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B3 (B3SA3): O que a sangria da Bolsa diz sobre resultados do 2T22? Saiba se ação deixou de ser atrativa

14 jul 2022, 17:37 - atualizado em 14 jul 2022, 17:37
Ibovespa
Retomada mais forte do fluxo estrangeiro na B3 demorará mais para chegar (Imagem: REUTERS/Rahel Patrasso)

Os últimos dados operacionais divulgados pela B3 (B3SA3) no início da semana, referentes ao mês de junho, mostraram um desempenho mais lento, com o volume médio de negociações (ADV) encolhendo 8% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segmentos que operaram bem nos últimos meses, como tecnologia, ficaram praticamente estáveis em junho, e nem mesmo renda fixa foi um grande destaque do período, afirma a Guide Investimentos.

Além disso, o número de investidores de varejo ficou em 4,4 milhões, um aumento de “apenas” 53 mil no mês em relação a maio, o que pode alimentar potenciais preocupações e impedir uma reclassificação significativa das ações no curto prazo, segundo a Ágora Investimentos.

Matheus Spiess, analista da Empiricus, explica que os números ruins do último mês fazem parte do ciclo atual de baixa dos mercados em meio a um cenário de inflação e juros elevados.

Para o especialista, os dados indicam um segundo trimestre fraco para a B3. Por outro lado, Spiess acha que o mercado pode ter precificado demais um cenário mais pessimista do que deve, de fato, se materializar.

“A economia é feita de ciclos, e a gente está passando por um menos favorável para essas teses de financial deepening. Mas, em um segundo momento, estruturalmente, elas ainda vão se beneficiar – principalmente nomes consolidados, como a B3″, diz.

Marcelo Oliveira, analista e fundador da Quantzed, também cita o pessimismo excessivo do mercado, mas para reforçar a sua ideia de que a empresa deve atender as baixas expectativas de resultados, reportando números “ainda razoáveis” nessa nova temporada de balanços.

Na avaliação do Bank of America (BofA), os dados operacionais de junho sugerem lucro líquido e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do segundo trimestre em linha com suas estimativas de R$ 1,4 bilhão (+1% ano a ano e estável no comparativo trimestral) e R$ 1,6 bilhão (-15% ano a ano e -4% no comparativo trimestral), respectivamente.

Gringos na Bolsa

Os investidores estrangeiros respondem pelo maior movimento na Bolsa. A entrada em massa dos gringos no início do ano deu o empurrão que o Ibovespa precisava para se recuperar do baque da pandemia, tornando o mercado de ações brasileiro um dos mais bem posicionados no primeiro trimestre.

No entanto, desde maio, a tendência se reverteu. O fluxo de estrangeiros ficou mais escasso com o início do movimento de aperto monetário internacional.

Na avaliação de Oliveira, da Quantzed, um volume mais robusto de investidores estrangeiros não deve ser visto no Ibovespa tão cedo, já que o gringo está em “modo de sobrevivência” em um “mercado disfuncional”.

Como Oliveira, Spiess, da Empiricus, acredita que uma retomada mais forte do fluxo estrangeiro demorará mais para chegar. No entanto, a tese ainda prevalece.

“O Brasil é um país atrativo, com bons ativos e alinhado às filosofias e à cultura ocidental, diferente de outros países emergentes que estão no Oriente”, lembra o analista.

Segundo Spiess, o investidor que investe em mercados emergentes ainda vai querer um país para alocar seu recurso, e o Brasil, quando comparado com China, Rússia e Índia, se destaca como a “saída mais fácil”.

Queda do Ibovespa: comprar ou não B3SA3?

Ibovespa
Momento ruim dos mercados respinga nas ações da B3, que acumulam uma desvalorização de 5,34% no ano e aproximadamente 37% em 12 meses (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa recuou forte nesta quinta-feira (14), acompanhando o pessimismo das Bolsas globais. O índice de referência da Bolsa caiu 1,8%, a 96.120,85 pontos, renovando mínimas desde novembro de 2020.

O momento ruim dos mercados tem respingado nas ações da B3, que acumulam uma desvalorização de 5,34% no ano e aproximadamente 37% em 12 meses.

A baixa do Ibovespa reflete a queda dos preços das commodities, que, junto com os bancos, compõem a maior parte do índice.

Apesar da fragilidade do curto prazo, Spiess está construtivo com o fluxo de caixa em commodities.

“Existe espaço para estarmos ainda otimistas com commodities, ainda que, na margem, existem nomes muito descontados e que se beneficiam dessa rotação setorial que tem acontecido nas Bolsas internacionais”, diz o analista da Empiricus.

Além disso, Spiess acredita que a Bolsa está muito barata.

“Se a gente pegar o P/L (preço sobre lucro) do Ibovespa dos últimos 15 anos, ele vai estar dois desvios padrões abaixo da média”, afirma. Spiess destaca que, mesmo excluindo Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), há pouca mudança na dinâmica.

No caso da ação da B3, o analista reforça que ela está bem descontada e volta a destacar que a empresa é um player consolidado, com muito a explorar no mercado brasileiro.

A potencial chegada de um concorrente não assusta tanto, uma vez que o novo player precisaria usar serviços da própria B3 para operar, acrescenta Spiess.

Para o analista da Quantzed, a Bolsa vive um momento melhor do que outras, recebendo suporte das commodities e dos bancos.

Oliveira destaca que, por mais que os preços das commodities tenham caído, as empresas continuam vendendo. Enquanto, isso, os bancos se beneficiam da alta da Selic.

Mas, diferente de Spiess, Oliveira não acha que agora é um bom momento para investir na B3, pois vê a Bolsa andando de lado no curto prazo.

Ainda, o especialista acha difícil que a pessoa física, atraída pelo investimento em renda fixa com a Selic a quase 14%, retorne ao mercado de ações.

O BofA tem recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de R$ 14. O banco destaca que a B3 é atualmente negociada a 12,7 vezes P/L estimado para 2023, abaixo do múltiplo visto durante o último ciclo de alta e dos pares.

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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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