Banco do Brasil (BBAS3) apresentou resultados ‘fracos’ como o esperado, avalia BTG Pactual
O Banco do Brasil (BBAS3) teve uma redução de 60% no lucro líquido no terceiro trimestre (3T25) na base anual. A queda, porém, não foi uma surpresa para os analistas do BTG Pactual, que já esperavam “números fracos”.
Nas palavras dos analistas Eduardo Rosman, Thiago Pura, Ricardo Buchpiguel e Bruno Henriques, o balanço do BB veio “como o esperado”. “Como o esperado — especialmente após o Banco Central divulgar números de lucro líquido fracos para o BB em agosto — o banco estatal apresentou resultados fracos no 3T.”
Na visão da equipe, o lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões teve um impacto “positivo” da alíquota de imposto, combinado com um ajuste de aproximadamente R$ 750 milhões relacionados a planos econômicos.
Os analistas também chamaram a atenção para o EBT (lucro antes dos impostos). O indicador, considerado o “melhor” para análise de capacidade de geração de lucros, ficou quase 20% abaixo das estimativas do BTG Pactual devido a provisões maiores.
“O banco enfrentou problemas específicos no segmento corporate, que exigiram provisões adicionais. Combinadas às maiores provisões relacionadas à carteira de agronegócio, essas questões contribuíram para o resultado mais fraco no 3T”, afirmaram os analistas em relatório.
A equipe do BTG Pactual ainda avaliou que as provisões brutas, de R$ 17,9 bilhões e 6% acima do esperado, foram, mais uma vez, o principal peso sobre os resultados.
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As despesas administrativas também ficaram ligeiramente acima do projetado, em R$ 20,1 bilhões — alta de 5% na comparação anual e trimestral.
Pontos positivos do balanço
A Margem Financeira com Clientes surpreendeu positivamente o BTG Pactual. A métrica teve crescimento de 10% na base trimestral e de quase 19% no ano contra ano, atingindo R$ 24,6 bilhões entre julho e setembro.
O desempenho, na avaliação dos analistas, foi sustentado por maior liquidez excedente, melhora nas margens de passivos com a alta da Selic, precificação da carteira e maior número de dias úteis.
Além disso, os analistas também destacam ganhos do lado tributário. “Durante o trimestre, a linha fiscal registrou ganho de R$ 716 milhões (vs. alíquota de 2,4% no 2T e 4,6% no 3T24), evitando um prejuízo muito maior no lucro final”, destacaram os analistas.
Guidance: os números mais importantes do balanço
Para a equipe do BTG Pactual, o novo corte no guidance foi o fator “mais importante” entre os números do balanço do 3T25.
Para este ano, o BB reduziu a expectativa de lucro de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões para R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões.
Nas contas do BTG, a revisão implica lucro ajustado de R$ 3,1 bilhões no quarto trimestre — uma queda de 18% na base trimestral — para o piso e R$ 4,6 bilhões — alta de 21,5% ano a ano — para o ponto médio.
Os analistas ainda destacaram o comentário do CFO, Marco Geovanne, divulgado em vídeo junto aos resultados. O executivo disse que ainda é difícil afirmar se o quarto trimestre (4T25) marcará o ponto de inflexão para uma recuperação dos lucros.
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Ações em queda: o que fazer agora?
Em reação ao balanço, as ações operam em queda na B3 desde o início do pregão. Por volta de 11h40 (horário de Brasília), BBAS3 registrava baixa de 2,41%, a R$ 22,25.
Na mínima intradia, os papéis chegaram a recuar 6,62%. Acompanhe o Tempo Real.
O BTG Pactual, por sua vez, mantém a recomendação neutra para as ações do BB após os resultados. O preço-alvo é de R$ 23 — o que representa um potencial de valorização de $
O banco afirma que, embora o valuation do BB seja atrativo, a recuperação de lucros será mais lenta do que o mercado precifica.
“O ponto de partida é desafiador: o banco entra no próximo ciclo com ROE baixo, sustentação de capital mais estreita e nível de provisões bem inferior ao de anos anteriores. Em um cenário de desalavancagem, melhorar resultados se torna naturalmente mais difícil”, escreveram os analistas Eduardo Rosman, Thiago Pura, Ricardo Buchpiguel e Bruno Henriques, em relatório.
A equipe ainda avalia que o ambiente também deve ficar ainda mais desafiador para o Banco do Brasil, com os bancos privados reduzindo “agressivamente” agências e quadro de funcionários.