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Alta da Selic: Brasil vive situação esquizofrênica, diz gestor da Ibiuna

01 ago 2022, 14:43 - atualizado em 01 ago 2022, 15:13
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Rodrigo Azevedo, um dos responsáveis pela gestão da estratégia macro, foi o quinto entrevistado de mais um episódio do podcast Market Makers (Imagem: Market Makers)

Na próxima terça e quarta-feira, o Banco Central se reúne, novamente, para definir os destinos da taxa básica de juros do Brasil, a Selic.

A expectativa de parte do mercado é que o BC eleve em 0,5 ponto percentual e encerre o ciclo a 13,75% ao ano – outra parte ainda acredita em novas altas até o fim do ano.

Diante da incerteza, alguns gestores continuam com o pé atrás sobre o futuro da economia do país, pelo menos no curto prazo.

Esse parece ser o caso da Ibiuna. Com R$ 30 bilhões sob gestão e 200 mil investidores, a gestora está zerada ou vendida em Bolsa brasileira e com uma posição “leve” em Brasil.

Rodrigo Azevedo, um dos responsáveis pela gestão da estratégia macro, foi o quinto entrevistado de mais um episódio do podcast Market Makers, produzido por Thiago Salomão e Renato Santiago em parceria com a Empiricus (controladora do Money Times).

Para ele, o Brasil vive um momento “meio esquizofrênico”.

“A política monetária está tentando desacelerar a economia para tentar trazer a inflação para a meta. Mas temos uma política fiscal que, por conta das eleições, resolveu acelerar a economia. Estamos em uma situação meio esquizofrênica”, afirma.

Para ele, uma frente do governo está pisando no freio e outra está acelerando. “É lógico, se você tem alguém pisando no acelerador, precisará dos juros mais altos”, coloca.

Nas últimas semanas, o governo Bolsonaro aprovou a PEC Kamikaze, com uma série de benefícios, entre elas a elevação do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, e vouchers para categorias como de caminhoneiros e taxistas. Serão gastos R$ 41 bilhões no pacote.

Veja o episódio na íntegra: 

Eleições

Apesar de reconhecer que o Brasil está mais avançado no combate à inflação do que outros países, Azevedo cita o risco das eleições presidenciais para se manter cético com o Brasil.

“A questão da eleição pode afetar completamente a trajetória dos juros, seja porque existe um gasto eleitoral em cima da hora, seja porque, no médio prazo, não sabemos qual será o regime fiscal que teremos no ano que vem”, comenta.

Ele diz ainda que essa infinição não depende do candidato “a” ou “b”. Lula e Bolsonaro lideram as pesquisas de intensão de votos com desconfianças por parte do mercado.

“Os dois têm uma incerteza enorme. Essa incerteza não vai se dissipar até, pelo menos, outubro. [A posição em Brasil] tem retorno bom, mas balança tanto que atrapalha o seu portfólio”, completa.

Selic em mais de 14%?

Questionado se a Selic poderia assubir acima dos 14% no ano que vem, Azevedo diz ser possível, mas improvável. Ele argumenta que qualquer presidente eleito terá que “arrumar a casa”.

“Para subir, precisaria ter um tamanho descontrole fiscal, que ia fazer o câmbio e a dívida explodir”, afirma.

Para o gestor, nenhum candidato quer “instalar o caos”.

“O incentivo que existe é que o presidente que chegar realize um ajuste e, com isso, traga a inflação para baixo. Pode-se discutir o quão rápido e para que nível, no entanto”, completa.

Veja o episódio na íntegra: 

A idiossincrasia do Brasil

Azevedo relata ainda que o comportamento da inflação no Brasil costuma ser diferente e mais agressiva do que em outros países. Ele explica que mecanismos de reajustes, como o IGP-M, conhecido como índice dos aluguéis, provocam efeitos em cascata na economia.

“Com o reajuste automático, aquela alta de 10% de inflação por causa de um choque na Ucrânia vira aluguel que sobe 10%. E você pedirá 10% de aumento para o seu chefe. Ou seja, quando todo munto reajusta, aquele choque inicial de 10% vira inflação. E vários países que não tem esse histórico de inflação passada, esse limite é mais tênue. No Brasil, a chance de um choque inflacionário se perpetuar é muito maior. Com isso, o Banco Central precisa atuar mais cedo e de uma maneira mais forte”, completa.

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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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