Colunistas

Ana Westphalen: dia 5 vem aí

03 abr 2020, 12:57 - atualizado em 03 abr 2020, 12:57
dinheiro-calculadora
Esteja o mundo em quarentena ou não, os boletos insistem em chegar, geralmente até o quinto dia do mês, e ter dinheiro disponível é uma questão de sobrevivência (Imagem: Pixabay)

A expressão “cash is king” dispensa definição em tempos de crise. Esteja o mundo em quarentena ou não, os boletos insistem em chegar, geralmente até o quinto dia do mês, e ter dinheiro disponível é uma questão de sobrevivência. Você pode ser investidor do fundo mais disputado do mercado, mas, se não tiver saldo na conta corrente, de nada adianta.

O mesmo vale para as empresas. Quando perguntamos aos gestores de ações quais papéis eles têm em suas carteiras, ou em quais oportunidades estão de olho, o principal critério de escolha hoje é: companhias com caixa, pouco endividadas, que possam sobreviver financeiramente mesmo que fiquem paradas por meses.

Quando se trata da alocação do seu portfólio, esta é a hora em que a reserva de emergência é rainha. Quem negou-se no passado a deixar dinheiro “parado” em um fundo DI, rendendo perto do CDI, talvez esteja passando aperto hoje, ou tenha sido obrigado a sacar de outros investimentos no pior momento, realizando o prejuízo recente. Pois é, a tal emergência um dia chega.

Mas há alguns investidores que, mesmo tendo constituído uma reserva de emergência, vão se decepcionar no momento em que mais precisarão dela. É como se você tivesse colocado moedas em um cofre e, na hora de usar o que acumulou, descobrisse que estão faltando algumas. Espero que não seja o seu caso.

Antes de avançar, peço licença para relembrar alguns pontos. Recomendamos que o destino de sua reserva de emergência seja um fundo que investe apenas em títulos públicos pós-fixados (Tesouro Selic). Isso porque essa é a parcela do seu portfólio que não pode correr risco e que precisa estar prontamente à disposição. O mais importante aqui não é o rendimento, mas a segurança e a previsibilidade.

Por isso, abominamos produtos supostamente destinados à reserva de emergência, mas que, na verdade, estão expostos a riscos de mercado ou a títulos de crédito privado. O argumento usado por quem os oferece é que esses fundos “turbinados” rendem um pouco mais do que o CDI. É claro que o risco de crédito privado (que, na prática, corresponde a emprestar dinheiro para empresas) não é mencionado.

Para evitar cair nessa cilada, existe até uma regra de bolso: se o fundo tiver “CP” no nome, ele de cara já não serve para reserva de emergência. Isso porque a nomenclatura mostra que o produto em questão é autorizado a investir mais de 50% de seu patrimônio líquido em títulos da categoria.

O problema é que muito investidor, sem saber, aloca sua reserva de emergência em fundos que, mesmo em menor grau, têm na carteira títulos de crédito privado. A revelação tem mais ou menos a cara do gráfico abaixo:

As linhas acima representam alguns fundos DI oferecidos na indústria que não carregam “CP” no nome, mas que, por terem em sua composição títulos de crédito privado, acumularam retorno negativo neste ano. Veja acima como eles se descolaram do referencial, o CDI.

Isso por conta especialmente da pressão recente no mercado secundário de títulos privados, que obrigou gestores a se desfazerem desses ativos rapidamente e a qualquer preço, o que resultou em prejuízo aos cotistas.

O estudo foi feito pelo Felipe Arrais, que se debruçou sobre os produtos da categoria para entender melhor o que tem sido oferecido no mercado como destino para a reserva de emergência dos investidores.

Mercados Ibovespa 4
Infelizmente, a indústria ainda é dominada por fundos DI com riscos que não compensam o investimento (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Ele apurou que, de um universo de 228 fundos de renda fixa denominados “referenciados DI” ou “Fundos Simples” disponíveis ao varejo (amostra que exclui aqueles que levam CP no nome), 104 tiveram pelo menos uma cota negativa neste ano. Desse total, 97 fundos tinham crédito privado na carteira.

Ou seja, infelizmente, a indústria ainda é dominada por fundos DI com riscos que não compensam o investimento.

Para evitar esse tipo de decepção, os produtos que sugerimos para sua reserva de emergência aqui na série Os Melhores Fundos de Investimento são apenas cinco: os fundos Simples de taxa zero de BTG Pactual Digital, Órama, Pi, Rico e Vitreo.

Eles não vão te deixar na mão numa emergência porque investem apenas em Tesouro Selic e têm resgate no mesmo dia, cumprindo as exigências de segurança e liquidez que te garantirão tranquilidade para passar pela crise com os boletos em dia.

Se quiser conhecer alternativas para as outras parcelas do seu portfólio além da reserva de emergência, venha por aqui.

Um abraço,

Ana Luísa Westphalen.

Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.