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BrasilAgro (AGRO3): Dividendos devem retomar patamares de anos anteriores, diz diretora de RI

11 maio 2023, 17:25 - atualizado em 19 maio 2023, 12:10
BrasilAgro
Na visão da líder de Relações com Investidores, a BrasilAgro conta com uma janela de oportunidade excelente para novos investidores (Foto: BrasilAgro)

Nesta quinta-feira (11), o Agro Times conversou com a diretora de Relações com Investidores (RI) da BrasilAgro (AGRO3), Ana Ribeiro, sobre os resultados do terceiro trimestre da safra 2022/2023 (3T23), além de perspectivas para vendas e pagamento de dividendos ao longo de 2023.

Na última terça-feira (9), a companhia reportou prejuízo de R$ 3,2 milhões, revertendo o lucro líquido de R$ 81 milhões do mesmo período do ano passado.

Balanço 3T23

A gerente da companhia destaca, em primeiro lugar, a sazonalidade das empresas do setor do agronegócio.

“Com exceção ao lado imobiliário (compra e venda de fazendas), a BrasilAgro tem suas receitas concentradas em alguns trimestres do ano, de acordo com sua colheita e faturamento. Com isso, naturalmente os dois primeiros dos anos contam com receita menor da operação, com os valores mais robustos concentrados nos dois últimos trimestres dos anos”, explica.

Na avaliação de Ribeiro, a comparação com o terceiro trimestre da safra 2021/2022 é “injusta”, em função da safra recorde da última temporada, que foi atípica.

“2022 foi um ano fora da curva, com margens altíssimas e condições favoráveis na maior parte das regiões produtoras, principalmente em Mato Grosso e no Nordeste onde a BrasilAgro atua, com recordes em todos os sentidos, seja em produtividade por hectare, margens e preços altos”, comenta.

Estratégia comercial

Além desses fatores, a estratégia comercial da companhia também contribuiu para os menores números no trimestre.

“Nós antecipamos em 2022 o máximo das vendas por conta daquele cenário de preços altos, para captarmos as maiores margens possíveis naquela janela de oportunidade. Em 2023 foi o movimento foi inverso, com a queda dos preços e dificuldades de produção em algumas regiões, nós “seguramos” nossas entregas, para capturarmos um preço melhor mais para frente”, diz.

A chefe de RI explica que a queda dos preços das principais commodities foi outra questão que afetou os resultados da empresa nos primeiros três meses de 2023.

“A melhor forma de analisar os resultados das companhias agrícolas é o acumulado do ano. Se olharmos os nove meses que se encerraram em 31 de março, a BrasilAgro teve um resultado positivo, de R$ 24 milhões, mas é importante lembrar que não tivemos vendas de fazendas reconhecidas no mesmo volume do ano passado. Nós realizamos uma venda em abril, mas ela só entra nos resultados de junho, um ganho de quase R$ 300 milhões que entra no 4T23”, ressalta.

Vendas

Ribeiro destaca a venda de uma fazenda da companhia em Goiás por R$ 417,8 milhões. “Nós compramos essa fazenda e vendemos partes dela em sete diferentes momentos nos últimos 10 anos, e esse é um projeto importante, que traz uma receita elevada para companhia, então temos esse volume expressivo vindo do lado imobiliário, que será ‘a cereja do bolo’, gostamos de dizer que o negócio imobiliário é o grande diferencial da BrasilAgro em relação aos seus pares”.

Além disso, a venda de grãos e algodão, aliada ao início da colheita da cana-de-açúcar 2023, que começou em maio, deve impulsionar os resultados da empresa no 4T23, segundo ela. “Estamos vendo uma recuperação nos preços do etanol, que recuaram no final do ano passado, com isso, devemos encerrar o ano dentro do que esperávamos em termos de orçamento, mas com alguns desafios como a perna de cana por conta de um incêndio e essas diminuições das margens das commodities, ainda que por um outro lado tem ocorrido ganhos de produtividade”.

Com a relação ao início da safra 2023/2024, a gestora destaca algumas projeções. “Esperamos uma safra positiva de grãos, é um ano com desafios climáticos, com El Niño, com desafios maiores para as regiões onde atuamos, com isso, temos que estar atentos para janela de plantio. Ainda assim, esperamos uma liquidez interessante na parte imobiliário, assim, é de esperar novas vendas no 4T23 e no 1T24”, conclui.

Dividendos

A head de RI explica que a empresa não conta com uma política de dividendos estabelecida, aplicando apenas a política do novo mercado de pagar no mínimo 25% dos lucros.

“Esse é um número interessante que permite a manutenção da meta dos executivos, que é ter um dividend yield entre 5-6%. O ano passado foi um ponto fora da curva porque tivemos uma distribuição extraordinária, a maior da história da companhia, e para 2023 a nossa expectativa é voltar para os patamares dos anos anteriores, com exceção para 2022, com yield entre 5-6%”, ressalta.

No entanto, Ribeiro ressalta que os novos investimentos projetados pela companhia vão balizar o pagamento dos dividendos acima dos 25% obrigatórios.

Novos investidores

Para quem ainda não conta com os papéis da BrasilAgro na carteira, a líder de RI destaca os fatores diferenciais da empresa.

“Eu acredito que o nosso modelo de negócios é o nosso principal diferencial. O mercado financeiro está ‘conhecendo’ melhor o setor, que não era tão acessível, não haviam tantas ações para investimento, mesmo sendo um setor que movimenta a economia do Brasil, um setor resiliente. Com isso, vejo a nossa combinação com a parte imobiliária sendo a nossa fortaleza, um ativo real que tem se valorizado em taxas expressivas nos últimos 15 anos”, diz.

Na visão de Ribeiro, a ação da empresa conta com uma volatilidade menor em relação a seus pares. “É um papel que traz segurança para quem quer investir com um retorno seguro, e a janela de oportunidade atual é excelente. Entendemos que a companhia negocia com desconto muito alto em relação ao preço de livro e nós estamos falando de agricultura e terra, ativos que contam com resiliência e tendência de alta nos próximos anos”, afirma.

Confira a entrevista na íntegra:

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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