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Ação a centavos, fora do Ibovespa e suspensa do Novo Mercado: O que esperar da Americanas (AMER3) na Bolsa?

11 jan 2024, 20:44 - atualizado em 11 jan 2024, 20:44
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Americanas tem ação negociada a centavos na Bolsa (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Há exato um ano, a Americanas (AMER3) pegou o mercado de surpresa ao comunicar que detectou inconsistências contábeis de cerca de R$ 20 bilhões em suas demonstrações financeiras.

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O caso abriu caminho para uma novela envolvendo dívidas que superam R$ 40 bilhões e que segue no ar até hoje, com o plano de recuperação judicial ainda sujeito à homologação pela Justiça após aprovação em assembleia geral de credores depois de longos meses de negociações.

A repercussão do rombo da Americanas foi tão grande que encolheu o valor de mercado da Americanas da noite para o dia, de R$ 10,8 bilhões em 11 de janeiro de 2023 para R$ 2,45 bilhões em 12 de janeiro de 2023, de acordo com um levantamento da Quantum Finance. No ano completo, as ações da varejista tombaram 90,5%.

Além da forte desvalorização das ações, a Americanas foi excluída dos índices da B3, visto que, pelas regras da Bolsa de Valores, uma empresa em recuperação judicial não é elegível para compor esses índices.

Em decisão inédita, a B3 também suspendeu a Americanas, em novembro, do Novo Mercado por tempo indeterminado por descumprimento do contrato privado que a Bolsa tem com empresas de capital aberto. O processo aplica multas para os integrantes da diretoria, do conselho de administração e do comitê de auditoria.

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2024, um ano de recuperação para AMER3?

Mesmo com os desdobramentos dos acordos junto aos credores, a Americanas não conseguiu se recuperar da forte queda das ações desde janeiro do ano passado.

Com valor de mercado na casa dos milhões, a ação da companhia fechou esta quinta-feira (11) negociada a R$ 0,79. Apesar do preço baixo, a Órama Investimentos recomenda ter cautela com a ação.

“A continua bem reticente em relação a entrar no papel”, comenta Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.

Soares diz que a questão do passivo, embora já esteja encaminhado, levará a uma grande diluição da base acionária.

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“Além disso, existe um problema que é pior ainda, que é a questão operacional e financeira”, acrescenta.

De acordo com o analista, a companhia não achou ainda um ponto de equilíbrio em sua operação para fazer um lucro adequado. Soares diz que “a companhia vem sobrevivendo em cima de aporte, e a gente vê essa solução como muito dificil”.

A busca pelo reequilíbrio financeiro é ainda mais delicada para a Americanas pelo fato de a companhia estar inserida em um setor em que outras companhias, como Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3), têm dificuldade de ficar no positivo, afirma.

“O caso é ainda mais desafiador para a Americanas. Então, recomendamos ficar de fora.”

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Soares vê um longo caminho para a Americanas conseguir voltar a compor os índices da B3. Em relação à confiança abalada dos investidores com os papéis, o especialista da Órama acredita que a recuperação deve chegar somente com ações concretas.

“Primeiro, o acordo com o banco precisa se refletir no balanço. Aí teremos uma nova base acionária. A partir disso, a gente tem como avaliar a lucratividade”, comenta.

Por ora, o mercado deve ver os números reais da Americanas, que devem ser “bastante deficitários”.

Ao Money Times, a Americanas destacou que aguarda a homologação do plano de recuperação judicial pela Justiça para dar início ao pagamento das dívidas e à capitalização de pelo menos R$ 24 bilhões, com aporte de R$ 12 bilhões pelos acionistas de referência, conversão de dívidas de R$ 12 bilhões pelos credores financeiros e livre participação de todos os demais acionistas da Americanas.

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“O aumento de capital previsto no PRJ é o alicerce de todo o plano, que resultará numa redução da dívida bruta da Americanas de mais de R$ 42 bi (valor do quadro geral de credores, líquido das dívidas intercompany), montante esse que supera significativamente o atual valor econômico da companhia, para menos de R$2 bilhões, permitindo que a Americanas volte a ter valor para todos os seus acionistas”, disse, em posicionamento.

Leia a nota completa enviada pela Americanas a seguir:

“Após o ano mais desafiador de sua história quase centenária, a Americanas entra em 2024 dando início a uma nova fase. A companhia pretende retornar a ser referência em varejo simples, descomplicado e que atende às necessidades das famílias brasileiras.

Ao longo de 2023, enquanto negociava com credores o Plano de Recuperação Judicial (PRJ) a Americanas buscou reconquistar a confiança de fornecedores, parceiros e sellers, iniciou processo de revisão de seus sistemas logísticos, das modelagens de margem e precificação e de reformatação dos modelos de lojas físicas. Mesmo diante desse contexto, a companhia colheu bons resultados nas grandes datas comerciais, em linha com as expectativas traçadas em seu Plano Estratégico, refletido no guidance para 2025 comunicado ao mercado e no relatório de viabilidade-econômico financeira do PRJ.

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Americanas agora aguarda a homologação do PRJ, aprovado em 19 de dezembro de 2023 por mais de 97% dos detentores de créditos, para dar início ao pagamento das dívidas e à capitalização de pelo menos R$ 24 bilhões, com aporte de R$ 12 bilhões pelos acionistas de referência, conversão de dívidas de R$ 12 bilhões pelos credores financeiros e livre participação de todos os demais acionistas da Americanas. O aumento de capital previsto no PRJ é o alicerce de todo o plano, que resultará numa redução da dívida bruta da Americanas de mais de R$42 bi (valor do quadro geral de credores, líquido das dívidas intercompany), montante esse que supera significativamente o atual valor econômico da Companhia, para menos de R$2 bilhões, permitindo que a Americanas volte a ter valor para todos os seus acionistas.  Vale ressaltar que o preço do aumento de capital previsto no PRJ observa todas as regras e legislações vigentes e está em linha com as melhores práticas de mercado. Além disso, está assegurado a todos os acionistas da Companhia a participação no aumento de capital nos mesmos termos e condições que os acionistas de referência e credores.

A implementação do PRJ é um importante passo que permitirá a captura plena da transformação prevista no Plano Estratégico da Americanas, assim como sua reconstrução operacional e financeira, com retomada de crescimento e impacto imediato na preservação de milhares de empregos diretos e indiretos gerados em todo o país.

O objetivo da companhia para os próximos anos é continuar a ser o operador de varejo mais simples e diverso do país, com presença em todo o Brasil, suporte de uma robusta malha logística, um marketplace que privilegia a experiência de consumidores e sellers e o relacionamento próximo com seus milhares de clientes.”

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.