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Braskem vê prolongamento de ciclo de baixa no setor petroquímico com briga EUA/China

08 ago 2019, 13:38 - atualizado em 08 ago 2019, 13:38
Braskem
Musa afirmou que o retorno das operações de cloro-soda em Alagoas depende de finalização de estudos para a cadeia de matéria-prima

O momento de pressão de margens de lucro no setor petroquímico deve se prolongar diante das incertezas sobre os efeitos da guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos contra a China, além de dificuldades próprias vividas pela indústria em regiões como América Latina e Europa, afirmou o presidente-executivo da Braskem (BRKM5), Fernando Musa, nesta quinta-feira.

A companhia, maior petroquímica da América Latina, divulgou na noite da véspera queda de 76% no lucro líquido do segundo trimestre sobre o mesmo período do ano passado, citando efeitos de desaceleração econômica na Europa e no México e bloqueio de recursos gerado por fenômeno de afundamento de solo em áreas de Maceió próximas a minas de sal operadas pela empresa até o início do ano.

“Os desafios são esses conjuntos de incertezas geopolíticas. Há um grau de incertezas sobre o impacto na economia mundial…Estamos prontos para uma retomada do ponto de vista estrutural, mas alguns projetos anunciados no setor, dependendo do que acontecer no curto prazo, podem ser postergados”, disse Musa em teleconferência com jornalistas.

“É uma visão típica de momento de baixa, com nuvens no horizonte sobre o crescimento econômico diante da disputa entre EUA e China”, afirmou o executivo.

As ações da Braskem exibiam queda de 2,2% às 12h55, enquanto o Ibovespa mostrava valorização de 0,9%.

Questionado sobre a situação em Alagoas, que gerou um bloqueio de 3,8 bilhões de reais em suas contas pela Justiça para garantir eventuais indenizações aos afetados pelo fenômeno geológico em Maceió, Musa afirmou que a Braskem tem como prioridade o retorno de suas operações no Estado “o mais rápido possível”.

A empresa parou mineração de sal-gema em Maceió em maio e com isso teve de paralisar fábricas de cloro-soda que produzem matéria-prima para uma unidade de produção de PVC instalada na capital alagoana. Musa afirmou que a operação de PVC segue ativa por meio de importação de matéria-prima, mas que esta desintegração da cadeia produtiva reduz a rentabilidade da operação em 30 milhões a 40 milhões de dólares por trimestre.

Segundo o executivo, conversas da Braskem com o governo de Sergipe, que convidou a empresa a se mudar de Alagoas para o Estado, ocorrem em contexto de identificação de alternativa de expansão das atividades da companhia na região “ou no caso do plano de voltamos a operar em Alagoas não frutificar e tivermos como opção produzir em outro lugar”.

Musa afirmou que o retorno das operações de cloro-soda em Alagoas depende de finalização de estudos para a cadeia de matéria-prima. A empresa estuda se o sal poderia ser trazido via caminhões de outras regiões não habitadas de Alagoas ou por meio de um “salmoroduto” duto a ser construído.

Apesar da opção rodoviária ser mais rápida de ser implantada, Musa afirmou que é “difícil imaginar que poderia ser implementada este ano…A solução mais provável seria uma retomada (das operações) ao longo de 2020”. Caso a Braskem opte pelo salmoroduto, o investimento seria “irrevalente” para a companhia, disse o executivo.

Sobre a expectativa para o crescimento da demanda por resinas no Brasil em 2019, Musa disse que a Braskem trabalha com um cenário de expansão de 3% a 3,5%. Ele comentou, porém, que o crescimento é diferente entre vários segmentos da economia, com construção civil ainda patinando e automotivo sofrendo pressão pela queda nas exportações de veículos para a Argentina. Por outro lado, “mercados de embalagens para consumo seguem crescendo razoavelmente bem”, afirmou o presidente da Braskem.

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