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Bancos digitais podem ter atingido saturação de clientes no Brasil, diz BofA

10 fev 2024, 13:00 - atualizado em 10 fev 2024, 11:48
Carteira digital
Disputa entre bancos deve ficar mais agitadas, com o mercado dando sinais de saturação de consumidores (Imagem: Unsplash/@naipo_de)

O número de clientes para bancos digitais pode estar ficando saturado no Brasil, de acordo com estudo disponibilizado pelo BofA (Bank of America).

De acordo com o levantamento, realizado pela consultoria Sensor Tower a pedido do banco norte-americano, o Brasil já ultrapassou 1 bilhão de downloads de aplicativos para os ‘neobanks’, conhecidos como bancos digitais. 

A pesquisa afirma que o número de usuários ativos chegou a 180 milhões em 2022 (quase 80% da população brasileira), indicando uma possível saturação de consumidores.

“A indústria começa a apresentar sinais de saturação, com o número de downloads desacelerando e o número de usuários se mostrando estável nos últimos 2 anos”, diz o BofA. Segundo a projeção do banco, o número de downloads de aplicativos de bancos passou de 250 milhões em 2021, para 160 milhões em 2023.

O Nubank registrou a maior base de usuários no levantamento, com 58 milhões de usuários ativos, “concentrando 1/3 da indústria”. O segundo é o PicPay, com 24 milhões.

Segundo o consultor de fintechs, Bruno Diniz, da Spiralem, a saturação de consumidores deve intensificar a concorrência entre os players já consolidados, com soluções de nicho e foco em ativos não-financeiros.

“Aquele neobank que é super amplo, com muitas soluções, atingindo um público mais aberto, agora  começa a dar lugar para algumas coisas nichadas, que tenham software e soluções complementando”, afirma Diniz. Ele diz que o software acaba ganhando mais relevância, deixando de ser apenas uma simples conta corrente.

“Vemos, por exemplo, uma solução endereçada para um público de caminhoneiros”, diz. É o caso do FrotaBank e do TruckDigital, que oferecem gerenciamento e antecipação de frete.

“Quais outras soluções além do básico de banking service, de produtos bancários, esses players poderiam oferecer como software? Quais benefícios? Tudo é pensado para um determinado grupo”, afirma.

Entre as causas do enfraquecimento no setor, o Bofa cita o aperto monetário do Banco Central nos últimos anos; a alteração de regras, como exigência para maior reserva de capital, e o aumento da concorrência.

Os bancos líderes em downloads

O estudo do BofA apresentou os números referentes a base de usuários de cada neobank e quanto tem sido sua variação anual.

O Nubank lidera a lista, seguido pelo PicPay e o Mercado Pago, banco digital do Mercado Livre. A maior variação anual também é liderada pelo Nubank.

Empresa Nov-23 (milhões) Dez-23 % anual Outubro Novembro Dezembro
Nubank 157.9 161.5 32% 32% 34% 34%
PicPay 114.3 116.0 20% 24% 19% 19%
MercadoPago 86.5 87.8 18% 15% 15% 15%
PagBank 77.7 78.4 18% 15% 20% 20%
Inter 62.9 63.9 28% 24% 26% 26%
C6 57.1 58.1 23% 20% 22% 22%
Pan 51.9 52.5 20% 18% 20% 20%
Neon 47.1 47.6 20% 20% 19% 18%
Iti Itaú 45.6 46.2 27% 23% 25% 25%
AME 44.5 44.6 20% 20% 20% 20%

*Fonte: BofA

Surgimento de novos players é improvável, diz consultor

Segundo Bruno Diniz, será muito difícil de aparecerem novos bancos digitais no mercado “com uma abordagem ampla quanto Nubank, PicPay, Neon, C6 e outros”. Ele afirma que a criação desses players demanda muito gasto, e que os fundos de Venture Capital “por um lado não estão mais empolgados com essa tese, porque ela praticamente já se consolidou”.

“Quem está nesse jogo hoje, está num jogo de maior maturação”, diz. “Agora que estão estabilizando, apresentando lucros, o jogo fica diferente, é uma disputa entre players muito grandes”, afirma, em relação à consolidação dos bancos digitais e à concorrência com os bancos tradicionais, que foram obrigados a se desenvolver para ofertar o mesmo tipo de acesso fácil aos consumidores.

“Teremos ainda mais soluções de nicho”, diz.

 

repórter
Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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