CEO da Petz (PETZ3) defende que fusão com Cobasi reduzirá preços e nega risco concorrencial
Após mais de um ano desde o anúncio da fusão, a Petz (PETZ3) e a Cobasi conseguiram aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para seguir com a combinação dos negócios, ainda que com algumas condições. Mesmo sem um resultado completamente dentro do esperado, as companhias estão confortáveis com os “remédios” aplicados pelo órgão antitruste, segundo o CEO da Petz, Sergio Zimerman.
O Acordo em Controle de Concentração (ACC) firmado com o Cade prevê a venda de 26 lojas no estado de São Paulo. De acordo com fato relevante da Petz, essas lojas representaram 3,3% do faturamento da companhia combinada nos últimos 12 meses.
Em entrevista ao Money Times, o executivo afirmou que não havia necessidade de restrição para que a fusão passasse. Segundo ele, já existe um grande espaço para a concorrência.
“Nós lutamos bastante pela manutenção da decisão da Superintendência, que foi uma aprovação sem remédio, porque entendemos que não existe nenhum tipo de risco concorrencial. Os marketplaces fazem sombra o suficiente para impedir qualquer aumento de preço”, disse Zimerman.
A intenção de combinar os negócios foi anunciada pela Petz e a Cobasi em abril de 2024. O processo passou por um longo período de estudo e análise dos aspectos concorrenciais, tendo a Petlove como terceira parte interessada — que se posicionou fortemente contra a fusão.
Zimerman afirma que a tese da concorrente de que a companhia combinada visava aumentar preços em 15% e questões sobre abandonos de animais é “absurda”, mas reconhece que, de alguma maneira, levantaram pontos de preocupação em alguns conselheiros do Cade.
“Na reta final, acabamos concordando em entrar em alguma negociação de remédios, que foram aceitáveis. Não foram remédios punitivos. Até porque, se o fossem, não haveria fusão”, disse o CEO.
Fusão fará pressão, mas não esmaga concorrência
Sergio Zimerman afirma que a nova empresa combinada irá, sim, pressionar o mercado, e que sempre houve transparência em relação a isso nas conversas com o Cade. No entanto, o CEO rejeita a ideia de que a nova companhia irá “esmagar” nomes menores do setor, uma vez que detém apenas 10% do mercado.
“Ora se falava que estávamos nos juntando para aumentar preços e ora se falava que a gente ia esmagar o pequeno porque a gente ia baixar preços. As próprias petições da Petlove oscilavam entre as duas coisas. Mas esses dois aspectos não combinam”, coloca o executivo.
“Nossa participação é muito menor do que fazem crer. Mas é evidente que estamos nos juntando para melhorar essa participação, sair de 10% para algo melhor do que isso. Ao fazer isso, há uma pressão competitiva mesmo”, completa.
Os “remédios” do Cade
Além da condição de vendas de lojas, a aprovação da fusão prevê um pacote comportamental, que não foi detalhado em comunicado ao mercado. Segundo o CEO da Petz, essas outras medidas estão voltadas para a esfera comportamental e “são bem corretas”.
Para ele, a medida mais “dura” é a venda das 26 lojas, sendo que as demais consistem em cláusulas que protegem os compradores dessas lojas, a fim de evitar concorrência desleal.
“Eu diria que [os demais remédios] foram na direção de preservar um negócio saudável para quem compra essas 26 lojas, coisa que a gente foi absolutamente de acordo. É comportamental no sentido de não usarmos nosso poder de compra pra inibir condições de fornecimento para o restante do mercado, coisa a que também somos absolutamente favoráveis”, diz.
Sobre o cenário competitivo, Zimerman destaca que, nos últimos dois anos, houve um aumento da pressão competitiva, sobretudo vinda de marketplaces — como Mercado Livre, Amazon e Shopee — e de redes regionais, e a fusão visa reduzir custos para que a nova companhia possa responder da melhor forma possível a essa pressão.
Os próximos passos de Petz-Cobasi
A conclusão da operação está prevista para o dia 2 de janeiro de 2026. A Petz se tornará uma subsidiária integral da Cobasi, e as bases acionárias de ambas serão unificadas.
As empresas detalharam que, na data estimada para o fechamento, a operação irá contar com diversas etapas, já aprovadas em assembleias. Entre elas, está o aumento do capital social da subsidiária Cobasi Investimentos; incorporação da totalidade das ações da Petz pela subsidiária; resgate de ações preferenciais; e a incorporação a Cobasi Investimentos pela Cobasi.
Com a operação para a fusão finalizada, as ações da Petz deixarão de ser negociadas na B3, e as novas ações Cobasi, com um novo ticker, serão negociadas a partir do dia 5 de janeiro de 2026.
O novo ticker ainda será divulgado pela companhia.
De acordo com Sergio Zimerman, o primeiro ano é de adaptação e de colocar a nova casa em ordem. Apesar do objetivo de captura de sinergias e redução de custos, alguns ajustes muitas vezes até elevam custos.
“Eu diria que esse primeiro ano será muito intenso de ter alinhamento. Na minha nova posição no conselho, da posição do Paulo Nassar [atual CEO da Cobasi] como CEO das duas empresas”, diz.
Ele destaca que não é do dia para a noite que todos os aspectos inerentes à fusão e alinhamento dos negócios ocorrem e prevê que em meados de 2027 o processo esteja concluído.
Questionado sobre o cenário macroeconômico e o impacto na combinação dos negócios, ele afirma que não tem interferência direta na fusão, mas influencia no desempenho da empresa e do varejo como um todo.
Apesar do atual cenário com uma taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, Zimerman tem uma visão positiva para 2026, tendo em vista a injeção de dinheiro no consumo impulsionada pela isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e a expectativa de um início do corte de juros no ano que vem.