Bancos

BC quer parar alta da Selic, mas deveria seguir, diz BNP Paribas

31 ago 2022, 9:59 - atualizado em 31 ago 2022, 9:59
BNP Paribas
O BNP vê uma série de possíveis pressões inflacionárias no horizonte e ainda não revisou sua projeção de Selic terminal em 14,25% (Imagem: REUTERS/Benoit Tessier)

O Banco Central já deixou claro que quer parar o ciclo de alta da Selic, mas essa pode não ser a decisão mais acertada diante de uma série de incógnitas sobre uma queda mais estrutural e prolongada da inflação, dizem o chefe de research para América Latina do BNP Paribas, Gustavo Arruda, e a economista para Brasil, Laiz Carvalho, em entrevista.

O risco, avalia Laiz, é de que a inflação até tenha uma queda significativa inicial, mas volte a “andar de lado” em algum momento, forçando o BC a subir os juros de novo adiante.

O BNP vê uma série de possíveis pressões inflacionárias no horizonte e ainda não revisou sua projeção de Selic terminal em 14,25%.

A avaliação é de que o estímulo fiscal vindo do aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 e a renda disponível extra pela desoneração de combustíveis podem pesar na inflação. Além disso, a seca americana e chinesa e fertilizantes ainda pressionados pela incerteza do conflito na Ucrânia ameaçam os preços de commodities agrícolas.

Arruda acrescenta que parte da alta grande de commodities com a guerra no leste europeu e as disfunções da cadeia de suprimentos não foram totalmente repassadas, o que limita o efeito negativo nos preços agora que esses produtos estão em queda. Ademais, o banco não vê uma reversão nos preços ao nível pré-pandemia. “Então, parte da deflação esperada pode não acontecer”.

O chefe de research do BNP afirma que o banco não é crítico à atuação do Banco Central, que já teria “entregue boa parte do trabalho”, mas pondera que ainda há ruídos na ancoragem das expectativas e, para ele, um “desconforto” em relação a ampliação do horizonte relevante para o início de 2024.

“Quando você alonga demais o horizonte, corre o risco de as pessoas acharem que nunca vai chegar lá. Agir e passar o recado de que vai ‘fazer o possível para entregar a meta o mais rapidamente possível’ poderia encurtar o horizonte”, destaca.

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