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Ações das sucroenergéticas precisam de um verão para refletirem os preços futuros

09 dez 2021, 13:16 - atualizado em 09 dez 2021, 14:59
Campo de cana-de-açúcar
Futura safra de cana será melhor conhecida a frente, depois da forte quebra da atual (Imagem: REUTERS/Edgard Garrido)

As ações das companhias sucroenergéticas na B3 (B3SA3) ainda não refletem totalmente as condições da próxima safra de cana-de-açúcar.

São Martinho (SMTO3), Jalles Machado (JALL3), Cosan (CSAN3) e a “dona” desta última, Raízen (RAIZ4) precisam do verão para mostrarem a que virão.

Como se leva em consideração que os resultados são apurados durante o ano-safra do setor, de abril a final de março, o mercado não tem suporte consolidado para enxergar as condições da oferta de matéria-prima para projeções sobre o mix de produção final.

Do mesmo modo, ainda está pouco clara a relação de demanda açúcaretanol, especialmente suporte do mercado interno do biocombustível, e que acaba implicando, também, no desvio de cana para um ou outro.

Mais nova na Bolsa, a Raízen, por exemplo, perdeu 25% de valor desde o IPO de agosto, por um guidance negativo – produção menor na cadeia após a quebra geral da safra -, mas mesmo o Bank of America (BofA), acreditando que a ação esteja muito descontada, não trouxe nenhuma perspectiva em relação ao próximo ciclo.

Pode-se contar com uma recuperação parcial dos canaviais do Centro-Sul, longe de haver algum consenso por enquanto.

Se a safra atual fechar em 520 milhões de toneladas aproximadamente – se esperava menos, 510 milhões – Ricardo Pinto, da RPA Consultoria, arrisca 554 milhões de toneladas. Lembrando que campanha anterior foi de 605 milhões/t, pelos dados oficiais de Unica.

As mesmas chuvas que estão melhorando o potencial de produção, sobretudo as aguardadas para janeiro e fevereiro, levam a Safras & Mercado a predizer 560 milhões/t. Maurício Muruci, analista, melhorou suas estimativas em 20 milhões/t.

A Canaplan, do presidente da Abag, Caio Carvalho, calcula ao redor de 540 milhões/t, ponderando um número mais real somente para abril de 2022.

Certamente haverá crescimento do mix, sobre os resultados levantados até a 1º quinzena de novembro. A consolidação da safra 21/22 deverá sair com o relatório dos últimos quinze dias do mês passado, que a Unica está para soltar.

No acumulado de abril ao dia 15 de novembro, as usinas produziram 31,8 milhões/t de açúcar, 15,44% menor na contabilidade contra ano.

Em etanol, foram 25,3 bilhões de litros, 8,77% menor, sendo que a produção de hidratado despencou 19,84%.

Além de como as empresas entrarão a safra nova olhando a produção só pelo lado do campo, também irão refletir outros fundamentos que implicam nas tomadas de decisões.

Entre eles, o volume de fixação antecipada de açúcar, aproveitando-se da cotação este ano e do dólar (em geral, fala-se que o mercado como um todo pode ter já compromissadas 11 milhões/t em exportações), o perfil do ATR (que mede a qualidade da cana), os custos de produção e os cenários de entrega de açúcar pela Índia, principalmente.

O etanol ainda não entra nessa conta porque, como aconteceu em 2021 e 2020, porque não há bola de cristal que dê projeção robusta para o consumo de combustíveis no mundo e no Brasil, portanto o petróleo ainda é uma variável que está no limbo.

De todo modo, a nível setorial a Safras já projeta, de Goiás para baixo, 32 milhões/t açúcar e 27,5 bilhões de litros de etanol (18,5 de hidratado).

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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