Economia

Banco Central pode provocar recessão ainda maior em 2022?

13 dez 2021, 13:37 - atualizado em 13 dez 2021, 13:37
Banco Central
As leituras iniciais do PIB mostram que o país está mais uma vez atolado na recessão (REUTERS/ Ueslei Marcelino)

Operadores no mercado de juros futuros estão expressando algum ceticismo sobre o aparente plano do Banco Central de continuar a endurecer a política na velocidade demonstrada ultimamente.

As taxas de DI mais curtas deram um salto imediatamente após a decisão do BC na semana passada de elevar a Selic em 1,5 ponto percentual e repetir a indicação de que seguiria com outra alta de porte semelhante, mas esse movimento foi revertido menos de um dia depois, após o IPCA mostrar uma inflação menor que o previsto.

Enquanto isso, as taxas na curva longa têm caído em meio à preocupação de que uma política excessivamente rígida possa provocar uma recessão ainda mais profunda.

A precificação para a próxima reunião do BC está agora perto do que as autoridades indicaram, mas pode haver espaço para as taxas de curto prazo caírem ainda mais à medida que os riscos para a atividade econômica crescem e as movimentações para a eleição presidencial aumentam.

As leituras iniciais do PIB mostram que o país está mais uma vez atolado na recessão. As vendas no varejo e a produção industrial vêm decepcionando há meses. E ainda faltam mais de sete semanas para surpresas adicionais antes da próxima reunião.

“Haverá muita pressão para evitar um exagero”, disse Sergio Zanini, sócio e gestor da Galapagos Capital em São Paulo. “Não há necessidade fundamental de se tornar repentinamente tão agressivo e tentar forçar uma convergência da inflação em um período tão curto de tempo.”

O BC sinalizou 1,5 ponto percentual de aperto adicional para fevereiro e as opções digitais atualmente sugerem em torno de 50% de probabilidade de isso ocorrer, com cerca de 25% de probabilidade de que a alta de juros seja maior e chance semelhante de que seja menor.

Resposta Rápida

As taxas dos contratos de DI para janeiro de 2023, um indicativo do acumulado de juros esperado atá aquela data, caíram até 34 pontos-base na sexta-feira, para 11,29%, revertendo o avanço inspirado pelo BC no dia anterior, e encerraram a sessão por volta das 11,44 %, em queda de 19 pontos base.

Isso reflete um mercado que espera algum tipo de desaceleração nas altas da Selic, ainda que não necessariamente a partir de fevereiro.

Erick Martinez, estrategista do Barclays em Nova York, diz que o BC promoverá uma alta de 1,5pp em fevereiro e que o sinal hawkish do Copom “foi muito claro”. Mas ele duvida que eles consigam manter o mesmo ritmo além disso.

Em seu comunicado de quarta-feira, o BC destacou riscos de que as expectativas de inflação de longo prazo possam perder a ancoragem, o que significa que a política monetária precisaria ir “significativamente” para território restritivo.

As autoridades disseram que o BC persistiria em sua estratégia até que a desinflação comece e as expectativas para os índices de preços ao consumidor estejam ancoradas.

Ainda assim, embora o tom tenha sido hawkish – e a resposta imediata do mercado refletiu isso isso – o comunicado também apontou algum potencial de flexibilidade.

Ajustando sua redação para dizer que o BC conduzirá a política para garantir a “convergência” com sua meta de inflação, ao invés de “atingi-la”, as autoridades podem muito bem estar fornecendo algum espaço de manobra para implementar aumentos de taxas menores do que o planejado.

Some-se a isso um possível aumento nas pressões políticas conforme a eleição presidencial do país esquenta e a incerteza contínua sobre a pandemia do coronavírus, e o balanço de riscos para operadores pode agora estar inclinado para taxas de juros longas mais baixas.

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