Americanas

Bancos credores aceitam rolar dívidas da Americanas

14 jan 2023, 8:54 - atualizado em 14 jan 2023, 11:14
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Bancos credores concordam em rolar a dívida da Americanas, mas impõem condições, entre elas, emissão de ações (Imagem: André Torres/Money Times)

Os bancos credores da Americanas concordaram em rolar a dívida da companhia para evitar que a varejista quebre, gerando um efeito cascata tanto no sistema financeiro quanto no varejo.

Porém, as instituições condicionaram que a Americanas faça uma capitalização rapidamente. A operação deve se dar por meio da emissão de ações, em uma oferta que deve ser de alguns bilhões de reais.

Na visão do mercado, a exposição das instituições à companhia no futuro pode diminuir.  Afinal, os bancos devem endurecer  as condições para financiar a varejista no futuro, diante da crise de confiança gerada pela descoberta de inconsistências contábeis de pelo menos de R$ 20 bilhões.

Pessoas a par da negociação ouvidas pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, afirmaram que as instituições financeiras concordaram em rolar a dívida da Americanas. Os bancos foram consultados ao longo dos últimos dias sobre a possibilidade, depois que a empresa comunicou o problema ao mercado na quarta-feira (11).

Um diretor de um banco credor afirmou que a instituição “deu um respiro” à Americanas. Outro banqueiro disse que a “sinalização positiva” está atrelada à “capitalização rápida de alguns bilhões”. Segundo esse banqueiro, a 3G, gestora que reúne o trio de sócios da Americanas, vai ter de participar para a oferta de ações sair.

Por seu porte, a Americanas é cliente de praticamente todos os grandes bancos, segundo operadores do setor. Por isso, não seria interessante deixá-la à míngua.

Entretanto, executivos consideram que as condições de financiamento ficarão mais duras adiante, com instituições cobrando mais para assumir um risco também maior. Isso se refletiu ontem no mercado secundário de títulos de dívida da companhia, com um salto nas taxas cobradas e um tombo no valor de face.

No balanço de setembro do ano passado, a Americanas informou dívida bruta de R$ 19,3 bilhões, sendo que R$ 17,1 bilhões eram de longo prazo. Ou seja, com vencimento em prazos acima de um ano. Desse total, R$ 15,6 bilhões estavam em empréstimos e financiamentos, segundo a companhia. O restante estava em debêntures.

Já o ex-presidente da varejista Sergio Rial disse em um vídeo de 11 minutos disponível no site da Americanas que a dívida bruta é de R$ 30 bilhões a R$ 35 bilhões, após crescer em 2022, sobretudo no terceiro e quarto trimestres. Ou seja, aparentemente bem maior que os dados do balanço mostram.

Linhas de crédito

Um dos grandes riscos nesse momento seria a interrupção da linha dos bancos para o financiamento dos fornecedores, sobretudo agora que as vendas estão crescendo, disse Rial no vídeo.

Vale lembrar que nas primeiras duas semanas deste ano, as vendas tiveram uma alta acima de 17%. “Espero que os bancos tenham postura de equilíbrio e permitam obviamente a gestão atual de encontrar um caminho que funcione para todos”, afirmou.

Impacto pequeno

Analistas do setor financeiro disseram acreditar que o impacto de um possível prejuízo com a Americanas seria pequeno para cada instituição. Sem revelar nomes, os bancos informam a exposição que possuem a seus maiores devedores, e na visão de profissionais, os dados mostram que o abalo seria contido.

O analista Marcelo Telles, do Credit Suisse, consultou as exposições das instituições a seus maiores devedores. Na média do setor, o crédito a cada grupo econômico representa cerca de R$ 1,9 bilhão, calculou, ou 1,6% do capital do setor. O banco considerou os devedores que ficam entre a 11ª e a 20ª posição nos balanços das instituições, e estima que a Americanas tenha a 26ª maior dívida entre as empresas brasileiras.

Nesta sexta, 13, o Bradesco BBI calculou que os bancos mais expostos a varejistas são o Santander Brasil e o BTG Pactual, com cerca de 7% da carteira total de crédito. Em seguida, estão Itaú e ABC Brasil, com 3%; e Banrisul e Banco do Brasil, com 2% cada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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