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Walmart (WMT): O que o corte nas projeções diz sobre as varejistas brasileiras no 2T22?

26 jul 2022, 18:24 - atualizado em 26 jul 2022, 18:30
Walmart
(Imagem: REUTERS/Daniel Becerril)

A revisão de lucro para baixo do Walmart (WMT) reforça os “efeitos perversos da inflação, que corrói o poder de compra e obriga uma priorização dos gastos”. É o que afirma Alexsandro Nishimura, economista e chefe de conteúdo da BRA, da XP, ao afirmar que esse efeito já se faz presente nas varejistas brasileiras.

“Já há clara distinção nas perspectivas conforme o direcionamento dos negócios”, reitera Nishimura.

O Walmart anunciou, na segunda-feira (15), um corte em sua projeção de lucro trimestral e anual, com queda de 11% a 13% no lucro em 12 meses. A varejista norte-americana reconhece que a inflação mudou o perfil de gastos dos consumidores, que deixaram de comprar itens como roupas e eletrônicos para comprar alimentos.

A inflação nos EUA saltou de entre 0% e 0,25% ao ano (a.a.) para 1,5% e 1,75% a.a., no primeiro semestre de 2022.

Excluindo os desinvestimentos, o lucro por ação do ano fiscal deve cair de 10% a 12%, disse o Walmart.

Após a divulgação, as ações das varejistas brasileiras sentiram o impacto dos sinais negativos da companhia.

Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) fecharam o dia em queda de 6,35% e 6,45%, respectivamente, e lideravam as maiores baixas do Ibovespa desta terça-feira (26). Já Americanas (AMER3) e Carrefour Brasil (CRFB3) caíram 4,88% e 1,41%.

Mas, o que isso, junto ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) elevado, que continua indicando estouro da meta inflacionária em 2022, diz sobre os resultados das varejistas brasileira? Nishimura, da BRA, afirma que o cenário não é dos melhores, mas lembra que a inflação nos EUA e no Brasil pode estar em momentos diferentes.

O impacto da inflação

O cenário inflacionário segue pressionado no Brasil. O IPCA do mês de junho foi de 0,67%, 0,20 ponto porcentual (p.p.) acima do mês de maio. A taxa acumula alta de 5,49% em 2022.

Ainda sob efeito das medidas tributárias para baixar os preços de combustíveis e energia, a projeção do último Boletim de Mercado Focus para a inflação de 2022 é de 7,30%, o que indica estouro da meta de 2022.

No setor de supermercados, por exemplo, com a demanda em queda livre, as redes têm trabalhado com estoques menores e buscado equilibrar pedidos, ao encomendar apenas a previsão do que o consumidor vai de fato comprar.

Segundo Robson Munhoz, diretor da Neogrid — que calcula o índice geral de rupturas (produtos que faltam nas prateleiras) —, o varejo alimentar vem trabalhando com o menor índice de estoques em dois anos.

Apesar disso e do susto relacionado ao Walmart, o economista da BRA ressalta que as projeções para o IPCA vêm sendo reduzidas desde o início de junho, quando chegou-se a esperar quase 9% para este ano.

Nishimura afirma que o destaque positivo do setor de varejo são os negócios voltados para alta renda, enquanto o e-commerce deve se sair pior.

“O sentimento do mercado para o segmento de varejo é misto, com perspectiva positiva para negócios voltados para alta renda, que devem seguir com crescimento, enquanto as companhias de e-commerce devem continuar pressionadas, à medida que há recuperação das vendas em lojas físicas, mas enfraquecimento tanto do canal online quanto do marketplace”, explica.

Já no varejo alimentar, o economista diz que o destaque deve ser o atacarejo, que pode apresentar aceleração de crescimento devido à retomada do segmento B2B (a venda entre organizações).

O mercado também espera bons resultados para o setor de farmácias, “que tem certa blindagem contra as pressões inflacionárias, devido ao reajuste de preços superior, além de aceleração de vendas”.

Em junho, as vendas no varejo cresceram 5,9%, em comparação com igual mês de 2021, de acordo com o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA).

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Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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