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Bastidores de Brasília: O jogo da PEC dos Precatórios está longe do fim

10 dez 2021, 15:46 - atualizado em 10 dez 2021, 15:46
Paulo Guedes
A promulgação trata apenas das mudanças na regra do teto de gastos e de parte das alterações no pagamento de precatórios (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

A solução para o Orçamento de 2022 com a promulgação de parte da PEC dos Precatórios abre um espaço de apenas R$ 20 bilhões para o pagamento do Auxílio Brasil no ano que vem.

A promulgação trata apenas das mudanças na regra do teto de gastos e de parte das alterações no pagamento de precatórios, o que dá uma folga fiscal de R$ 62,2 bilhões em 2022.

No entanto, uma boa parte disso precisa ser usada com vinculações, o que reduz a folga em mais da metade. O montante, somado ao orçamento do Bolsa Família, é suficiente apenas para começar a pagar o benefício de R$ 400 no ano que vem.

Pastore

Ex-presidente do Banco Central e atual conselheiro econômico de Sergio Moro, Affonso Celso Pastore, tem sido alvo de críticas dentro do Ministério da Economia.

Integrantes da pasta afirmam que Pastore, que defende um resgate da credibilidade fiscal do Brasil, tem errado por uma margem larga em projeções sobre a dívida bruta.

O ex-comandante do BC estima que a dívida bruta chegará a 100% do PIB em 2029, enquanto a equipe econômica trabalha com uma estimativa abaixo de 80% do PIB — um erro de mais de R$ 2 trilhões, segundo um integrante da equipe econômica.

Teto solar

A PEC dos precatórios fez com que o apelido de fura-teto que o ministro Paulo Guedes deu a colegas de esplanada se voltasse contra ele.

Diante das piadas do tipo “quem é o fura-teto agora?”, o chefe da Economia diz que chefes de outras pastas são os verdadeiros pais do teto solar que a proposta cria ao abrir espaço de R$ 106,8 bilhões no Orçamento para pagar o Auxílio Brasil de R$ 400.

Reconhecimento

Integrantes da equipe econômica têm manifestado incômodo com o fato de a política fiscal ser apontada apenas como vilã do combate à inflação.

A equipe de Paulo Guedes lembra que, apesar das incertezas da PEC dos Precatórios, o governo conseguiu reduzir o déficit primário do governo central de 10% do PIB em 2020 para 1,1% em 2021, com uma previsão ainda menor para 2022: 0,4%.

Enraizado

A ida do secretário especial de Emprego e Competitividade, Carlos da Costa, para Washington na função de adido comercial do Ministério da Economia foi a forma que Guedes encontrou de se livrar de quem andava enraizado no Palácio do Planalto e no Congresso criando condições adversas para o trabalho da equipe econômica, afirma um integrante da pasta.

Para justificar a criação de uma adidância para se desfazer de Costa, o Ministério afirma que está seguindo os passos do governador de São Paulo, João Doria, que acaba de inaugurar um escritório comercial do estado em Nova York.

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