Mercados

Caio Mesquita: Dinheiro Louco

30 mar 2019, 17:41 - atualizado em 17 jun 2019, 15:31

Por Caio Mesquita, CEO da Acta Holding

Se existe alguém que representa o mercado de ações para o investidor pessoa física americano, esse alguém se chama Jim Cramer.

Cramer é o apresentador do programa Mad Money, transmitido diariamente pela CNBC logo depois do sino de encerramento da NYSE, a Bolsa de Valores de Nova York.

Entender o programa e o estilo de comunicação do seu apresentador é conhecer como os americanos se relacionam com o mundo dos investimentos e, especialmente, como experienciam o investimento em ações.

Desde que fundamos a Empiricus, lá em 2009, destacamos o formato do show e a linguagem de Cramer como algo a ser perseguido por nós. Pensamos na Empiricus como um veículo para as pessoas se relacionarem diretamente com investimentos, livres dos conflitos e formalidades inerentes às recomendações da indústria financeira tradicional. Jim simbolizava, e ainda simboliza, o modo almejado por nós para comunicar ideais de investimento às pessoas.

Aos que não conhecem, resumo o formato do programa.

Espécie de cruzamento entre Buzina do Chacrinha, show de stand-up e mesa redonda esportiva, Mad Money cobre o que há de mais quente no mercado de capitais americano, além de dar uns pitacos em papéis de outros países.

Munido de um painel de botões que ativam efeitos sonoros, Cramer dispara opiniões e recomendações de compra (ou de venda) enquanto interage com ligações ao vivo e a plateia. Ele é ágil, mordaz, ferino e coloca a audiência de centenas de milhares de pessoas dentro do “trading floor” da Bolsa de Nova York.

O impacto do programa na cultura popular americana é tamanho que ele se tornou figura frequente em filmes de Hollywood. Quando as decisões do Homem de Ferro provocaram a fúria do mercado, foi Jim Cramer quem jogou as ações da Stark Industries no lixo, sua metáfora para vender os papéis.

A trajetória de Jim Cramer demonstra que ele é o homem certo para esse trabalho. Graduado com honras por Harvard, Cramer iniciou sua carreira como jornalista, atuando como repórter policial para diversos jornais regionais. Acabou interessando-se por temas jurídicos e resolveu fazer mestrado em Direito (nos EUA, advogados são formados na pós-graduação), novamente em Harvard. Lá, tornou-se assistente do renomado professor Alan Dershowitz, um dos maiores criminalistas americanos.

Após a conclusão do mestrado, Cramer colocou o diploma de Harvard na gaveta e resolveu se dedicar a sua paixão da juventude, investimentos. Conseguiu um trabalho de broker na Goldman Sachs, de onde saiu após três anos para lançar o seu próprio hedge fund.

A performance do fundo dá uma prova do talento de Cramer. Em 14 anos de funcionamento, ele gerou retornos médios de 24 por cento ao ano. Em 2001, aos 46, Jim Cramer se aposentou do mercado financeiro, rico e realizado. Antes disso, porém, fundou a TheStreet, publicadora de conteúdos financeiros e concorrente dos nossos sócios americanos, o Grupo Agora.

Em março de 2005, Cramer lançou o programa Mad Money na CNBC, e o resto você já sabe.

O segredo da longevidade do show está na conexão que Jim Cramer estabelece com sua audiência. Desprovido de conflitos de interesse, pois não tem ligação com o mercado de capitais, Jim apresenta livremente suas recomendações, desmistificando o mercado de ações.

Além disso, o formato do programa é ideal para a mente frenética de Cramer demonstrar como pensam investidores profissionais sofisticados, mas dentro de uma linguagem televisiva acessível.

Será que um dia teremos audiência no Brasil para um programa nos mesmos moldes?

Certamente, precisaremos de mais de 1 milhão de CPFs na B3 para viabilizá-lo.

Fique agora com os destaques da semana.

Um abraço e boa leitura! Caio Mesquita

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