Comprar ou vender?

Banco do Brasil (BBAS3): Por que investidores estão comprando?

17 jan 2023, 17:45 - atualizado em 18 jan 2023, 11:27
Tarciana Medeiros
“Continuaremos gerando retorno adequado ao capital que investiram na empresa”, disse Tarciana (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O Banco do Brasil (BBAS3) sobe forte na sessão desta terça-feira (17) um dia após a posse da nova CEO Tarciana Medeiros. Por volta das 16h40, o papel saltava 4,41%, a R$ 37,19.

Dessa forma, o banco caminha para o oitavo pregão em alta e o melhor patamar desde a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em novembro.

Além da recuperação do setor, analistas que conversaram com o Money Times elogiaram o discurso de Taciana na noite da última segunda.

No discurso, a nova CEO, a primeira mulher à frente da instituição em quase 200 anos, buscou o diálogo ao falar sobre a necessidade de entregar rentabilidade ao acionista sem, com isso, perder o caráter social do banco.

“Continuaremos gerando retorno adequado ao capital que investiram na empresa; eles acreditaram em nós e vamos oferecer a justa contrapartida a essa confiança”, afirmou Tarciana durante discurso na cerimônia de posse, em Brasília.

“O BB continuará a ser um banco rentável e sólido, criando valor para a sociedade; podemos, sim, conciliar uma atuação comercial e pública”, acrescentou.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, diz que o mercado se animou com as declarações, bem distantes das ditas pelo presidente Lula durante a campanha.

“Foi um discurso que agradou o mercado. A Tarciana tem uma longa e renomada experiência dentro do banco em diversas áreas do segmento, como varejo e seguros, combinada com seu conhecimento em tecnologia, o que pode levar a uma indicação de que o banco irá manter os investimentos em inovação”, diz.

Fabrício Gonçalvez CEO da Box Asset Management, vê a ação buscando a região dos R$ 40 ao classificar a fala como “bem pró-mercado”.

“O mercado tem a expectativa de que a nova presidente dê continuidade aos esforços do banco na implementação de novas tecnologias, o que pode vir a continuar melhorando a operação da companhia estatal”, acrescenta Milton Ribeiro, analista da VG Research.

Ele coloca ainda que apesar de ainda não estar clara como será efetivamente a relação entre o Governo Lula III e as companhias estatais, “a indicação pode ser considerada conciliatória, já que a executiva tem um viés técnico, o que agrada aos acionistas do banco, ao passo que seu nome simboliza a ascensão de uma mulher de origem humilde, nordestina e ligada a questões LGBTs, o que agrada as bases de apoio do PT”.

Por outro lado, Rafael Bombini, assessor da DOM Investimentos, argumenta que é cedo para atribuir a alta do banco à posse da nova presidente.

Banco do Brasil está subindo junto com todo o setor e com a recuperação do mercado, mas foi um discurso bem tranquilo, que quer alinhar o lado público com o lado social. A principio foi um impacto positivo”, observa.

E as falas do Lula sobre Banco do Brasil?

O presidente Lula também estava no evento e disse que quer que o Banco do Brasil se torne o “campeão em crédito consignado” no país.

“Eu desejo um Banco do Brasil muito forte, com muita gente depositando dinheiro no banco, até minha conta vai ser do Banco do Brasil… quero que a gente seja o campeão de crédito consignado”, declarou.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, coloca que mesmo com a alta, ainda prefere ficar longe das estatais justamente por conta do risco de ingerência política.

“A sensação que nós temos é que quem irá ditar as cartas é o presidente Lula. Está se mostrando mais centralizador que em seus outros mandados. O discurso sobre o consignado sempre desperta um pouco de receio”, discorre.

Para ele, há empresas na bolsa que estão mais atrativas que o Banco do Brasil, isso sem contar outros setores.

Já a VG destaca que apesar das incertezas políticas, as perspectivas para o banco são boas em função de potencial de valorização e dos robustos pagamentos de dividendos esperados para 2023.

“No entanto, é sempre razoável ter um grau de cautela em relação às companhias públicas, já que existe um temor que o governo eleito venha a aumentar o crédito subsidiado e direcione a carteira da instituição para produtos com menores spreads, o que poderia vir a deteriorar do ROE do banco”, ressalta.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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