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Arábia Saudita e EAU influenciaram Rússia por mais cortes na Opep+ em GP de F1

18 dez 2019, 15:46 - atualizado em 18 dez 2019, 15:46
Petróleo
A Rússia, por sua vez, viu o acordo como uma maneira de fortalecer relacionamentos (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

A Arábia Saudita recorreu aos Emirados Árabes Unidos (EAU), seu aliado no Golfo Pérsico, quando precisou de ajuda para convencer a Rússia a concordar com cortes mais profundos na produção de petróleo, concretizados em reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) no início deste mês.

O xeique Mohammed bin Zayed, príncipe herdeiro árabe, promoveu negociações cruciais entre a Arábia Saudita e a Rússia em Abu Dhabi, onde os três países se acertaram em relação ao que se tornaria um dos mais profundos cortes de produção em uma década, conforme disseram à Reuters quatro fontes familiarizadas com a negociação.

Detalhes das negociações ocorridas antes do anúncio oficial dos cortes, realizado em 6 de dezembro por produtores tanto da Opep quanto de fora da organização, que formam o grupo Opep+, não haviam sido noticiados anteriormente.

O papel dos EAU nas negociações marca uma mudança em relação aos anos anteriores e ressalta a crescente influência da Rússia sobre a região. Desde 2016, quando a Rússia começou a cooperar com a Opep em acordos de oferta, Riad e Moscou construíram decisões sobre a produção de petróleo antes mesmo das reuniões da Opep, sem muito envolvimento de outros países produtores.

Desta vez, no entanto, o desejo de Riad foi de que Abu Dhabi a ajudasse a pressionar Moscou em favor dos cortes, de acordo com duas fontes.

A Rússia, por sua vez, viu o acordo como uma maneira de fortalecer relacionamentos-chave na região.

“A mensagem que a Rússia queria passar é a de que está apoiando a Arábia Saudita em um momento crucial, e que a aliança é sólida”, disse uma das fontes. “O papel dos EAU não deve ser visto como uma surpresa. A Rússia tem laços muito fortes com os EAU.”

A Rússia e a Arábia Saudita são os principais exportadores de petróleo do mundo, representando juntos 20% da produção global. O envolvimento dos EAU, que produz 3% da oferta global da commodity, ocorreu depois de Moscou ter sinalizado se opor a novos cortes de oferta antes das reuniões da Opep em Viena, ocorridas nos dias 5 e 6 de dezembro, disseram três das fontes.

Segundo as quatro fontes, parte das negociações com envolvimento árabe ocorreram durante o Grande Prêmio de Abu Dhabi de Fórmula 1, quando o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, e seu irmão e ministro de Energia do reino, Abdulaziz bin Salman, se encontraram com Kirill Dmitriev, influente assessor do Kremlin e chefe do fundo soberano de 10 bilhões de dólares do governo russo, para discutir o tema.

O Fundo de Investimento Direto da Rússia e o Ministério da Energia do país, que desempenharam papéis importantes nas negociações da Opep, se recusaram a comentar. Os gabinetes de imprensa dos governos da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos não responderam a pedidos por comentários.