Mercados

A era do petróleo barato acabou?

25 out 2021, 12:37 - atualizado em 25 out 2021, 12:37
Petroleo
Em vez de aumentar a oferta, o setor está sob pressão para limitar os gastos, causando um subinvestimento estrutural em nova produção (Imagem: Pixabay/Moni49)

Será que a era do petróleo barato pode ter acabado para sempre?

Essa é a conclusão de algumas das maiores mesas de commodities em Wall Street, onde bancos têm elevado previsões para as cotações de longo prazo, frequentemente em US$ 10 ou mais.

Embora o boom do gás de xisto nos Estados Unidos tenha sido acompanhado pelo mantra “mais baixos por mais tempo”, o mercado agora está focado na mudança climática e no apetite cada vez menor para investir em combustíveis fósseis.

Em vez de aumentar a oferta, o setor está sob pressão para limitar os gastos, causando um subinvestimento estrutural em nova produção que, segundo a teoria, manterá os preços do petróleo mais altos por mais tempo.

“Meu conselho aos clientes é ficar comprado em petróleo até saber o preço de equilíbrio” que trará novos suprimentos online, disse Jeff Currie, chefe de pesquisa de commodities do Goldman Sachs. “Sabemos que está acima desses níveis, porque não tivemos um grande aumento em capex e investimento.”

A teoria do déficit de oferta não é nova. Desde o colapso dos preços em 2014, analistas têm falado sobre a possibilidade de a demanda superar a produção como resultado do subinvestimento. Mas a queda dos preços da energia causada pela Covid-19, combinada com as prementes preocupações ambientais, oferece motivos para pensar que desta vez é diferente.

O número de sondas de perfuração de petróleo e gás ao redor do mundo pode ter se recuperado em relação às mínimas no ano passado, quando os preços entraram em terreno negativo, mas o volume ainda é mais de 30% inferior em relação ao início de 2020.

Os números atuais são tão baixos quanto em 2016, de acordo com a Baker Hughes, apesar de as cotações do petróleo estarem perto do maior patamar em sete anos.

Visão do futuro

Entre os bancos que projetam preços mais altos por mais tempo, o Goldman prevê o barril a US$ 85 em 2023. O Morgan Stanley aumentou sua estimativa de longo prazo em US$ 10, para US$ 70 na semana passada, enquanto o BNP Paribas calcula o petróleo em quase US$ 80 em 2023. Outros bancos, como o RBC Capital, destacam a perspectiva de o petróleo estar no início de um período de alta estrutural.

Essas estimativas implicam que a commodity vital para a economia global tornou-se estruturalmente mais cara. As expectativas para o preço do petróleo sustentam centenas de bilhões de dólares para as cotações de ações de gigantes internacionais como Royal Dutch Shell e BP.

Também há um apetite cada vez menor para financiar por parte de investidores. Os maiores bancos franceses disseram que vão limitar o financiamento da indústria de xisto e de gás a partir do início do ano que vem. Recentemente, o Equador teve que dobrar a quantidade de bancos que poderiam fornecer garantias de crédito, pois instituições financeiras têm evitado financiar petróleo extraído da Amazônia.

Insustentável

Nem todos defendem a ideia de que os preços podem permanecer em níveis elevados. O Citigroup disse em relatório este mês que o petróleo abaixo de US$ 30 e acima de US$ 60 parece insustentável no longo prazo.

Preços acima de US$ 50 por muito tempo poderiam adicionar 7 milhões de barris por dia de oferta extra, disseram analistas do banco como Ed Morse em relatório.

“Os indicadores do custo de médio prazo continuam apontando para uma faixa de valor justo entre US$ 40 e US$ 55 o barril”, disseram.

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