Economia

Pandemia tirou do BC o controle sobre os juros futuros, opina analista

25 mar 2021, 16:10 - atualizado em 25 mar 2021, 17:08
Banco Central
O principal risco atualmente é relacionado a uma deterioração adicional da pandemia (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A forte aceleração das taxas dos juros futuros (DI) no Brasil se deve a fatores que não estão sob o controle do Banco Central, avalia Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco digital modalmais.

Ele cita os contratos curtos de janeiro de 2022, intermediários de janeiro de 2025 e os longos de janeiro de 2029.

“Ante expectativa de perda de inclinação da curva de juros por conta da elevação dos vértices mais curtos, observa-se nos últimos dias forte movimento de abertura dos vértices longos. Em nossa visão, isto relaciona-se a fatores que não estão sob controle direto do Banco Central”, avalia.

Felipe Sichel
Um “cheque em branco” para a equipe econômica poderia atrapalhar ainda mais as contas do País, avalia Felipe Sichel (Imagem: Divulgação/Modal)

Segundo ele, o principal risco atualmente é relacionado a uma deterioração adicional da pandemia, que force a adoção de mais medidas de recomposição de renda sem contrapartidas para garantia de uma trajetória sustentada do fiscal.

“Ou seja, o famoso “cheque em branco” que poderia ser dado no caso de nova declaração de estado de calamidade. Outro risco evidente relaciona-se a condução da política econômica no geral, visto que os riscos eleitorais aumentam para o presidente Bolsonaro por conta da queda em sua popularidade, o que também pode ser incentivo para medidas incrementalmente mais populistas”, analisa.

Diante de questionamentos de senadores sobre a possibilidade de aumentar o valor do auxílio emergencial para R$ 600, patamar que chegou a ser pago no ano passado, o ministro da EconomiaPaulo Guedes, disse nesta quinta-feira (25) que não descarta um benefício mais alto, mas que isso dependeria de contrapartidas como a venda de empresas públicas que dão prejuízo.

Varejo Feira Coronavírus
No pior cenário, o país terminaria este ano com inflação de 5,7% (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

Relatório de inflação

O BC, em seu relatório trimestral de inflação publicado hoje, voltou a projetar um IPCA em torno de 5% para este ano e de 3,5% para 2022, mas detalhou também alguns cenários alternativos em que considera a possibilidade de condições mais adversas.

A projeção é que, nessas condições, o país terminaria este ano com inflação de 5,7%, escalando para 5,9% em 2022. Ambos os números estariam bem acima dos tetos das respectivas metas de inflação para o período –5,25% e 5%, respectivamente.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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