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Ana Westphalen: sobreviveu? Foi só o começo…

31 jan 2020, 11:03 - atualizado em 31 jan 2020, 11:03
Mercados
Segundo a colunista, não há como fugir do fato de que a Bolsa é um instrumento de longo prazo, o que faz de alguns rankings verdadeiras armadilhas (Imagem: Unsplash/@ishant_mishra54)

Janeiro chega ao fim depois de oito ou nove semanas de duração ­­­— não sei bem, perdi as contas. Se um ataque americano ao Irã, com a consequente morte de um dos principais líderes locais, foi insuficiente para ameaçar o bull market, sem problema. Que não seja por falta de teste: encerramos o primeiro mês do ano em situação de emergência global diante da rápida disseminação de um novo vírus, com impactos inexoráveis à economia mundial.

Chega a ser engraçado constatar que, pouquíssimo tempo atrás, acreditava-se que o grande risco a ser enfrentado pelo mercado em 2020 seria exclusivamente a eleição americana. Do jeito que anda o noticiário, é capaz que, quando chegar o longínquo março, a escolha do candidato democrata para a disputa presidencial nos EUA já tenha sido relegada ao segundo plano. (Contém ironia)

Tudo é uma questão de perspectiva. Quer um exemplo? Os tradicionais rankings de fundos divulgados todo começo de ano. Aqueles que te instigam a escolher o suposto melhor investimento com base no desempenho passado de curto prazo. No gráfico abaixo, estão reunidos alguns fundos de ações que costumam figurar nesse tipo de lista.

Ah, os nomes dos produtos foram omitidos, assim como sua performance nos últimos 12 meses, por um motivo simples: não quero de forma alguma te incentivar a se guiar por esse mapa errado.

Olhando a imagem acima, provavelmente salte aos seus olhos as duas linhas amarelas.

Agora dê uma olhada no gráfico abaixo, que mostra o desempenho dos mesmos fundos nos três anos anteriores.

Considerando essa janela temporal, repare que os produtos em amarelo foram justamente os que apresentaram desempenho aquém do referencial, o Ibovespa. Por outro lado, a linha verde-escura, que na imagem acima se destaca, foi lanterninha no primeiro gráfico, que mostra o retorno mais recente.

O estudo foi feito pelo Lucas Rego, da Athena, uma das gestoras de ações que sugerimos na série Os Melhores Fundos de Investimento.

Ao considerar prazos relativamente curtos, com frequência esses rankings premiam fundos de padrão muito cíclico, que normalmente intercalam anos de forte baixa com anos de forte alta. Justamente o padrão que mais dificulta a permanência do investidor em prazos mais longos.

Ao mesmo tempo, casas renomadas, como Dynamo e Squadra, dificilmente ganharão o topo nessas listas. São produtos que entregam bons retornos com consistência, qualidade desconsiderada nesse tipo de metodologia.

Não há como fugir do fato de que a Bolsa é um instrumento de longo prazo, o que faz desses rankings verdadeiras armadilhas.

Outro ponto para ter em mente é que não basta apenas escolher o melhor veículo. Dá para perder dinheiro mesmo investindo em fundos excelentes. Isso porque existe uma diferença entre o retorno do fundo e o retorno do investidor.

Um exemplo que ilustra bem esse ponto é o caso do Fidelity Magellan, famoso por ostentar um dos melhores track records da indústria. Entre 1977 e 1990, período em que esteve sob o comando do gestor Peter Lynch, a média anual de retorno do fundo foi de impressionantes 29%.

Apesar desse notável rendimento, um estudo da Fidelity mostrou que a média daqueles que investiram no produto em algum momento ao longo desses 13 anos na verdade perdeu dinheiro.

O importante, disse Ana Westphalen, é manter o foco no longo prazo diante de testes como aos que fomos submetidos neste derradeiro janeiro

Ou seja, com frequência, o que vai definir um investimento bem-sucedido é o momento de entrada e saída e, principalmente, o tempo de permanência no produto — e, para fundos de ações, estamos falando em um mínimo de pelo menos três a cinco anos.

Pode ser que você tenha entrado na Bolsa há pouco tempo, na esteira de investidores que buscam na renda variável uma alternativa para aumentar seus retornos no atual cenário de juros baixos. Ou pode ser que seja mais experiente nesse mundo. Em qualquer um dos casos, o importante é manter o foco no longo prazo diante de testes como aos que fomos submetidos neste derradeiro janeiro.

Então vamos fazer um combinado. Você aguenta firme mirando o horizonte de longo prazo e, da nossa parte, te mostraremos os melhores fundos de ações aqui.

Um abraço,

Ana Luísa Westphalen

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