Economia

Caos no mercado: Galípolo responde se Selic pode aumentar para ‘conter’ prêmio de risco com pacote fiscal

28 nov 2024, 21:05 - atualizado em 28 nov 2024, 21:12
Gabriel Galípolo
(Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

O caos nos mercados gerado pelo pacote fiscal do governo, que também anunciou isenção de Imposto de Renda para quem possui salário de R$ 5 mil, acendeu alerta para economistas, que já preveem uma taxa básica de juros mais alta para reancorar as expectativas. A curva futura dos juros, por exemplo, já precifica uma Selic de 14%.

Em evento do grupo Esfera, que reúne empresários, Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC e futuro presidente da instituição, foi questionado se o Copom, de fato, poderia aumentar a intensidade dos juros para conter esse ‘prêmio de risco’. Porém, Galípolo desconversou.

Na resposta, o diretor deixou claro que o BC olha sempre a “inflação“. 

“Todas as outras variáveis, elas entram na análise a partir do momento de que elas podem impactar, elas têm algum tipo de canal de transmissão para a inflação corrente e para a inflação no horizonte que nós estamos olhando”, disse.

Ele diz que a leitura que o Banco Central vai fazer sempre sobre o fiscal é de que maneira “ele e a leitura que o mercado pode ter do fiscal reflete nos preços dos ativos, impacta as expectativas de inflação e a inflação corrente”.

Afirma ainda que, geralmente, os prêmios de risco, que estão associados mais à questão fiscal, tendem a pegar na parte longa. “Estão menos associados à política monetária direta e de curto prazo”. 

Galípolo reforçou ainda que o compromisso é com a busca do centro da meta de inflação, de 3%.

O IPCA, principal termômetro para a inflação, subiu 0,62% em novembro e já acumula alta de 4,35%. O número veio acima das expectativas do mercado. As projeções apontavam para um avanço mensal de 0,48% e anual de 4,62%, segundo o Investing.com.

“Estamos todos no Banco Central muito incomodados com a desancoragem de expectativas”, afirmou em outro momento. “Não vamos nos afastar nem um milímetro do nosso mandato, que é a persecução da meta de inflação”.

JPMorgan já vê taxa terminal de 14,25%

Apesar disso, o JPMorgan previu nesta quinta-feira que o Comitê de Política Monetária elevará a taxa básica de juros em 1 ponto percentual na sua reunião de 10 e 11 de dezembro e aumentou sua projeção da Selic ao fim do atual ciclo de alta de 13% para 14,25%, ao diagnosticar um aprofundamento do conflito entre a política fiscal e a política monetária após o anúncio do pacote fiscal do governo.

“Apesar do elevado grau de incerteza sobre a evolução da política monetária no curto prazo, uma abordagem monetária mais gradual neste momento poderia reforçar a deterioração das expectativas de inflação num contexto de riscos internos e externos.”

No início deste mês, após o Copom elevar os juros em 0,50 ponto percentual para 11,25%, o JPMorgan previa que o BC manteria um ritmo de altas de 0,50 ponto percentual por reunião até março.

O JPMorgan avaliou agora que a economia gerada pelo pacote deve ficar bem abaixo das estimativas “otimistas” do governo, chegando a aproximadamente 15 bilhões de reais em 2025, ante projeções de 30,6 bilhões de reais da área econômica.

Com Reuters

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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