Bitcoin (BTC) ‘físico’ vale quase R$ 1 bilhão e lacre é aberto após 13 anos
O bitcoin (BTC) nasceu como uma moeda digital, mas algumas das suas unidades mais valiosas cabem na palma da mão — literalmente. Na última semana, um investidor anônimo resgatou duas moedas físicas da marca Casascius, as mais famosas do mercado.
Cada uma delas continha 1.000 BTC — um tesouro que, somado, chega a aproximadamente R$ 975 milhões (aproximadamente US$ 182 milhões) na cotação atual.
Criadas nos primeiros anos da criptomoeda, essas peças são hoje relíquias tecnológicas. E sua valorização expõe o tamanho da revolução financeira que o bitcoin produziu desde 2011.
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O que são as moedas Casascius
As Casascius foram criadas pelo empreendedor de Utah Mike Caldwell entre 2011 e 2013, no período em que o bitcoin ainda estava apenas nos primeiros estágios de adoção.
Ela nada mais é do que uma hard wallet (ou cold wallet, isto é, uma carteira fria, não conectada à internet, para armazenar criptomoedas), mas um pouco mais complicada.
Cada moeda contém uma chave privada impressa em papel, protegida por um holograma inviolável. Para resgatar os BTC, basta remover o holograma, o que inutiliza a moeda física como item de colecionador.
Caldwell colocou no mercado unidades físicas carregadas com 1, 5, 10, 25, 100, 500 e 1.000 BTC. Ao todo, foram 27.912 moedas e barras vendidas, com cerca de 91.000 BTC unidades.
Alguns modelos se tornaram lendários pela escassez, porque:
- Apenas seis moedas de 1.000 BTC foram cunhadas;
- Existem registros de somente 16 barras de 1.000 BTC;
- Das seis moedas de 1.000 BTC, quatro já tinham sido abertas antes de 2025. As outras duas foram rompidas nesta sexta-feira (5).
No universo dos colecionáveis ligados ao bitcoin, poucas peças despertam tanto interesse.
Quanto valia uma moeda Casascius no começo?
As duas moedas resgatadas têm histórias distintas:
Moeda cunhada em dezembro de 2011:
- Preço do bitcoin na época: US$ 3,88
- Valor atual de 1.000 BTC: US$ 91 milhões
Moeda cunhada em outubro de 2012:
- Preço do bitcoin na época: US$ 11,69
- Valor atual de 1.000 BTC: US$ 91 milhões
- Retorno teórico: cerca de 2,3 milhões por cento
Para efeito de comparação histórica: se um investidor tivesse comprado R$ 50 em bitcoin em 2011, o equivalente a cerca de US$ 30 na época, teria hoje uma fortuna de mais de R$ 150 milhões, aproximadamente.
Por que Caldwell interrompeu a produção
Em 2013, a FinCEN, órgão de combate a crimes financeiros dos EUA, enviou uma carta a Caldwell indicando que a produção das moedas poderia ser enquadrada como transmissão de dinheiro sem licença.
Para evitar processos, o criador suspendeu imediatamente o projeto. Hoje, as Casascius sobrevivem como itens de colecionador.
O resgate das moedas do bitcoin não significa venda
Abrir uma moeda Casascius não implica que um grande volume de bitcoin está prestes a entrar no mercado.
Em julho, um proprietário de uma moeda de 100 BTC, conhecido como “John Galt”, explicou ao Cointelegraph que resgatou os fundos apenas por segurança, sem intenção de vendê-los: “Ter 100 BTC muda a vida de qualquer pessoa. Mas tenho isso há tanto tempo que a decisão foi mais sobre segurança do que sobre ficar rico de repente.”
A lógica se repete nas moedas de 1.000 BTC: seus donos costumam ser investidores de longo prazo que acompanham o bitcoin desde a primeira década.
Por que essas moedas chamam tanta atenção
Além do valor astronômico, as Casascius funcionam como testemunhos materiais da primeira fase do bitcoin, uma era em que entusiastas imprimiam fisicamente aquilo que a maioria do mundo ainda considerava ficção científica.
O resgate de duas moedas de 1.000 BTC numa única semana é um lembrete eloquente da escala da valorização do ativo e da longevidade dos seus primeiros investidores.
Além disso, também reforça aquilo que o mercado já sabe: no universo das criptomoedas, algumas histórias só são possíveis porque começou tudo com uma ideia experimental em 2011, quando um Bitcoin valia menos do que uma coxinha na padaria.