira vez pelas mídias alemãs NDR, SWR e pelo diário Sueddeutsche Zeitung.

O historiador Christopher Kopper, da Universidade de Bielefeld, que foi contratado pela Volkswagen para examinar o caso, disse que o acordo é histórico.

“É a primeira vez que uma empresa alemã aceita responsabilidade por violações dos direitos humanos contra seus próprios trabalhadores por eventos que aconteceram após o fim do nacional-socialismo”, disse ele.

A Volkswagen disse no comunicado que, embora a investigação de Kopper tenha encontrado cooperação entre seus agentes de segurança brasileiros e o regime militar, não há evidências claras de que a cooperação foi institucionalizada na empresa.

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