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Ação da Vale (VALE3) vai para o 5º pregão seguido de baixa e fica mais longe dos R$ 70; ‘Aguenta muito desaforo’, dizem analistas

02 fev 2024, 12:07 - atualizado em 02 fev 2024, 13:30
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Vale tem no radar a reunião extraordinária do conselho de administração que definirá o nome do novo CEO (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A Vale (VALE3) engata sua quinta sessão seguida de queda nesta sexta-feira (2). Abaixo dos R$ 70, a ação da mineradora tem lidado com ventos desfavoráveis que extrapolam o mercado de minério de ferro na China.

Por volta das 12h, os papéis da companhia derretiam 1,75%, negociados a R$ 66,27 cada.

Além de um dia de baixa para a commodity nos mercados asiáticos, a Vale tem no radar a reunião extraordinária do conselho de administração que definirá o nome do novo CEO. Com o nome do ex-ministro Guido Mantega descartado, investidores pesam as chances de o atual presidente-executivo da Vale, Eduardo Bartolomeo, ser reconduzido no cargo.

A Vale ainda conta com ruídos judiciais e políticos dentro do seu cenário de curto prazo, como uma nova condenação por danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG), de propriedade da Samarco, e uma cobrança do governo federal, na ordem de R$ 25,7 bilhões, por uma outorga de concessão da Estada de Ferro Carajás e Vitória Minas.

“Não há como negar que cenário político está fazendo as ações passarem por momentos de maior volatilidade nos últimos dias”, destacam Igor Guedes e Lucas Bonventi, analistas da Genial Investimentos. Sobre a cobrança de R$ 25,7 bilhões.

Apesar disso, sobre o último caso, a corretora avalia como imaterial a possibilidade de a Vale ceder ao governo.

“A Vale declarou que está cumprindo as obrigações de suas renovações ferroviárias no início de 2020 e está avançando na curva de capex [investimentos] para vários projetos. Isso contrasta com a recente renegociação do projeto Malha Paulista pela Rumo (RAIL3), que ficou para trás na curva de capex”, levanta a dupla de analistas.

Devido ao progresso da Vale na curva de capex, a Genial acredita que a mineradora deve se ater ao contrato atual e só renegociar se as condições ofertadas forem melhores do que a atuais.

Nesta semana, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que o governo está disposto a discutir caminhos com a empresa sobre cobranças por outorgas não pagas na renovação antecipada de contratos.

De acordo com o ministro, o governo está aberto a encontrar alternativas para receber apenas parte do valor cobrado.

Vale ainda é uma tese majoritariamente voltado ao minério

Apesar das notícias negativas recentes, o peso maior sobre as ações da Vale nos últimos dias ainda veio pela precificação da curva do minério de ferro, avalia a Genial.

A corretora chama atenção para o desconto do papel. Na opinião dos analistas, a grande questão envolvendo o nome está relacionada ao gap para o minério de ferro implícito no valuation da companhia.

Quando o minério de ferro tocou a barreira dos US$ 140/tonelada no início de janeiro, as ações da Vale acompanharam o movimento da commodity. Da mesma forma, quando o preço do minério de ferro caiu 11% logo depois, a Vale também seguiu a mesma trajetória de baixa na bolsa.

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O ponto, segundo Guedes e Bonventi, é que, antes de o minério de ferro subir para o patamar atual, quando estava em seu ciclo de queda em meio a dados econômicos decepcionantes vindos da China em 2023, as ações da Vale sentiram mais e foram “completamnte submersas em pessimismo”. Foi nesse período que o gap de preço entre Vale e minério de ferro começou a ser formado.

“A Vale passou a negociar então com um desconto (considerável, diga-se de passagem) em relação ao preço spot da curva de 62% Fe. Para a companhia ter sua precificação justa próxima de R$ 70 (para VALE3-B3) o preço do minério de ferro spot teria que ser de US$ 75/tonelada em nosso modelo, mas ele está hoje a ~US$ 130/tonelada”, defendem os analistas.

Mesmo que as ações da Vale tenham surfado a retomada do minério de ferro, o gap permaneceu.

“Ele já estava formado, então, se o minério de ferro andou +20% e as ações da Vale tiveram uma alta similar, a distância para o preço de minério de ferro implícito se manteve intacto. Quando o preço do minério de ferro caiu 11% esse ano, Vale caiu ~10%. Então, o gap ainda está nas ações até hoje…”, reforçam os analistas.

O gap de preço atual é muito grande, afirma a Genial, o que oferece uma margem de segurança interessante para as ações nos patamares atuais de valuation.

Vale pode gerar muito caixa mesmo com minério de ferro a US$ 110/tonelada

A Vale é atualmente negociada a 3,95 vezes EV/Ebitda (Valor da Empresa/Ebitda) para 2024. A mineradora está descontada, se considerar sua capacidade de gerar fluxo de caixa e pagar dividendos, diz a Genial.

De acordo com a corretora, mesmo se o preço do minério de ferro cair a US$ 110-120/tonelada, a Vale ainda teria fôlego para gerar um fluxo de caixa significativo, com yield (retorno) projetado para 2024 de 11%.

E, mesmo sem dividendos extraordinários, o dividend yield (retorno do dividendo) é superior a 10%, acrescenta. O percentual aumenta para cerca de 14% se for redistribuído.

“Mesmo com prêmios fracos para qualidade em relação ao benchmark, uma curva de 62% Fe que navegue com uma gordura acima de US$ 100/tonelada ainda faz da Vale atrativa, sobretudo quando ela negocia abaixo de ~US$ 15 (ADRs-Nyse) e ~R$ 75 para VALE3-B3″, dizem os analistas.

Mesmo com as incertezas (relacionadas a China, acordo de Mariana e riscos políticos na gestão) pairando no ar, a Genial reforça a confiança no desempenho operacional da Vale. Para a casa, o modelo da mineradora “aguenta muito desaforo nas premissas”.

A Genial tem recomendação de compra para a Vale, com preço-alvo em 12 meses de R$ 82,50 para as ações negociadas na B3. Para os ADRs, o alvo é de US$ 16,75.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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