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O que empresas como Amazon e Carrefour estão fazendo quando o assunto é diversidade e inclusão LGBTQIAP+

10 jul 2022, 10:00 - atualizado em 08 jul 2022, 14:34
Diversidade e inclusão
Junho é o mês do orgulho LGBTQIAP+ (Imagem: Hannah Voggenhuber/Unsplash)

Junho, mês da diversidade e inclusão LGBTQIAP+, acabou, mas as discussões sobre o tema continuam e, quando se trata de carreira, as iniciativas seguem necessárias.

A sigla abrange pessoas que são Lésbicas, Gays, Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromânticas/Agênero, Pan/Poli, Não-binárias e mais.

Para 57,6% dos profissionais LGBTQIAP+, a preocupação com diversidade e inclusão é apenas um discurso de marketing das empresas.

Isso é o que revela a pesquisa realizada pelo Infojobs, empresa de soluções de tecnologia para RH. O estudo contou com a participação de 1.991 pessoas, onde 42,6% se considera parte desse grupo.

Diversidade e inclusão na prática

Quando questionados se pertencer ao grupo LGBTQIAP+ dificulta a colocação no mercado de trabalho, 82% respondeu que “sim” ou “às vezes”. De modo que quase 95% entende que existe, dentro das empresas, preconceitos velados que atuam como barreiras externas para seu crescimento profissional.

Para diminuir esse sentimento, empresas vêm se empenhando em iniciativas relacionadas à diversidade e a inclusão.

“Ouvi (na boa intenção) que não era adequado falar sobre orientação sexual [no ambiente corporativo], mas não consigo, não sei estar no mundo de outro modo”, disse o consultor, pesquisador, conselheiro consultivo e CEO da Mais Diversidade, Ricardo Sales.

A Mais Diversidade é uma das maiores consultorias da área na América Latina. Ela presta consultoria estratégica, palestras, workshops, pesquisas e curadoria de talentos à diversas empresas do país.

“Estamos no caminho para que não aconteça novamente”

Em expansão, o Grupo Carrefour Brasil (CRFB3) anunciou, em junho, a conclusão do processo de aquisição do Grupo BIG, numa transação financeira de R$ 7 bilhões, sendo 70% em dinheiro e 30% por meio da emissão de novas ações.

A agenda de diversidade e inclusão não é novidade para o grupo com agora com mais de mil pontos de venda e 150 mil colaboradores.

Segundo o gerente de diversidade do Grupo Carrefour, Kaleb Machado, a empresa investe nessas iniciativas desde 2012. Ou seja, há pelo menos 10 anos o grupo desenvolve ações voltadas para temas como: gênero, raça, pessoas com deficiência e para a comunidade LGBTQIAP+.

Kaleb entende que o desafio é grande quando se trata de superar estigmas sociais. A rede de supermercados tem alguns episódios, principalmente de racismo, que marcam sua história.

Gerente de diversidade do Grupo Carrefour, Kaleb Machado
Gerente de diversidade do Grupo Carrefour, Kaleb Machado (Imagem: Divulgação)

Um dos mais emblemáticos foi a morte, por espancamento, de um homem negro por dois seguranças brancos em uma loja da rede em Porto Alegre. O caso aconteceu em 2020 na véspera do Dia da Consciência Negra e levou a morte de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos.

“Não justifica e não concordamos; estamos no caminho para que não aconteça novamente”, disse o gerente que acrescentou “estamos falando da sociedade brasileira que tem vários extratados que trazem preconceitos estruturais”.

Para ele, é um tema estratégico que atravessa todo a companhia, “não é uma agenda só do RH”. A política de tolerância zero, foi reforçada para todos em 2021 depois do episódio em Porto Alegre, pontuou Kaleb.

“Exige ação muito mais do que fala

Para a líder de diversidade, equidade e inclusão na Amazon (AMZN), Glenda Moreira, criar iniciativas de diversidade, inclusão e equidade dentro das organizações vai muito além da simples contratação ou de um evento.

“As empresas que incentivam e aplicam a diversidade no dia a dia, geram impacto positivo na cultura organizacional e nas comunidades do seu entorno”, defende ela.

“Não existe fórmula correta ou varinha mágica que tornará um local de trabalho mais inclusivo e diverso de um dia para o outro. É um processo que demanda paciência, empatia, escuta ativa e compreensão das dinâmicas internas e externas. Em resumo, exige ação muito mais do que fala”, acrescenta.

Líder de diversidade, equidade e inclusão na Amazon, Glenda Moreira
Líder de diversidade, equidade e inclusão na Amazon, Glenda Moreira (Imagem: Divulgação)

Visando neutralizar a diferenciação de gênero, a Amazon Brasil adotou recentemente uma política de gênero neutro para a licença parental que se junta ao rol de ações ligadas a diversidade e inclusão.

Glenda entende que criar uma cultura que de fato seja inclusiva e respeitosa é um processo longo e minucioso, mas “criar um ambiente de trabalho mais seguro, empático, mais produtivo, com melhor desempenho, mais diversificado e justo, ao ponto de se tornar palpável e real, acontece quando as pessoas se sentem respeitadas todos os dias no ambiente de trabalho”.

A contratação é importante, mas não para por aí. “É uma agenda de consistência, por isso abrir oportunidades de contratação e desenvolvimento de todas as pessoas é importante, porque no final é o todo que conta”.

Diversidade e inclusão: desafio quantitativo

O cenário profissional é desafiador, principalmente para os profissionais trans. O Carrefour promove o projeto TRANSforma com um olhar para a empregabilidade, acolhimento e carreira desse grupo. Já a Amazon, tem o Glamazon que estimula as ações voltadas para causa LGBTQIAP+.

Para o CEO da Mais Diversidade é importante que as empresas tenham um olhar para a comunidade como um todo, pois “a sigla guarda muitas particularidades” e o grande desafio é fazer com que as iniciativas cheguem para todos.

Mas a diversidade é desafio quantitativo, como defende Ricardo. “É preciso buscar essas pessoas e muitas vezes é necessário convencê-las”.

A Mais Diversidade realizou em junho a Feira DiverS/A, evento de conexão e articulação de oportunidades entre estudantes e profissionais da comunidade LGBTQIAP+ e as empresas que promovem a diversidade e inclusão nos seus times.

Ricardo Sales CEO da Mais Diversidade
Ricardo Sales é CEO da Mais Diversidade e conselheiro do Comitê de Diversidade do Itaú (Imagem: Divulgação)

Para ser efetivo todos esses movimentos é preciso, entre outras coisas, entender dois pontos principais como esclarece o CEO.

A inclusão é uma questão qualitativa sendo importante levar as pessoas em conta e ter um ambiente de trabalho preparado.

Outro ponto crucial é a intencionalidade. “Não tem segredo, a empresa precisa ser intencional. O tema precisa ser tratado dentro da empresa com o mesmo grau de profissionalismo e planejamento com conexão a pauta e objetivo de negócios”.

Para os profissionais, a dica que Ricardo dá é não permanecer em uma empresa preconceituosa “sendo importante começar a fazer movimentos para um lugar que mereça a sua competência”.

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Formada em Gestão de Negócios e Inovação pela Fatec Sebrae e, atualmente, estudante de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Tem como propósito atuar visando os princípios éticos do jornalismo com comprometimento com a informação de qualidade e o combate à desinformação.
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