Política

100 dias: Além de avaliação ruim, Lula enfrenta crises no começo de seu governo

10 abr 2023, 9:00 - atualizado em 10 abr 2023, 8:40
Lula PT
Pesquisa divulgada pelo Datafolha na semana passada apontou que a aprovação de Lula é de 38% e o índice de reprovação chega a 29%. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O terceiro mandado de Luiz Inácio Lula da Silva completa 100 dias nesta segunda-feira (10). Apesar de o Lula já ser um velho conhecido de Brasília, o início do seu governo não foi nada tranquilo e o presidente ainda tenta conquistar os eleitores de Jair Bolsonaro e parte do setor econômico.

Tanto que uma pesquisa divulgada pelo Datafolha na semana passada apontou que a aprovação de Lula é de 38% e o índice de reprovação chega a 29%. Com isso, a sua desaprovação se torna igual à registrada por Bolsonaro no mesmo momento de seu governo, em 2019.

Mais da metade dos entrevistados (51%) afirmam que Lula fez menos do que o esperado nos três primeiros meses de governo. Durante uma reunião ministerial, Lula deu uma resposta em relação à pesquisa ao afirmar que os ministérios já recuperaram quase todas as políticas sociais que haviam sido desmontadas pelo governo anterior e que políticas públicas levam “alguns dias” para começar a funcionar.

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100 dias: Relembre as crises do Governo Lula 3

Atos antidemocráticos

Logo no início do seu mandato, no dia 8 de janeiro, Lula precisou enfrentar atos antidemocráticos promovidos por apoiadores de Bolsonaro. Manifestantes invadiram e depredaram os prédios do Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto.

Centenas de pessoas foram presas na época e a justiça determinou o desmonte dos acampamentos bolsonaristas que estavam na frente dos quartéis. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, também foi afastado do cargo para investigação.

Guerra com o Banco Central

Desde janeiro, Lula vem travando uma guerra contra o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto. Para o presidente, a autoridade monetária está mantendo a Selic elevada por muito tempo, o que está atrapalhando na recuperação econômica.

Em entrevistas, ele criticou a política monetária adotada, a meta de inflação, a autonomia do Banco Central e até chegou a questionar a lealdade de Campos Neto.

A ala política achou melhor passar o papel de algoz do Banco Central para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para preservar a imagem de Lula com o mercado. Por outro lado, os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet têm se aproximado cada vez mais de Campos Neto, buscando manter uma boa relação.

Lula ainda precisa aprovar o nome dos novos diretores de Política Monetária e Fiscalização do Banco Central.

Ministros

Nesses primeiros meses de governo, ruídos de comunicação geraram estresse com alguns ministros. Carlos Lupi, da Previdência, por exemplo, anunciou a redução das taxas de juros de crédito consignado que causou uma paralisação da modalidade nos bancos.

Márcio França, de Portos e Aeroportos, anunciou que o governo queria lançar um programa de passagens aéreas a R$ 200, sem falar com a equipe econômica antes. Depois disso, Lula precisou dar uma bronca geral pedindo para que os ministros não anunciassem nada que não estivesse combinado.

O caso mais recente foi com Alexandre Silveira, de Minas e Energia. Ele sobre mudanças na política de preços da Petrobras (PETR3;PETR4), mas Lula já destacou que esse tema ainda não está na mesa de discussões.

Além disso, o presidente precisou lidar com Juscelino Filho, de Comunicação, acusado de usar dinheiro público indevidamente para gastos particulares.

Racha no Congresso

Além de não ter uma base do governo consolidada no Congresso, o presidente serviu de conciliador entre Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Os presidentes da Câmara e do Senado estavam em pré de guerra devido às medidas provisórias (MPs) editadas pelo Poder Executivo.

O desentendimento entre as duas Casas colocava em risco aprovações de projetos importantes para o governo, como o Bolsa Família e Mais Médicos.

Briga antiga com Moro

No final de março, Lula disse achar que o plano do PCC para atacar autoridades públicas, como o senador Sergio Moro, é, na verdade, uma “armação” do ex-juiz da Lava-Jato, operação que levou Lula à prisão por 580 dias.

Logo após as declarações de Lula, Moro afirmou que o presidente riu de sua família, ameaçada pelo crime organizado, ao falar que tudo foi uma “armação”. A fala foi mal vista de forma geral e Lula foi orientado a evitar falar de Moro.

STF

O problema mais recente envolve a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski. No meio político, crescem as especulações sobre o nome do futuro ministro do STF, e o advogado Cristiano Zanin, que defendeu Lula nos processos da Lava Jato, aparece com frequência.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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